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Mostrando postagens de dezembro, 2007

Feliz 2008 e obrigado pela audiência

As estatísticas de acesso ao blog informam que dezembro de 2007 está fechando com o dobro da audiência do último mês do ano passado. O autor destas Entrelinhas agradece pela companhia e deseja aos leitores um excelente 2008. Será um ano interessante, com eleições nos EUA e no Brasil e uma grande incógnita a respeito do que vai ocorrer na economia mundial. Para os leitores do blog, segue abaixo o artigo semanal para o Correio da Cidadania , um rápido balanço, bastante incompleto, do que de importante ocorreu em 2007. Tenham todos uma ótima virada de ano, com muita alegria, saúde e paz. 2007: economia sustenta o governo Lula O ano de 2007 foi extremamente positivo para o Brasil, se o olhar do analista se dirigir à economia nacional. O resultado final do crescimento do Produto Interno Bruto do país ainda não saiu, mas as estimativas mais pessimistas já são de algo em torno de 5% em relação a 2006, podendo ser até maior. A taxa de juros básica (Selic) ainda é muito alta, mas é a men

Wagner Iglecias: Feliz Aniversário, feliz ano novo!

Na última colaboração do ano, o professor Wagner Iglecias brinda os leitores deste blog com uma crônica bem divertida e atual. A seguir, a íntegra do artigo: Meu amigo Zé Paulo completa 45 anos neste 31 de dezembro. Quarenta e cinco. Hora em que qualquer um inevitavelmente olha para frente, e vê que o tempo vai encurtando. E hora em que também se olha para trás, afinal já há uma boa estrada percorrida e já há um monte de coisas do que se recordar. Zé Paulo sempre foi de esquerda, sempre foi um idealista. Sonhou a vida toda com um Brasil mais democrático e sobretudo mais justo. Era adolescente no anos de chumbo, mas foi ali, nos anos setenta, que formou sua consciência política. Desde sempre a favor dos menos favorecidos. Na juventude tinha certa admiração pelo comunismo soviético, apesar de achar os líderes da URSS um tanto sombrios. Ambicionava conhecer Moscou e os países da Cortina de Ferro. Encantava-se com o socialismo exótico plantado em plena Cuba e tinha uma ponta de des

A culpa de Lula e as mortes nas estradas

O Natal de 2007 já é passado – segundo os lojistas, o melhor dos últimos 10 anos, do ponto de vista das vendas, obviamente – e os jornais chegam às bancas e casas dos assinantes magrinhos, com pouca notícia. O incêndio no Hospital das Clínicas, em São Paulo, rendeu boas fotos nos dois diários paulistas e os acidentes nas estradas também foram bastante explorados em função do "aumento recorde" deste tipo de tragédia. Sobre o incêndio, há pouco a comentar e desde já o blog garante que não foi culpa do governador José Serra (PSDB), embora alguns digam que ele é tão azarado que nem no Natal consegue alguns momentos de paz... Sobre o aumento das mortes nas estradas, porém, vale a pena ler o comentário reproduzido abaixo, do jornalista Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa . Este blog concorda com o argumentos e arremata: a culpa, neste caso, é mesmo do presidente Lula, como os jornalões marotamente insinuam, mas não pelas razões que eles apresentam. A culpa é de Lula

Um duelo improvável

O que vai abaixo é o artigo semanal do autor destas Entrelinhas para o Shopping News, encarte do DCI que circula às sextas-feiras. Em primeira mão para os leitores do blog. O ano de 2007 vai chegando ao final e os políticos brasileiros já estão pensand o no que de mais importante acontecerá no país em 2008: as eleições municipais, que mais uma vez servirão de prévia para a disputa que de fato importa, dois anos depois, em 2010, quando o Brasil poderá ter a primeira eleição presidencial sem a presença de Lula desde a redemocratização. O voto de mais de 100 milhões de eleitores no ano que vem servirá para que a classe política avalie com mais precisão o humor dos brasileiros e comece a se preparar para 2010. É bem verdade que nem sempre o resultado das urnas do pleito municipal se reflete nas eleições gerais seguintes. Em 2004, por exemplo, quando Marta Suplicy (PT) perdeu para José Serra (PSDB) o comando da capital paulista, muita gente dizia que o tucano seria imbatível na corrida pres

Jornalismo e (falta de) sensibilidade

Vale a pena ler o comentário abaixo, do jornalista Luiz Weis, no blog Verbo Solto : Uma atrocidade e duas notícias A banalidade do mal é um problema para a imprensa. Se o homicídio fosse uma raridade, cada caso seria manchete. Em São Paulo, faz pouco, houve um dia sem uma única morte violenta. Foi notícia. Agora, para virar notícia de chamar a atenção, um crime precisa ser distinto – literalmente. Essa, pelo menos, é a lógica do jornalismo “que vende”. Por esse critério, violência polícial é notícia velha. Que pode haver de essencialmente novo na história de um adolescente preso por suspeita de roubo e que aparece morto – a choques elétricos? Nada, deve ter raciocinado quem decidiu reduzir a 11 linhetas, na seção de pirulitos Pelas Cidades, do Estado de hoje, a história de Carlos Rodrigues Júnior, 15 anos, morto pela PM na madrugada de sábado, em Bauru, no interior paulista. Mas a repetição dos horrores do gênero não embotou a sensibilidade dos editores da Folha, que deram meia página

São Serra e o apóstolo Mauro Ricardo

Este blog estava deixando passar a excelente nota do ombudsman da Folha de S. Paulo , Mário Magalhães, sobre o tratamento dispensado pelo jornal ao secretário da Fazenda do governo Serra, Mauro Ricardo Machado Costa na semana passada. A nota saiu dia 13 e se refere a uma entrevista publicada no dia anterior. Conforme atesta o ombudsman, a Folha de S. Serra dispensou ao secretário o tratamento de apóstolo. Faz sentido. Serra, o investidor Seguem anotações sobre a reportagem da capa de ontem de Dinheiro, "Serra prevê investir R$ 41,5 bi até 2010", e seu complemento, "Governo Lula poderia ajudar mais, diz SP" (pág. B6 de ontem): 1) O jornal não informa qual seria a origem do montante. Regra elementar na cobertura da administração pública e de campanhas eleitorais é indagar "de onde vem o dinheiro". O secretário da Fazenda se pronuncia apenas sobre a fonte de parcela do investimento prometido. 2) A gestão anterior em São Paulo foi "Alckmin-Lembo", re

Como manipular uma notícia

Manchete do UOL na manhã desta segunda-feira: Vendas no varejo do país têm primeira queda do ano O que diz o lide da reportagem: As vendas do comércio varejista brasileiro declinaram 0,2% em outubro ante setembro, registrando a primeira taxa negativa do ano, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta segunda-feira. Na comparação com outubro do ano passado, as vendas no varejo brasileiro avançaram 9,6%. A chamada do UOL para a tal "primeira queda do ano" é uma bobagem, uma vez que outubro foi um mês com praticamente três feriados e muito menos dias úteis do que setembro. Tanto a tal queda é um ponto fora da curva que a comparação com outubro do ano anterior as vendas no varejo avançaram quase 10%. Em geral, para se medir o que ocorre na economia, a comparação usada é a com o ano anterior. Mas se a idéia é deixar o governo mal na fita, como dizem os jovens, aí o melhor é sempre pegar o número que se encaixe melhor à tese que se quer provar. Jornal

Reprovação ao governo Kassab
sobe, Geraldo Alckmin comemora

A pesquisa divulgada hoje na Folha de S. Paulo na qual o instituto do jornal verificou o crescimento da rejeição ao governo do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), é mais uma boa notícia para o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). A cada dia que passa fica mais difícil para o tucano evitar a disputa eleitoral no ano que vem, tamanhas são as chances de sucesso, tanto contra a ministra Marta Suplicy (PT) quanto contra o prefeito Kassab. Com Alckmin na disputa, perde o governador José Serra, partidário de uma aliança em torno de Kassab, e cordial inimigo de Alckmin no PSDB. No fundo, vai ser interessante acompanhar a campanha eleitoral do ano que vem se Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab de fato se enfrentarem, o que está se tornando o cenário mais provável. Ainda mais porque o eleitorado de esquerda da capital certamente procurará um candidato alternativo, é difícil imaginar um segundo turno entre dois conservadores, o que deve trazer ainda mais emoção à disputa.

Crônica de uma derrota anunciada

O que vai abaixo é o artigo do autor destas Entrelinhas para o Shopping News, encarte do DCI que circula às sextas-feiras. Em primeira mão para os leitores do blog: O governo federal sofreu nesta semana a sua maior derrota neste ano em votações no Congresso Nacional. Na madrugada de quinta-feira, os senadores derrubaram a emenda que prorrogaria até 2011 o imposto do cheque. De nada adiantou a malandra proposta do governo, apresentada no último minuto do segundo tempo, contendo concessões ao PSDB, nem tampouco a tentativa do senador Pedro Simon (PMDB-RS) de ganhar mais algumas horas para a negociação da matéria: na soma geral, os articuladores políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva só conseguiram mesmo 46 votos (o presidente do Senado, governista, não votou). Na verdade, o que se viu ontem foi um festival de incompetência da parte do governo. Pelo menos 4 dos 13 senadores tucanos gostariam de votar pela prorrogação da CPMF, pressionados pelos governadores José Serra e Aécio

FHC manda, Arthur Virgílio obedece

O senador tucano Arthur Virgílio (AM) está tendo papel fundamental na tramitação da Emenda que prorroga a CPMF. Se não fosse ele, os governadores José Serra e Aécio Neves já teriam conseguuido convencer metade da bancada a votar pela prorrogação do imposto do cheque. A postura belicista de Virgílio tem nome e sobrenome: Fernando Henrique Cardoso. Virgílio mesmo, coitado, não passa de um fantoche. Quem está no comando da operação é o ex-presidente, hoje um adepto incondicional do "quanto pior, melhor" para o governo Lula.

Jorge Rodini: o surfista Lula

Em mais uma colaboração para o blog, Jorge Rodini, diretor do instituto Engrácia Garcia de pesquisas, dá um rápido pitaco sobre a pesquisa divulgada hoje pela CNI e realizada pelo Ibope, que aponta um aumento na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que atingiu o maior nível de 2007. Ou seja, o que já era alto ficou enorme. Leia a seguir a análise de Rodini: Com a divulgação de mais uma pesquisa CNI/Ibope fica evidente a facilidade com que Lula surfa nas ondas de sua popularidade. O presidente usa parafina para manter a prancha de seu governo embicada e ágil. Seu pífio ministério, com honrosas exceções, abriga até um aloprado. Lula usa e abusa de frases de efeito, com defeitos que só a mídia enxerga, mas não propaga. Em seu caminho terceiro-mandatista, Lula não tem quem o contraponha.Seus adversários se esgoelam para evitar a prorrogação da CPMF, mas se deixam manipular de maneira até amadora. A aprovação de Lula é o sim de quem nada tinha. E também de quem não tem

Da série "esqueçam o que escrevi"

A nota abaixo saiu na Folha de S. Paulo de hoje. O jornalista é bom, mas as fontes não ajudaram... O mercado errou e uma diferença dos 4,8%, na melhor das hipóteses de crescimento reportadas por Guilherme Barros, para os 5,7% realmente apurados pelo IBGE vai uma enormidade. Ademais, com o resultado divulgado hoje o Brasil já está bem mais próximo de um crescimento anual de 6% em 2007 do que "algo próximo a 5%", como escreveu o colunista da Folha . A seguir, a nota que Barros publicou: Mercado Aberto GUILHERME BARROS O PIB do terceiro trimestre, a ser divulgado hoje pelo IBGE, manteve a aceleração do segundo trimestre e deve ter crescido entre 4,4% e 4,8% em relação a 2006, segundo projeções do mercado. Já em relação ao segundo trimestre, o PIB deve ter se expandido entre 1,1% a 1,4%. Esses números reforçam a tese do governo de que o país deve crescer mesmo este ano algo próximo a 5% . A expectativa é que o quarto trimestre deva vir ainda mais forte do que o terceiro, princ

PIB cresce 5,7% e aprovação a Lula sobe

Esta notícia: " Economia PIB no 3º trimestre cresce 5,7% em relação a 2006 " explica esta outra: " Avaliação positiva do governo Lula sobe três pontos e é a maior do ano ". Os dois links são de matérias que estão na capa do UOL. No caso do PIB de 2007, a manchete não informa, mas foi o maior crescimento desde 2004. A relação entre os fatos é tão óbvia que dispensa comentários.

Acordo entre Temporão e Serra pode
garantir a aprovação do imposto do cheque

O dia D da prorrogação da CPMF pode ser mais fácil para o governo do que muita gente imagina. Se os tucanos toparem os termos acordados entre o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), a emenda que posterga até 2011 a cobrança do imposto do cheque vai passar com pelo menos meia dúzia de votos de senadores tucanos, aliviando a estreita margem com a qual a base aliada estava operando. Pelo que teria sido acordado, o governo se comprometeria a gastar tudo que for arrecadado com a CPMF no setor de Saúde. Em troca, o PSDB vota a prorrogação. Qual a garantia dada aos tucanos? A palavra de Temporão e Lula. Não há como carimbar a verba, de forma que na verdade tudo não passa de um acerto para que o próximo presidente, que Serra imagina ser ele próprio, não pegue a casa bagunçada e comece o governo com dinheiro em caixa. No fundo, o PSDB precisava de uma desculpa. Agora o partido avalia se a desculpa que Serra arrumou vai colar ou se o povão acabar

Governo agora mobiliza a base aliada
para votar hoje a prorrogação da CPMF

Está quente o clima em Brasília. Horas depois de aventar deixar para a próxima semana ou mesmo para o próximo ano a votação da prorrogação da CPMF, os governistas têm dito nas últimas horas que a votação vai começar hoje mesmo, logo mais. Pode ser um blefe, mas também pode ser que o governador José Roberto Arruda (DEM-DF) tenha conseguido para Lula os votinhos que estavam faltando. Os dois tomaram café da manhã juntos nesta terça-feira.

Morte de governador pode adiar para
a próxima semana a votação da CPMF

O falecimento do governador de Roraima, Ottomar Pinto (PSDB), agora pouco, em Brasília, pode acarretar em um adiamento para a próxima semana da votação da Emenda que prorroga o imposto do cheque até 2011. O governo estava atrás e conseguiu uma boa desculpa para adiar a apreciação da matéria no Senado, prevista para amanhã, após a eleição do novo presidente do Senado, que deve ser mesmo Garibaldi Alves, indicado pelo PMDB para disputar o posto. A eleição de Garibaldi está sendo considerada uma barbada, já que ele tem apoio do DEM e de parte do PSDB, além, é claro, da base governista, com exceção de alguns senadores mais à esquerda, como Eduardo Suplicy (PT) e Cristóvam Buarque (PDT), que ainda apostavam na candidatura avulsa de Pedro Simon (PMDB-RS). Se a votação ocorrer mesmo na semana que vem, ainda seria possível aprovar a emenda em segundo turno, entre o Natal e o Ano Novo. Não deixa de ser uma estratégia arriscada da base aliada.

Sarney reluta e Garibaldi é segundo nome

Brasília ferve com as duas votações importantes da semana: CPMF e eleição para a presidência do Senado. Até este momento, 18h20 de segunda-feira, a tendência é que o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) continue resistindo e acabe recusando a indicação para entrar na disputa do comando do Senado, apesar da indicação de que não teria concorrentes no PMDB. Garibaldi Alves (PMDB-RN) continua favorito no atual cenário. O governo também trabalha nos bastidores para evitar a candidatura avulsa de Pedro Simon (PMDB-RS). Sobre a CPMF é impossível fazer prognósticos. A votação pode ficar para quarta-feira, depois da eleição no Senado, ou mesmo para quinta-feira. Este blog aposta na vitória do governo, mas não arrisca nem de longe um palpite. Mesmo a tendência pela aprovação da matéria é tênue e ainda depende de negociações que estão em curso.

Sobre Marta, Alckmin e Kassab

A notícia do dia sem dúvida é a série de pesquisas do instituto Datafolha sobre o cenário eleitoral para as eleições municipais nas capitais de Estado mais importantes do país. A disputa que de fato importa e que terá conseqüências diretas para as eleições de 2010 está em São Paulo. Segundo o Datafolha, o ex-governador tucano Geraldo Alckmin caiu 4 pontos e agora empata tecnicamente com a ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), que se manteve estável na faixa dos 25% nas simulações em que seu nome foi testado. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) subiu 3 pontos e está em um patamar bem abaixo de seus possíveis adversários, com 13%. Não é tarefa fácil analisar a pesquisa porque este cenário é hoje o mais improvável: a ex-prefeita Marta Suplicy tem dito que não quer deixar o ministério, preferindo se guardar para 2010, quando poderia se candidatar ao governo de São Paulo ou mesmo a Presidência da República. O ex-governador Geraldo Alckmin também não confirmou ainda se é candidato. Também

Ainda sobre a pesquisa em São Paulo

A nota abaixo, do blogueiro Luis Favre, mostra um detalhe das pesquisas Datafolha e Ibope que pouca gente captou. Entre Ibope e Datafolha, o Entrelinhas confia um pouco mais no segundo, menos pela metodologia e/ou pelo histórico de acertos e mais pela recusa do instituto em fazer pesquisa eleitoral sob encomenda de partidos ou candidatos. O blog aguarda a especializada opinião do santista Jorge Rodini, diretor do instituto Engrácia Garcia, sobre a questão. Datafolha e IBOPE, o jogo dos erros IBOPE sondou a opinião dos paulistanos em 14 e 15 de novembro. Datafolha, dez dias depois. Para o IBOPE, Kassab derrotaria Marta com 10 pontos a frente num segundo turno. Para Datafolha é o inverso. As pesquisas são científicas e os institutos igualmente sérios. Puxa, os paulistanos mudam em 10 dias da agua para o vinho... Acredite se quiser Datafolha: Marta derrota Kassab (49% X 39%) IBOPE: Kassab derrota Marta (47% X 38%) Erratum humanum est Esqueci, o IBOPE foi encomendado pela Associação Com

Dica de leitura do Estadão de hoje

Vale a pena ler a entrevista abaixo, do historiador Carlos Guilherme Mota, publicada neste domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo . É uma análise vigorosa. Você também está atrás das grades Fred Melo Paiva No final dos anos 70, Carlos Guilherme Mota costumava receber em sua casa a visita do também historiador Caio Prado Júnior. Tomavam vinho juntos. Caio Prado gostava dos chilenos da marca Concha y Toro. Carlos Guilherme gostava de Caio Prado - sentia-se visitado pela versão brasileira de um Eric Hobsbawm. Diante do grande mestre, tentava extrair dele “umas cinco frases para repassar aos seus filhos e alunos”. Certa vez, foi direto ao ponto: “Professor, qual é a sua mensagem? O que o senhor me diz sobre a história do Brasil?”. Caio Prado Júnior respondeu: “O Brasil é muito atrasado”. Carlos Guilherme Mota achou a frase “um pouco pobre”. Insistiu: “Mas como assim?”. O Caio: “Muito atrasado. Muito”. Carlos Guilherme deixou pra lá. “Historiador das idéias”, Carlos Guilherme Santos Serôa

Ciro, Serra e a falta do "candidato natural"

O que vai abaixo é o artigo do autor destas Entrelinhas para o Shopping News , encarte do DCI que circula às sextas-feiras. Em primeira mão para os leitores do blog. A Folha de São Paulo publicou no último domingo reportagem baseada em pesquisa do instituto do jornal sobre a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foram vários os cenários pesquisados e na soma geral, dois nomes apareceram bem cotados — o do governador José Serra (PSDB) e o do deputado federal Ciro Gomes (PSB). Antes de analisar o resultado das sondagens, cabe lembrar que até o ombudsman do jornal estranhou o fato do Datafolha não ter incluído na pesquisa os candidatos que disputaram o segundo turno em 2006 – Geraldo Alckmin (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No caso de Alckmin, a alegação de que ele não se apresenta como candidato é um tanto estapafúrdia, uma vez que as ministras Marta Suplicy e Dilma Rousseff, especialmente a primeira, também não se apresentam como candidatas. Já a ausência de Lula

Tiãozinho, o breve, queria ficar mais

Corre nos bastidores do Senado uma história pouco edificante sobre o presidente interino da Casa, Tião Viana (PT-AC). Nos últimos dias, quando ficou claro que Renan Calheiros (PMDB-AL) seria absolvido em troca de sua renúncia à presidência do Senado, o interino Tião teria articulado um movimento para que Renan postergasse a renúncia. Engana-se quem imagina que a motivação do senador acreano tenha sido evitar uma eventual turbulência política na decisiva votação da CPMF: o que Tiãozinho na verdade queria era garantir, até fevereiro ou março, após o recesso, os salários e benefícios a que a Presidência da casa dá direito. A renúncia de Renan, portanto, acabou com a boquinha do ídolo das " pequenas multidões " do Acre...

Quem vai sentar na cadeira elétrica?

Vai ser um fim de semana de grandes articulações políticas, este próximo. Além da prorrogação da CPMF, a questão agora é saber quem leva a presidência do Senado. Não é um cargo fácil e já foi apelidado de "cadeira elétrica" pelo alto potencial de destruição de carreiras políticas, fora o azar que dá a seus ocupantes na vida pessoal. O grupo de Renan quer convencer José Sarney (PMDB-AP) a concorrer e para isto seria preciso que ele topasse ser um candidato de verdade, aceitando os riscos da disputa. O que se diz nos bastidores é que o ex-presidente só topa ser for o nome de consenso, uma hipótese remota, uma vez que a oposição avalia Sarney como excessivamente governista. O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) tem sido badalado como nome mais forte do momento, por contar com apoios na oposição. Pode ser uma boa estratégia para o governo ceder em relação à presidência do Senado para garantir a aprovação da CPMF, afinal, trata-se de um mandato-tampão de apenas um ano, ao passo que

Leituras para Plínio, o tucano

As notícias abaixo, a primeira da Folha Online e a segunda da edição desta quarta-feira da Folha de S. Paulo , fazem parte da série "afinal, por que Lula é tão popular?". Plínio, o amigo tucano de Wagner Iglecias, deveria ler as duas reportagens com atenção para compreender melhor o que faz de Lula o presidente com a mais alta taxa de aprovação desde a redemocratização (antes de Collor, não se faziam pesquisas regulares de popularidade presidencial). Produção industrial no Brasil cresce 2,8% em outubro, maior alta desde 2003 Segundo o IBGE, o incremento da produção industrial deveu-se à ampliação do consumo doméstico. Construção prevê expansão recorde, apesar de gargalos TONI SCIARRETTA - A construção civil, setor que emprega 1,75 milhão de trabalhadores formais, vive o seu melhor momento no país desde os anos 70, mas seu crescimento já esbarra em gargalos como a escassez e o aumento de preços de terrenos, cimento, aço e equipamentos, além da falta de profissionais qualifica

Renan e Corinthians: Entrelinhas acertou

Conforme previsto aqui, o ano vai terminar com o Corinthians na segundona e Renan Calheiros (PMDB-AL) firme no Senado. Nos dois casos, o blog errou o score, mas acertou o resultado. A votação por maioria tranqüila (48 a 29) mostrou a força de Renan e a inconsistência da peça acusatória produzida pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM). De certa forma, o resultado final favorece as articulações em torno da aprovação da CPMF nas próximas semanas, mas aí o jogo é bem mais acirrado e o Entrelinhas não arrisca palpite. Pelo menos não antes de consultar alguma boa vidente...

Wagner Iglecias: Clonagem política

Em mais uma colaboração para o blog, o cientista político Wagner Iglecias explica a um amigo tucano como a genética pode ajudar na explicação de fenômenos característicos das ciências humanas. A seguir, a íntegra do bem-humorado texto de Iglecias. Meu amigo Plínio é tucano de quatro costados. Acha que o governo de Fernando Henrique foi o mais importante da História do Brasil. Não vê a hora de o PSDB voltar ao poder. Mas aguarda pelas eleições de 2010 pacientemente, porque Plinio é, antes de tudo, um democrata. No fundo ele concorda com a afirmação de Fernando Henrique de que Lula não sabe falar bem o idioma. Acha até que Lula é um tanto despreparado para o exercício do cargo, que não domina as boas maneiras da liturgia do poder. Mas acha também que a democracia brasileira só estará definitivamente consolidada no dia em que o presidente-operário concluir seu segundo mandato e passar a faixa para o sucessor. Apesar das restrições que tem a Lula, Plínio até acha o presidente simp

Ombudsman concorda com o Entrelinhas

Teve gente que achou excessiva a cobrança deste blog pela inclusão, na pesquisa do Datafolha sobre a eleição de 2010, do nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas simulações que o instituto fez. O atento Ombudsman da Folha de São Paulo , Mário Magalhães, concorda com a crítica feita aqui . Em sua Crítica Interna de segunda-feira, ele escreveu sobre o assunto: Dois pitacos: a pesquisa sobre intenção de voto para 2010 parece importar mais a partidos e políticos que aos leitores; o nome de Lula deveria constar nos cenários apresentados aos eleitores para 2010 --há inegável interesse jornalístico nessa informação. "Inegável interesse jornalístico" é pouco: o que todo mundo queria mesmo saber é como está o presidente Lula na pesquisa. Mas não será na Folha de São Serra que o leitor terá esta informação...

Alckmin é Aécio desde criancinha

As orelhas do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), devem ter ardido quando ele leu – e certamente leu, embora provavelmente venha a negar – a revista Época desta semana. Trata-se de uma edição especial, dedicada aos 100 brasileiros que "mais fazem acontecer", com pequenos perfis sobre cada um deles, sempre escritos por outra personalidade de relevo. Não, Serra não ficou de fora – seu perfil foi escrito pelo fiel Gilberto Kassab (DEM), que foi eleito vice-prefeito na chapa do atual governador paulista e ganhou, de mão beijada, três anos de mandato à frente da prefeitura de São Paulo. Kassab faz o que dele se espera e praticamente lança a candidatura de Serra à presidência da República, mostrando que os dois estão jogando bem juntos. O que fez arder as orelhas do governador, porém, foi o perfil do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, escrito pelo ex-governador Geraldo Alckmin. Se para bom entendedor, meia palavra basta, o texto de Alckmin é praticamente a formalizaç

Direita em festa: agora há
democracia na Venezuela?

Os blogs direitosos estão eufóricos com a derrota de Hugo Chávez no plebiscito venezuelano. De fato, a oposição teve uma vitória incontestável, mas não deixa de ser engraçado: na noite de domingo, quando as pesquisas de boca de urna davam a vitória ao coronel, a direita babava que Chávez tinha dado "um golpe" e que a Venezuela estava se transformando em uma ditadura porque "apenas 50%" dos eleitores tinham comparecido às urnas. Horas depois, a turma esqueceu a alta taxa de abstenção e a Venezuela voltou a ter uma "democracia robusta" com a lição que deu na "pretensões ditatoriais" de Chávez. Como diria o presidente Lula, "menas", pessoal, menas: na verdade, o baixo quórum foi fundamental para a vitória da oposição, e não o contrário. Paradoxalmente, portanto, se o povão tivesse comparecido em massa, a democracia da Venezuela seria mais representativa e Hugo Chávez teria conseguido aprovar as mudanças constitucionais que propôs. Mas fi

Rodini: agonia sem fim

O craque Jorge Rodini, diretor do instituto Engrácia Garcia de pesquisas, dá seu pitaco sobre o rebaixamento do Corinthians para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Democrático que é, este blog não compartilha da tristeza de Rodini, mas registra a opinião : A nação corintiana viveu seu pior fim de semana enquanto torcida do segundo time mais popular do Brasil. No início da parceria com a MSI, euforia total com a contratação de "los hermanos" Tevez, Mascherano, Sebá e Passarela, além de outros craquitos de grandeza semelhante. Só haveria glórias, a partir de então. Todo o sofrimento acabaria, o Timão iria golear um a um seus adversários, seria campeão da Libertadores... Tevez, símbolo de raça e categoria, foi embora. E lá se foram Passarela, credor de alguns punhados de dólares, e todo o resto da companhia. O iraniano/britânico Kia sumiu, a diretoria se fez de coitada e a torcida se calou. Mistérios, desvios de dinheiro, lavagem de dólares, idas e vindas a Londres, co

Ainda sobre futebol

Sim, o blog é sobre política e mídia, mas este domingo é um dia especial: Corinthians na segundona e Palmeiras fora da Libertadores é além do que qualquer sãopaulino esperava, noves fora o pentacampeonato antecipado. Com a elegância que lhe é característica, o São Paulo até perdeu o jogo de hoje no Paraná, talvez a fim de permitir algum consolo aos pobres corintianos e palmeirenses. É, a vida anda mesmo cruel para quem não torce pelo glorioso tricolor do Morumbi...

Palpites errados, resultado correto

Este blog errou os scores, mas acertou o resultado geral: o Goiás bateu o Inter (não foi por 1 a 0, mas por 2 a 1) e o Corinthians, como todos já sabem, empatou com o Grêmio no Olímpico por 1 a 1. Conforme previsto aqui, portanto, o alvinegro paulista disputará a gloriosa série B em 2008. Bem, a verdade é que deu a lógica. O futebol muitas vezes é uma caixinha de surpresas, mas neste caso tudo conspirava contra o Timão: o time é horrível, as condições eram mais adversas (até pentacampeão São Paulo quando vai ao Sul sofre para bater Inter e Grêmio), e o concorrente tinha um estádio inteiro torcendo a seu favor. Some-se a tudo isto a tática cafajeste de entrar 15 minutos atrasado para tentar jogar sabendo o resultado dos adversários e o resultado não poderia mesmo ser outro. Nesta terça, o leitor saberá se o blog acertou também a previsão sobre a votação do caso Renan, que deverá renunciar à presidência do Senado e ser absolvido. Por ora, ficam os votos de uma boa segunda para a tal n

Outro esquecido no Datafolha: Alckmin

O governador José Serra (PSDB) deve ter ficado muito contente com o esquecimento do Datafolha, na pesquisa publicada neste domingo na Folha de S. Paulo , em relação ao seu antecessor no cargo e candidato do PSDB à presidência no ano passado Geraldo Alckmin. Será que Alckmin não teria uma performance melhor do que a de Serra nos cenários pesquisados pelo instituto? Ou o jornalão já determinou que Alckmin é carta fora do baralho?

Datafolha: cadê a simulação com Lula?

A Folha de S. Paulo é um jornal maroto. Neste domingo, publica uma sequência de matérias com base nas três pesquisas que seu instituto realizou: a primeira, sobre apoio à tese do fim da reeleição, mostra que 65% dos entrevistados rejeitam a possibilidade; a segunda, sobre o apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revela que aumentou 2 pontos percentuais (subiu de 48% para 50%) o número de brasileiros que aprova a gestão Lula; e a terceira foi a tradicional pesquisa de intenção de votos entre os pré-candidatos à presidência da República – o governador José Serra aparece na liderança na maior parte dos cenários. O problema da Folha está justamente na última pesquisa. Por que motivo não foi apresentado nenhum cenário em que Lula pudesse disputar a eleição, já que o jornal pesquisou justamente esta possibilidade? Este blog desconfia que, com Lula na disputa, Serra cai para o patamar de uma Heloísa Helena (PSOL). Serrista que é, não vai ser a Folha o jornal a divulgar