Está interessante o comentário de Luciano Martins Costa para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa desta segunda-feira. Otimismo nos jornais é um sinal forte de que a crise pode ser no Brasil mais curta e menos trágica do que se imaginava, até porque a grande imprensa sempre desejou uma crise dura e longa, requisito necessário (mas talvez insuficiente) para detonar a popularidade do presidente Lula. Abaixo, a íntegra do comentário de Martins Costa.
O Globo é o primeiro dos grandes jornais brasileiros a apostar numa perspectiva otimista para o Brasil diante da crise econômica mundial, após a reunião histórica do G-20 em Londres, realizada na quinta-feira (2/4).
Enquanto a Folha e o Estado de S.Paulo passaram o fim de semana repetindo números da crise pelo mundo afora, o Globo inaugura a semana com uma reportagem mais abrangente sobre os primeiros sinais de alívio para a economia brasileira. O título principal da seção de Economia não podia ser mais direto: "Saindo do fundo do poço".
Pode-se até questionar se realmente chegamos a tocar o fundo do poço, ou se a crise chegou a ser assim tão profunda no Brasil, justificando a metáfora, mas a escolha do título resulta do velho e bom jornalismo. A equipe do jornal simplesmente pegou os indicadores e saiu questionando especialistas.
Só que, desta vez, em lugar de entrevistar economistas comprometidos com partidos políticos ou vinculados a bancos, os repórteres foram falar com representantes da economia real, como a Confederação Nacional da Indústria, a Associação Brasileira de Supermercados e o setor automobilístico. Resultado: a previsão é de volta do crescimento econômico em poucos meses e de um aumento do PIB acima das previsões pessimistas anunciadas até aqui.
Humor dos editores
As principais revistas semanais de informação já haviam feito, em suas edições da semana, uma avaliação positiva dos resultados do encontro de líderes realizado em Londres, destacando o papel do Brasil na busca de soluções para o problema global.
Época até publica uma entrevista na qual se destaca que o Brasil pode se manter descolado dos outros países que estão em situação mais grave, justamente por causa das políticas sociais de distribuição de renda que a imprensa tanto critica.
Já é alguma coisa, pois, por mais confiáveis que sejam os indicadores, não há otimismo que resista à enxurrada de manchetes negativistas que os jornais vêm despejando sobre o leitor desde o começo do ano.
A imprensa, ou pelo menos parte dela, parece compreender que a recuperação econômica só vai se consolidar quando melhorar a confiança do consumidor.
Não é função da imprensa conduzir a economia, mas as escolhas editoriais entre o apocalipse e a esperança são também um fator econômico, e, no caso do Brasil, parecem depender mais do humor dos editores do que dos fatos em si.
O Globo é o primeiro dos grandes jornais brasileiros a apostar numa perspectiva otimista para o Brasil diante da crise econômica mundial, após a reunião histórica do G-20 em Londres, realizada na quinta-feira (2/4).
Enquanto a Folha e o Estado de S.Paulo passaram o fim de semana repetindo números da crise pelo mundo afora, o Globo inaugura a semana com uma reportagem mais abrangente sobre os primeiros sinais de alívio para a economia brasileira. O título principal da seção de Economia não podia ser mais direto: "Saindo do fundo do poço".
Pode-se até questionar se realmente chegamos a tocar o fundo do poço, ou se a crise chegou a ser assim tão profunda no Brasil, justificando a metáfora, mas a escolha do título resulta do velho e bom jornalismo. A equipe do jornal simplesmente pegou os indicadores e saiu questionando especialistas.
Só que, desta vez, em lugar de entrevistar economistas comprometidos com partidos políticos ou vinculados a bancos, os repórteres foram falar com representantes da economia real, como a Confederação Nacional da Indústria, a Associação Brasileira de Supermercados e o setor automobilístico. Resultado: a previsão é de volta do crescimento econômico em poucos meses e de um aumento do PIB acima das previsões pessimistas anunciadas até aqui.
Humor dos editores
As principais revistas semanais de informação já haviam feito, em suas edições da semana, uma avaliação positiva dos resultados do encontro de líderes realizado em Londres, destacando o papel do Brasil na busca de soluções para o problema global.
Época até publica uma entrevista na qual se destaca que o Brasil pode se manter descolado dos outros países que estão em situação mais grave, justamente por causa das políticas sociais de distribuição de renda que a imprensa tanto critica.
Já é alguma coisa, pois, por mais confiáveis que sejam os indicadores, não há otimismo que resista à enxurrada de manchetes negativistas que os jornais vêm despejando sobre o leitor desde o começo do ano.
A imprensa, ou pelo menos parte dela, parece compreender que a recuperação econômica só vai se consolidar quando melhorar a confiança do consumidor.
Não é função da imprensa conduzir a economia, mas as escolhas editoriais entre o apocalipse e a esperança são também um fator econômico, e, no caso do Brasil, parecem depender mais do humor dos editores do que dos fatos em si.
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