Pular para o conteúdo principal

Lei de Imprensa em julgamento

Pelo andar da carruagem, a Lei de Imprensa deve ser extinta, pelo menos parcialmente. O julgamento está ocorrendo agora no Sumpremo Tribunal Federal. Pode ser que os ministros decidam também sobre a questão da obrigatoriedade do diploma para o exercício de jornalismo. Os leitores fiéis deste blog sabem a opinião do autor, que pode ser lida em vários comentários antigos, como este e este. Se prevalecer o bom senso, o STF acaba com esta absurda reserva de mercado que existe no Brasil. Jornalismo, como tantas outras profissões, não carece de nenhum deproma para ser exercido. Basta ser alfabetizado e contar com algum talento para a coisa. Por aqui a torcida é para que o Supremo estabeleça o fim da obrigatoriedade em seu sentido mais amplo, ou seja, que não haja exigência alguma de diploma. Jornalistas espetaculares não completaram nem mesmo o antigo ensino secundário, como Alberto Dines, para ficar em um exemplo paradigmático. Porém, se o STF entender que é preciso de algum diploma de curso superior, vá lá, já melhora bem a coisa. Por que historiadores, cientistas sociais, médicos ou mesmo publicitários não poderiam exercer a profissão de jornalista é uma coisa que só o corporativismo da Fenaj explica. Aliás, não explica. Vamos ver se os ministros votam com seriedade e acabam com mais este ranço de um Brasil arcaico.

Comentários

  1. Por que Tiradentes tinha esse nome? Era cirurgião dentista formado? Não, mas na época era simples arrancar um dente, fazer circuncisão, sangrias e aplicar sanguessugas.

    Isso é o nivelamento por baixo. Os exemplos citados em outro post tem mais anos de carreira do q eu de vida e são jornalistas antes de existir curso de jornalismo. Botar jornalistas profissionais no mesmo patamar de blogueiros de pijama q moram na casa da mamãe é absurdo. E a maioria dos blogs se pauta opinativamente em relação às matérias de redação.

    Não sou jornalista, sou radialista. Qualquer zé pode fazer o q eu faço, mas não sabe pq faz ou se deve fazer. Diploma acadêmico significa q vc estudou, pesquisou, se tornou cientista da sua área, mesmo q não pesquise em tempo integral.

    Quer reserva de mercado? Crie técnicos de jornalismo ou técnicos de redação ou repórter-técnico ou o termo q quiser, pq na minha área, qualquer zé pode fazer SENAC e ter a mesma qualificação q eu. A estrutura de formação do profissional de comunicação está errada, concordo e faço coro. Mas simplesmente nivelar por baixo e abandonar o profissionalismo é uma atitude cômoda só pra quem já está estabelecido na carreira, tem renome e "círculo de amizades".

    Daqui a pouco, vamos questionar o diploma de História, Administração, Geografia e todos os cursos de Humanas pq "é só ler um monte (sic) de livros e sair pro trabalho".

    Se vai ser assim, vai ser pra todo mundo...

    ResponderExcluir
  2. Juca, radialista que é, você deveria ser o primeiro a comemorar a queda da exigência do diploma de jornalismo. Somos nós (sim, porque eu também sou radialista) alguns dos mais diretamente prejudicados pela reserva de mercado proporcionada pelos sindicalistas de carteirinha que nem sequer sabem argumentar, só defender posições pré-estabelecidas como se fossem um mantra.

    Como radialista, você deve saber bem que nós não podemos ser jornalistas, mas eles podem ser editores de vídeo (ou mesmo "tomar nossos lugares " como redatores ou qualquer outra função designada a radialistas de formação). Mas não acho que deve ser na base do olho por olho, e sim na base do bom senso. Somos todos comunicadores, o que significa que temos a mesma formação básica, mas diferentes especificações, o que não impede um de trabalhar no campo do outro se tiver talento pra coisa.

    E novamente, os jornalistas podem ser blogueiros, mas blogueiros não podem ser jornalistas (ó lá a reserva de novo)? Não me refiro aos "bloqueiros de pijama", mas gente que tem muito talento e ciência, e oportunidade zero porque não quis pagar 4 anos em alguma UniDuniTê da vida pra sair com o tal do diploma de jornalista, apesar de ter um diploma de comunicação ou mesmo em outra área. Perdi as contas de quantos jornalistas pífios conheci, que nem sequer sabiam escrever, mas tinham o diploma (é, eu sou revisora de texto, tinha de reler tudo o que eles escreviam há alguns anos).

    Logo, isso tudo é relativo. Quem for bom vai ficar, os bons cursos vão permanecer, e espero ver todos estes "assessores de imprensa escritores de release" e "jabazeiros especialistas em carteirada" caírem por terra.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue...

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...