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A Folha de S. Paulo deu duas páginas para um suposto plano de um sequestro que jamais aconteceu, envolvendo a ministra Dilma Rousseff. Uma história antiga, do tempo da luta armada contra a ditadura. A fonte da reportagem da Folha negou o envolvimento de Dilma e acusou o jornal de má-fé pela maneira como a matéria foi editada. Tudo bem, acontece nas melhores famílias, não dá para acertar sempre.

Este blog sugere agora que o jornal da Barão de Limeira corra atrás de uma história igualmente palpitante: alguns camaradas em armas do secretário da Casa Civil do governo José Serra, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), insinuaram que ele participou, na condição de comandante, do assalto ao trem pagador Santos-Jundiaí em 10 de agosto de 1968 (este evento de fato aconteceu, foi uma das primeiras ações armadas contra o regime militar, ao contrário do estapafúrdio sequestro do então ministro Delfim Netto noticiado pela Folha). O próprio Aloysio, em entrevista ao Jornal do Brasil em 1999, confirmou a história: "Foi uma expropriação impecável", disse o hoje secretário, que à época militava na ALN.

Bem, a Folha poderia recuperar a história do assalto e de quebra aproveitar para tentar descobrir se Nunes Ferreira teve ou não participação no justiçamento do capitão norte-americano Rodney Chandler, questão que permanece em aberto para os estudiosos do período. Os militares do Ternuma, bonzinhos que são, acham que a operação teve o dedo de Aloysio, sim...

Comentários

  1. A respeito desse empenho da mídia mercenária em vasculhar o passado de guerrilheira de Dilma, pergunto: Quem se dedicou mais à democracia? Quem ficou aqui enfrentando a ditadura, com todos os riscos envolvidos, inclusive de fusilamento, ou quem fugiu do país, como FHC e José Serra?

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  2. Clap clap clap, parabéns pelo excelente bom humor!

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