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Lei Afonso Arinos para Veja

Abaixo, título, linha fina e o lide de reportagem (?) da revista Veja sobre o bate boca no Supremo Tribunal Federal:

O DIA DE ÍNDIO DE JOAQUIM BARBOSA

A descompostura quase provoca uma crise institucional no STF por causa do destempero de Joaquim Barbosa – justo ele, um ministro símbolo de coragem, cultura, inteligência e elegância

Em 200 anos de existência, o Supremo Tribunal Federal (STF) nunca testemunhara uma explosão de temperamento tão perturbadora. Na semana passada, durante uma rude discussão sobre a aposentadoria de servidores do Paraná, o ministro Joaquim Barbosa atacou o presidente Gilmar Mendes com uma série de acusações sem fundamento que ele leu em algum panfleto partidário. Joaquim Barbosa, culto, elegante, inteligente e corajoso relator do processo do mensalão, teve seu "dia de índio" – aquele costume civilizadíssimo de certas tribos do Xingu que concede a cada guerreiro um dia por ano em que ele pode gritar e ofender quem quiser sem sofrer retaliações.

Os leitores do blog com conhecimentos sólidos de Direito poderiam esclarecer: cabe a aplicação da Lei Afonso Arinos ao autor da matéria? Ok, o departamento jurídico da revista deve ter analisado o caso, mas que há no mínimo insinuação de racismo parece não haver muita dúvida.

Comentários

  1. Eu sabia que a Veja teria de rebolar para atacar o herói do mensalão...

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  2. Luis, essa parte foi sacanagem da veja...
    "uma série de acusações sem fundamento que ele leu em algum panfleto partidário"
    A veja é a ultima publicação que esparava ver estas linhas...

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  3. Na verdade, A Veja, assim como outros órgãos, ficou furiosa mesmo foi com o fato de o ministro Barbosa ter falado que o presidente do Supremo estava na mídia, não nas ruas. Noutras palavras, Joaquim Barbosa deu a entender que estar nas ruas é algo melhor do que estar na mídia. Imagina só! Isso até subverte algo que está no imaginário brasileiro, que sempre associa a rua com coisa ruim. Mas, depois de Barbosa, a mídia, ela sim, é que deve ser incluída naquilo que temos de pior. A "reportagem" da Veja apenas o confirma.

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