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Much ado about nothing

Muito barulho por nada, na tradução em português: duas páginas no caderno mais nobre do jornal para a suposta participação da ministra Dilma Rousseff em um sequestro que jamais aconteceu, fato este negado pela "acusada", parece um pouco exagerado, ou não? É o que traz a Folha de S. Paulo deste domingo: o relato da história, confirmada por uma única fonte, do suposto plano para sequestrar o então ministro Delfim Netto. É muita letrinha para um negócio que jamais aconteceu. Mas Dilma é candidata e, como diria Vicente Matheus, quem está na chuva é prá se queimar... Da cartola da mídia ainda vai sair muito coelho contra a candidata do presidente Lula.

Comentários

  1. Trecho da reportagem na FSP:
    "FOLHA - A sra. faz algum mea-culpa pela opção pela guerrilha?
    DILMA - Não. Por quê? Isso não é ato de confissão, não é religioso. Eu mudei. Não tenho a mesma cabeça que tinha. Seria estranho que tivesse a mesma cabeça. Seria até caso patológico. As pessoas mudam na vida, todos nós. Não mudei de lado não, isso é um orgulho. Mudei de métodos, de visão. Inclusive, por causa daquilo, eu entendi muito mais coisas.

    FOLHA - Como o quê?
    DILMA - O valor da democracia, por exemplo. Por causa daquilo, eu entendi os processos absolutamente perversos. A tortura é um ato perverso. Tem um componente da tortura que é o que fizeram com aqueles meninos, os arrependidos, que iam para a televisão. Além da tortura, você tira a honra da pessoa. Acho que fizeram muito isso no Brasil. Por isso, minha filha, esse seu jornal não pode chamar a ditadura de ditabranda, viu? Não pode, não. Você não sabe o que é a quantidade de secreção que sai de um ser humano quando ele apanha e é torturado. Porque essa quantidade de líquidos que nós temos, o sangue, a urina e as fezes aparecem na sua forma mais humana. Não dá para chamar isso de ditabranda, não."

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