Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista
Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar.
O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no período de chumbo, juntando a fina flor da intelectualidade nacional, gente como Millôr Fernandes, Ziraldo, Claudius, Fortuna, Henfil, Luiz Carlos Maciel, Paulo Francis e o diretor de arte Carlos Prósperi. O sucesso está nos números: dos 12 mil exemplares iniciais, o jornal passou a 200 mil por semana em apenas cinco meses. Como diria o ex-presidente Lula, figura que Tarso não admirava, nunca antes neste país.
O livro, no fundo, é um resumo, porque a vida de Tarso, embora curta, é repleta de histórias de peso. Em todos os aspectos, não apenas na brilhante carreira profissional. A relação com álcool, por exemplo, é de certa maneira atenuada pelo autor. Tarso foi um alcóolatra pesado, daqueles que bebem o dia todo e não ficam bêbado, ou não manifestam sintomas. Forte para o esporte, diriam alguns.
E a vida pessoal do jornalista é muito interessante e divertida. Tarso era monoglota e ainda assim conquistou Candice Bergen, atriz norte-americana lindíssima que ilustra a foto ao lado. Há várias versões sobre como se deu a conquista, mas o fato é que ela não falava patavinas de português e ainda assim teve um tórrido romance com o gaúcho. Coisa de pele, talvez.
Tarso, vale ressaltar, era casado com Bárbara Oppenheimer, também linda, parente distante de Robert Oppenheimer, o criador da bomba atômica. Outros tempos, ela tolerava as escapulidas do marido, pai do ator João Vicente de Castro, com outra mulher, Gilda Midani. E a lista era longa, incluiu até Roberta Close, transexual muito famosa na década de 80 do século passado.
Na Folha, Tarso criou o Folhetim, caderno de debates que encantou o filho do então dono do jornal, também já falecido, precocemente, Otavio Frias Filho. Frias pai, por sinal, adorava Tarso e perdoava todos os excessos que ele cometia. Assim como OFF, apelido de Otavio, que levou o primeiro selinho de que se tem notícia. Hebe Camargo foi apenas uma imitadora...
Tarso de Castro foi, ao longo de seus 49 anos bem vividos, um homem intenso. O que o define, se é que há algo que possa defini-lo, talvez seja a palavra inquietude. Eterna e renovada. Ou paixão. Pelo filho, que criou sozinho, pelas mulheres que amou, pelas causas que defendeu – o bom combate -, pelo Brasil. Faz falta no atual cenário, muita falta, mas viveu seu tempo, como lembra o Eclesiastes. Aliás, Feliz Natal a todos e todas, que Tarso de Castro nos inspire. Por Luiz Antonio Magalhães em 20/12/2019.
Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar.
O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no período de chumbo, juntando a fina flor da intelectualidade nacional, gente como Millôr Fernandes, Ziraldo, Claudius, Fortuna, Henfil, Luiz Carlos Maciel, Paulo Francis e o diretor de arte Carlos Prósperi. O sucesso está nos números: dos 12 mil exemplares iniciais, o jornal passou a 200 mil por semana em apenas cinco meses. Como diria o ex-presidente Lula, figura que Tarso não admirava, nunca antes neste país.
O livro, no fundo, é um resumo, porque a vida de Tarso, embora curta, é repleta de histórias de peso. Em todos os aspectos, não apenas na brilhante carreira profissional. A relação com álcool, por exemplo, é de certa maneira atenuada pelo autor. Tarso foi um alcóolatra pesado, daqueles que bebem o dia todo e não ficam bêbado, ou não manifestam sintomas. Forte para o esporte, diriam alguns.
E a vida pessoal do jornalista é muito interessante e divertida. Tarso era monoglota e ainda assim conquistou Candice Bergen, atriz norte-americana lindíssima que ilustra a foto ao lado. Há várias versões sobre como se deu a conquista, mas o fato é que ela não falava patavinas de português e ainda assim teve um tórrido romance com o gaúcho. Coisa de pele, talvez.
Tarso, vale ressaltar, era casado com Bárbara Oppenheimer, também linda, parente distante de Robert Oppenheimer, o criador da bomba atômica. Outros tempos, ela tolerava as escapulidas do marido, pai do ator João Vicente de Castro, com outra mulher, Gilda Midani. E a lista era longa, incluiu até Roberta Close, transexual muito famosa na década de 80 do século passado.
Na Folha, Tarso criou o Folhetim, caderno de debates que encantou o filho do então dono do jornal, também já falecido, precocemente, Otavio Frias Filho. Frias pai, por sinal, adorava Tarso e perdoava todos os excessos que ele cometia. Assim como OFF, apelido de Otavio, que levou o primeiro selinho de que se tem notícia. Hebe Camargo foi apenas uma imitadora...
Tarso de Castro foi, ao longo de seus 49 anos bem vividos, um homem intenso. O que o define, se é que há algo que possa defini-lo, talvez seja a palavra inquietude. Eterna e renovada. Ou paixão. Pelo filho, que criou sozinho, pelas mulheres que amou, pelas causas que defendeu – o bom combate -, pelo Brasil. Faz falta no atual cenário, muita falta, mas viveu seu tempo, como lembra o Eclesiastes. Aliás, Feliz Natal a todos e todas, que Tarso de Castro nos inspire. Por Luiz Antonio Magalhães em 20/12/2019.
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