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Mostrando postagens de 2006

Uma história de Natal atrasada e os
votos de feliz 2007 a todos os leitores

A história que vai abaixo é verídica, com os nomes das personagens devidamente trocados. Joana é uma menina feliz: estuda em um dos colégios da elite paulistana, tem um quarto repleto de brinquedos, é sócia de um belo clube e passa as férias entre a fazenda da família da mãe e a casa de praia da família do pai. Neste fim de ano, com o início das férias escolares, Joana recebeu a visita de Luiza, a filha empregada que trabalha em sua casa. Como provavelmente não tinha com quem deixar a filhota, Dalva, a empregada, passou a trazê-la, dia sim, dia não, para a casa da patroa. Na antevéspera do Natal, já bem tarde, o pai de Joana atende o telefone. É Dalva, um pouco aflita, que lhe pede um favor. Nada demais, apenas que guardasse o brinquedo que Luiza havia esquecido, para que na manhã seguinte Joana e seu irmão Teodoro não o quebrassem. Dalva temia que os dois não soubessem muito bem como ligar o laptop da Xuxa de sua filha Luiza. O pai, meio perplexo, assentiu e foi guardar o brinquedo.

Sonhando acordado

Charge do Agê que estará na edição de quinta-feira do DCI

Ouça um bom conselho...

O sempre bem informado jornalista Elio Gaspari resolveu oferecer os seus serviços de consultor político para o PSDB. E, o que é melhor para os tucanos, de graça, talvez movido por compaixão, já que o partido vai virar o ano devendo R$ 16 milhões em função da campanha de 2006. Brincadeiras à parte, este blog recomenda vivamente a leitura do artigo de Gaspari publicado nesta quarta-feira nos jornais que reproduzem a sua coluna (entre os quais a Folha e O Globo ) e no qual estão as recomendações aos tucanos. É uma reflexão que complementa as notas publicadas aqui sobre o salário mínimo e revela, mais uma vez , como a elite brasileira não consegue perceber nada do que se passa no "andar de baixo". Com a palavra, mestre Gaspari: As liquidações dos "formiguinhas" Se os tucanos tivessem juízo, mandariam seus sábios visitar os grandes entrepostos de materiais de construção COMEÇA HOJE a temporada de liquidações em quase todas as grandes revendedoras de materiais de constr

Os leitores já estão reparando...

A Folha de S. Paulo publicou a carta abaixo, cujo conteúdo é muito semelhante aos comentários deste blog sobre o salário mínimo. Pode perfeitamente ser uma coincidência, pois o movimento da Folha está cada dia mais evidente. A novidade é que os leitores não só estão reparando que o jornal não é mais o mesmo como também resolveram escrever para reclamar. Mínimo irracional "A inflexão à direita da Folha tem sido amplamente notada e comentada nos últimos tempos. Mas o editorial da última sexta-feira, dia 22/12 ("Mínimo irracional'), é de assustar até os moderados. Num país que ostenta a vergonhosa posição de vice-campeão de desigualdade social do planeta e campeão absoluto na transferência de renda aos mais abastados via taxa de juros, classificar de "irracional" um vergonhoso salário mínimo de R$ 380 só seria compreensível se se tratasse de uma crítica ao seu valor insuficiente. Mas bradar, como fez a Folha, contra o incremento de R$ 5 em seu valor, tachando-o de

Está chegando a hora da posse parlamentar...

Charge do Agê que estará na edição de quarta-feira do DCI

Lula e o futuro: mais do mesmo ou reviravolta?

Faltando cinco dias para o final do ano, a pergunta que não quer calar é até óbvia: como será o ano de 2007 e o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Já há muita especulação na praça e tem gente achando que daqui para frente Lula vai adotar uma postura mais esquerdista e arrojada, até para que a história registre o seu governo como o de alguém ligado às causas populares e à esquerda de modo geral. Este blog não consulta videntes, mas aposta que o 2° mandato de Lula será muito semelhante ao 1° e, a menos que ocorra uma crise econômica internacional, terminará com uma década de crescimento morno mas constante da economia. Pode ser desapontador para o leitor, mas é o que indicam os fatos que importam para uma análise prospectiva. Lula não vestirá o figurino chavista, até porque já deu diversas declarações explicando os motivos de seu afastamento da extrema-esquerda – na última vez, foi até incompreendido ao brincar que se tratava de um fenômeno relacionado à idade: qua

Mercadante: há males que vem para o bem

O caso do dossiê Vedoin pode acabar realmente mal para o senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Aliás, a verdade é que antes mesmo de ser condenado pela Justiça, o senador já está pagando caro pelas besteiras dos "aloprados": antes do episódio, quando ainda era candidato ao governo paulista e tinha poucas chances de vitória, Mercadante dizia a quem quisesse ouvir que, se derrotado fosse, teria um cargo forte no governo federal. De fato, especulava-se até na nomeação do senador para o ministério da Fazenda Hoje, ninguém em sã consciência imagina o presidente Lula nomeando o rapaz para cargo algum. O velho ditado diz que Deus escreve certo por linhas tortas. Os "aloprados" acabaram prestando dois bons serviços ao País: levaram a eleição para o segundo turno, fazendo com que a vitória de Lula fosse inquestionável pela oposição; e afastaram de vez a hipótese de Mercadante comandar a economia nacional. O Brasil agradece...

De volta ao batente...

Poucas novidades nesses últimos dias, como seria de se esperar. Na política, a única notícia relevante é o movimento de tucanos de bico longo para colocar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na presidência do PSDB. Este blog duvida que ele aceite, mas de fato talvez seja esta a melhor maneira para debelar a crise do partido. Se FHC não aceitar a missão, o PSDB corre sério risco de implodir ou se transformar em um mini-PMDB, rachado e dividido entre caciques regionais, cada qual preocupado com o seu próprio futuro político.

Feliz Natal!

O Entrelinhas deseja a todos um feliz Natal, repleto de felicidade e esperança em um futuro melhor para todos nós. Neste sábado e domingo, não haverá atualização. Na segunda, dia de Natal, voltamos ao batente.

O Natal do presidente

Charge do Agê que estará no DCI da próxima terça-feira

Pancadaria contra o mínimo já começou

Nem demorou tanto. Conforme este blog antecipou, já foi aberta a temporada de críticas ao aumento do salário mínimo. Na Folha de S. Paulo de hoje, além das matérias a respeito do assunto, editadas de forma a levar os leitores a acreditar na "irresponsabilidade fiscal" do presidente Lula, há um editorial e um artigo do economista tucano Luiz Carlos Mendonça de Barros, ambos reproduzidos abaixo. A leitura dos dois textos ajuda a entender a cabeça da elite que felizmente não governa mais o país: para eles, os R$ 5 a mais na conta dos pobres representam um verdadeiro acinte. A chave para entender a argumentação da Folha e dos tucanos está no trecho a seguir, do editorial do jornal: "com gastos estéreis, 12% das escassas verbas que deveriam estimular a economia com obras de infra-estrutura, recuperação da capacidade gerencial do Estado e fomento à geração de tecnologia". Não importa que o governo vá procurar cortar em outras áreas para buscar a devida compensação para

O mínimo de R$ 380: críticas já começaram

A definição de um reajuste para o salário mínimo superior ao que estava sendo aventado na imprensa ajuda a compreender como funcionam as coisas em Pindorama. Foi só o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, anunciar oficialmente que o salário vai subir para R$ 380 e que haverá correção de 4,5% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física para as críticas, ainda tímidas, começarem. Nos próximos dias, os leitores podem apostar, essas críticas aumentarão de frequência e intensidade. Não é preciso ser nenhum gênio para prever o que dirão os Carlos Sarndenbergs e as Míriam Leitoas na imprensa: o governo está sendo irresponsável por dar um aumento de espetaculares 8% para o mínimo enquanto a economia cresce apenas 2,8% ao ano. Os ouvintes e leitores receberão um verdadeiro bombardeio midiático sobre a inconveniência desses R$ 30 adicionais que passarão a valer a partir de abril do próximo ano: a Previdência vai quebrar, as prefeituras não terão como pagar o montante, as pequenas empresas terão

Renan, o revisor

Nada como uma boa confusão para as pessoas se revelarem "por inteiro", como diria o deputado eleito Clodovil Hernandez. Hoje, na hora que o bicho pegou e os parlamentares teriam que decidir, depois de toda a polêmica, o valor do reajuste para os seus salários, eis que o presidente do Senado, o brioso Renan Calheiros (PMDB-AL), achou por bem deixar a bucha para a Câmara Federal. O Senado, explicou Renan, terá o papel de "Casa revisora" e apreciará a posteriori a decisão tomada pelos deputados. A atitude de Renan, popularmente conhecida por "tirar da reta", faz lembrar uma cancioneta portuguesa sobre a postura dos corajosos lusitanos na 2ª Guerra Mundial, que dizia, se não falha a memória, algo assim: "Portugal não foi à guerra /mas também não acovardou-se / botou pano preto em cima / escreveu em letras brancas: Portugal mudou-se".

O aumento caiu. E agora, o que vem pela frente?

O Supremo Tribunal Federal mostrou que a Justiça pode ser rápida e derrubou o aumento de 91% auto-concedido pelos parlamentares. Na verdade, pela decisão do STF o aumento terá que ser votado no plenário do Congresso para que os deputados e senadores confirmem (ou não) o percentual. Está aberta a bolsa de apostas: de quanto você acha que será o reajuste que os parlamentares votarão nos próximos dias? O bode saiu da sala, mas qualquer coisa acima da inflação também é um acinte, ainda mais no momento em que o Congresso discute o aumento do salário mínimo nesses termos.

Ainda sobre o diploma de jornalismo (2)

Quem acompanha essas Entrelinhas sabe o que pensa o autor do blog sobre o diploma de jornalismo. Ainda mais brilhante do que um inteligente comentário de Carlinhos Brickman, reproduzido aqui , sobre o fim da exigência do canudo para o exercício da profissão é o texto do experiente jornalista Paulo Sotero, publicado sábado no Estadão e reproduzido abaixo, na íntegra. Aliás, o pessoal da Fenaj devia olhar em volta e tentar achar algum grande jornalista que defenda o deproma ubrigatório . Do jeito que as coisas andam, vai ser difícil... Pelo bom senso e a democracia Paulo Sotero Equivocam-se os sindicatos e associações de jornalistas em sua campanha para reverter a decisão preliminar do Supremo Tribunal Federal que declarou inconstitucional a exigência do diploma de curso superior de jornalismo para o exercício da profissão. As transformações que as inovações tecnológicas produzem nos meios de comunicação e o interesse inerente dessas organizações no aprimoramento da imprensa e na preser

Wagner Iglecias: Lula e a voz rouca das ruas

Em mais uma colaboração para este blog, o professor Wagner Iglecias analisa as recentes pesquisas de opinião que mostram a alta popularidade do presidente Lula e faz também alguns prognósticos sobre o segundo mandato. Vale a pena ler o texto na íntegra, abaixo: O ano de 2006 está acabando e com ele vai se encerrando o primeiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. Parece coisa à toa falar disso agora que a eleição já passou e o presidente-operário foi reconduzido para mais quatro anos a frente do Palácio do Planalto. Citar seu segundo mandato parece o fato mais normal do mundo. Mas quem de nós, em sã consciência, se arriscaria em apostar nisso em meados de 2005, durante o auge da crise política? Quem seria capaz de acreditar numa recuperação tão impressionante da imagem e da força política de Lula, após a enxurrada de problemas que abateu-se sobre seu governo, especialmente nos dois últimos anos? O fato é que alguma coisa um tanto insondável ocorreu entre o dia em que vier

Aumento dos parlamentares pode cair

A julgar pela reação dos últimos dias, o aumento que os deputados e senadores se auto-concederam na semana passada está, sim, correndo sério risco de não se concretizar. Já há deputados se mobilizando para derrubar o aumento de quase 100% no benefício. Desde a decisão pelo reajuste este blog apostou que a mobilização da imprensa e da população poderia ser capaz de fazer o Congresso rever o aumento, coisa que muitos especialistas afirmavam ser impossível. Ainda nesta semana deve haver uma decisão final sobre o assunto e o blog aceita apostas: o Congresso vai rever o aumento ou manterá o super salário de R$ 24,5 mil mensais?

A manchete da Folha e a pesquisa sobre Lula

Não teve jeito: o levantamento do Datafolha, instituto de pesquisa da Folha de S. Paulo , revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mais bem avaliado da história do Brasil. Sim, "nunca antes neste país", como diria o próprio Lula, o povo gostou tanto de seu presidente como gosta do atual. Evidentemente, um fato deste quilate merece manchete e foi onde a Folha , corretamente, editou a notícia. Só que para não dar o braço a torcer, o jornal deu o título com má vontade e uma ressalva de criança birrenta, que não quer admitir que os pais estejam com a razão: "Lula é o presidente mais bem avaliado, mas esperança cai". Sem olhar os números, a impressão que se tem é de que os brasileiros estão descrentes no segundo mandato de Lula, pessimistas e desiludidos com o presidente. Pois não é que o subtítulo informa que hoje "apenas" 59% dos brasileiros esperam que o presidente faça um bom mandato? Sim, é menos dos que os 76% de 2002, quando Lula e o PT c

Serra quer dobrar salário dos secretários

O governador eleito de São Paulo é um homem de sorte. Há alguns dias, antes que o Congresso decidisse dobrar os salários dos parlamentares, José Serra manifestou a intenção de dobrar o salário dos secretários de Estado que assumirão o cargo em janeiro. Segundo ele, o salário de R$ 6 mil é "pouco" para a qualificação dos secretários. A proposta de Serra já ia causar polêmica quando o Congresso atravessou o samba e todas as atenções se voltaram para os R$ 24,5 mil dos deputados e senadores. Ninguém mais fala da "merreca" de R$ 12 mil que Serra quer pagar ao seu secretariado e é bem possível que a Assembléia aprove o aumento e o assunto acabe noticiado como "box" da polêmica do reajuste dos parlamentares.

Reação popular pode brecar super salário

Como era de se esperar, não pegou nada bem para os congressistas o aumento de quase 100% acertado para os seus próprios salários. A indignação é grande e vários deputados e senadores já contestam o acordo ou dizem que não aceitarão o aumento, se ele realmente vier a ser concedido. Ainda é cedo para garantir que os R$ 24,5 mil mensais dos deputados e senadores já estão se tornando sonho de uma noite de verão, mas a julguar pela péssima repercussão da medida na mídia, os parlamentares talvez sejam obrigados a recuar e contar com um aumento mais modesto, que levaria o salário dos deputados e senadores para a faixa de R$ 16 mil. Talvez o mais correto seja adotar no Brasil a regra que vigora nos Estados Unidos, onde os salários dos congressistas são reajustados anualmente pelo índice da inflação menos 0,5%. Assim, o parlamentar recebe um aumento sempre inferior ao que a maior parte dos trabalhadores conquista em suas negociações com a iniciativa privada ou setor público.

O exemplo vem de cima

Charge do Agê que estará no DCI desta sexta-feira

Sobre o aumento dos parlamentares

Fim de ano é hora de confraternização, festa e alegria. Na política, porém, o clima é um pouco diferente. Nos últimos dias do ano, especialmente entre o Natal e o Ano Novo, os governantes dos três poderes aproveitam a distração da população com as festividades e costumam decretar ou aprovar medidas impopulares – os famosos “sacos de maldades”. Quando a vida volta ao ritmo normal, no começo de janeiro, a opinião pública até manifesta a irritação, mas aí Inês é morta e as novas leis já estão vigorando. Neste ano, as maldades começaram cedo. Os deputados e senadores decidiram hoje reajustar seus próprios salários e entenderam que a reposição da inflação, índice que em geral é concedido para a maior parte dos brasileiros, não seria suficiente. Em nome do equilíbrio dos poderes, os parlamentares resolveram equiparar os seus salários aos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, de R$ 24.500. Na prática, o salário dos deputados quase dobrou (é hoje de R$ 12,847,20). A medida é u

Lula no centro: brincadeira e realidade

A declaração do presidente Lula sobre o seu próprio posicionamento no cenário político – ele reconhece estar cada vez mais ao centro – já causou grande celeuma entre intelectuais e políticos de esquerda. O ex-deputado Plínio Sampaio foi quem melhor resumiu a questão: para ele, a novidade não foi Lula se declarar centrista, mas ter colocado a discussão em termos médicos – o presidente relacionou a "guinada à direita" com a maturidade de seus 60 anos. Lula é um político esperto e uma pessoa com grande senso de humor, embora também se irrite com facilidade, especialmente quando contrariado. A declaração sobre o "adeus à esquerda" era uma gozação das mais escrachadas, que lembrou a resposta do próprio Lula quando questionado se era comunista: "Não", disse ele, "sou torneiro mecânico". Vários bons jornalistas, no entanto, levaram a sério a brincadeira e até escreveram artigos profundos sobre a nova polêmica. Tudo não passa de uma grande bobagem e um

São Paulo segura a partir de janeiro

Charge do Agê que está no DCI desta quarta-feira

Delfim Netto e os preconceitos tucanos

O pessoal do PSDB está adorando a possibilidade de Lula nomear o economista Delfim Netto para algum cargo no governo federal. Desde a campanha, dizem que o PT agora "anda com o Delfim", "virou amigo do Gordo" e coisas deste tipo, lembrando sempre o passado do economista e sua vinculação com o regime militar. Por um lado é estranha a crítica tucana, afinal, foram eles, políticos do PSDB, que inauguraram a aproximação dos "puros" com a turma dos que pularam do barco e criaram a Frente Liberal, mas sempre esteviveram lá, servindo os generais de plantão? Ou Antonio Carlos Magalhães, Jorge Bornhausen, Marco Maciel são diferentes de Delfim? Por outro lado, como bem ressaltou o senador Eduardo Suplicy, a experiência de Delfim poderia, sim, ser muito útil ao governo. Conforme bem observou o senador, que de bobo não tem nada, o economista seria excelente solução, por exemplo, para o comando do Banco Central: a verdade dos fatos é que ele está bem à esquerda do ex-

Ainda Tasso: confusão aumenta no PSDB

Notas em blogs e sites noticiosos informam que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador eleito José Serra ficaram especialmente irritados com a declaração de apoio de Tasso Jereissati a uma eventual candidatura de Ciro Gomes a presidente em 2010. Realmente, a vida não está fácil para os tucanos. Nesta terça à noite, Geraldo Alckmin resolveu dar uma de engraçadinho e afirmou que o país vive uma crise "em terra, mar e ar". Não demorou, veio a resposta do presidente do PT, o professor Marco Aurélio Garcia: "Alckmin ainda está um pouco no ar depois da sova eleitoral que levou. Ele ainda não aterrissou..." Com a polêmica em torno do governo Lula, Alckmin deixou de esclarecer o que fazia em Brasília um dia depois da gafe de Jereissati. Turismo, certamente não era...

Tucano Tasso desagrada correligionários

Já está circulando nos blogs ligados ao tucanato muita reclamação sobre a performance do presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati, no programa Roda Viva exibido na noite de ontem. O motivo aparente da decepção seria a confissão de Tasso de que poderá apoiar Ciro Gomes, hoje no PSB, para a presidência da República em 2010. Na verdade, Tasso até foi coerente – em 2002, apoiou Ciro e não José Serra para a presidência. A grita no partido nada mais é do que um mote para a turma que anda descontente com a condução política de Tasso deflagrar a guerra interna para a sua sucessão. Nesta semana mesmo, o governador eleito Serra já deixou claro que apóia o líder tucano na Câmara Federal, Juthay Jr., no embate com Jereissati – os dois brigaram feio e bateram boca na última reunião da Excecutiva do partido. Serra não engole Jereissati e quer colocar alguém de sua confiança na presidência do PSDB. Aécio Neves, por sua vez, diz apoiar o nome de Geraldo Alckmin para o comando tucano – o que não

Tem vaga no Pinel?

A Folha de S. Paulo de domingo trouxe, no caderno de Economia, matérias sobre os problemas da classe média no primeiro mandato do presidente Lula. O jornal procura mostrar que esta camada pagou o custo, em impostos, da melhoria da qualidade de vida dos mais pobres e não foi beneficiada pela política econômica como foram os mais ricos. No meio das matérias, eis que um título grita, no pé da página: "Especialista defende pausa na distribuição de renda". Sim, não está errado, é isto mesmo que pensa o economista Sergei Soares, apresentado pelo jornal como "especialista em desigualdade social do Ipea". Pinel à parte, a verdade é que Sergei expressa idéias sobre as quais muita gente do PSDB e PFL concorda em gênero, número e grau. Só que os tucanos e liberais não são loucos de dizer tudo o que pensam...

Revista Veja dá capa para Hugo Chávez e
ensina como editorializar uma reportagem

A revista Veja consegue se superar a cada edição. A capa desta semana foi para a eleição do venezuelano Hugo Chávez, reeleito para mais um mandato de 6 anos. O lide da "matéria" segue abaixo e poderia ser utilizado nas escolas de comunicação como exemplo do que jornalistas não devem fazer. Senão vejamos: Com o cubano Fidel Castro no leito de morte, o coronel Hugo Chávez, ditador eleito da Venezuela, está se apresentando como o novo farol da esquerda revolucionária na América Latina. "Ninguém vai me impedir agora de construir o socialismo", disse Chávez, na semana passada, depois de reeleito para mais seis anos no poder. Ninguém impediu Fidel. Deu no que deu. Cuba tornou-se hoje uma nação pária no mundo, com uma população faminta, despreparada para os rigores da economia globalizada e, mesmo que alfabetizada no jargão marxista, ilet

Imprensa deixa o Serra trabalhar...

Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciasse as nomeações do ex-ministro Pedro Malan para a pasta da Cultura e de um ex-secretário das gestões de Paulo Maluf e Celso Pitta na prefeitura de São Paulo para, digamos, o ministério das Cidades, não seria difícil imaginar o grau de histeria que tomaria conta da imprensa brasileira, especialmente de certos colunistas. Choveriam "análises" contundentes sobre o fim do segundo mandato do presidente, antes mesmo de seu começo. Afinal, com Lula e o PT, não há segunda chance: a mídia atira primeiro e pergunta depois. Pois não foi que o governador eleito de São Paulo, o tucano José Serra, completou nesta semana os nomes da sua equipe e anunciou o economista João Sayad, ex-secretário de Finanças da prefeita Marta Suplicy, para a secretaria estadual da Cultura? Outro nome interessante no secretariado de Serra é o de Lair Krahenbuhl, que trabalhou com os prefeitos Maluf e Pitta e foi indicado para a Habitação. Sobre essas nomeações,

Mainardi e Francis: não dá para comparar

Na coluna desta semana na revista Veja , Diogo Mainardi , sempre ele, se compara a Paulo Francis. A justificativa do colunista não é ruim: os dois, Mainardi e Francis, tomaram processos em virtude das bobagens que escreveram ou disseram na televisão. Semelhanças à parte, as diferenças são muito maiores: Francis era divertido, culto e inteligente, características que fazem falta ao parajornalista da Veja . Aliás, se Mainardi olhar ao redor, vai achar alguns colegas que também tentam ser clones de Francis. Deveria, portanto, se comparar a eles, não ao original. Este blog, por sinal, poderia promover uma enquete para saber dos leitores quem imita melhor o talentoso Francis. Mainardi, naturalmente, e Daniel Piza largam na frente, mas outros poderão atropelá-los na reta final. Ao jornalista (?) que tiver mais votos o blog enviaria o livro "Vida e Obra do plagiário Paulo Francis", de Fernando Jorge. Mande seu voto para luizaccm@dci.com.br ou use o link de comentários para dar a sua

Estudante não tem jeito...

Bom humor é fundamental. Agora pouco, na Avenida Paulista, coração de São Paulo, estudantes secundaristas e universitários faziam um protesto contra o aumento no preço da passagem de ônibus, determinado mês passado pelo prefeito Gilberto Kassab (PFL). O grito de guerra da galera reunida na Paulista não poderia ser mais elucidativo: "Kassab, mas que vergonha/a passagem tá mais cara que a maconha".

Crise aérea: na próxima eleição,
ninguém mais vai lembrar do assunto

Já há vários analistas afirmando categoricamente que o presidente Lula teria perdido as eleições se a crise aérea tivesse ocorrido em outubro. Pode até ser, mas basta pensar um pouco para perceber o exagero de tal hipótese. Em primeiro lugar, porque a grande maioria dos brasileiros diretamente afetados pela crise provavelmente já votaria mesmo em Geraldo Alckmin. O resultado, desta forma, seria pouco alterado. E em segundo lugar, é preciso levar em consideração o caráter efêmero da crise. Tão logo ela seja debelada – e isto é questão de negociação, uma vez que o que está a se passar é decididamente uma greve branca dos controladores de vôo –, a verdadeira histeria que se vê hoje na imprensa vai sumir em questão de dias. E na próxima eleição, em 2008, é provável que ninguém mais se lembre do tal "apagão aéreo", salvo o pessoal que foi diretamente afetado pelos transtornos decorrentes dos atrasos e cancelamentos dos vôos. Lula sabe de tudo isto e, com sua experiência de líder

PSOL já estuda as candidaturas de Plínio Sampaio e Carlos Giannazi em São Paulo

Animados com a derrubada da cláusula de barreira no Supremo Tribunal Federal, os militantes do PSOL já começam a fazer planos para o futuro. Em São Paulo, o partido estuda lançar o ex-deputado federal Plínio de Arruda Sampaio para vereador, a fim de puxar votos e garantir uma boa bancada na Câmara Municipal. E para a disputa da prefeitura da Capital, o PSOL poderá lançar o vereador e deputado estadual eleito Carlos Giannazi. Plínio representaria a experiência e Giannazi, a renovação. Em comum, os dois têm a militância passada no PT, como, aliás, a quase totalidade dos integrantes do PSOL.

Uns probleminhas nas contas...

Charge do Agê, que estará no DCI de sexta-feira

Nanicos em festa: cai a cláusula de barreira

A política brasileira é engraçada. O Supremo Tribunal Federal acaba de derrubar a cláusula de barreira, o que permitirá aos pequenos partidos os mesmos direitos dos grandes. Os nanicos, obviamente, estão em festa, porque sempre lutaram contra a regra. Em tese, realmente não é má idéia uma legislação para combater os partidos de aluguel, que acabam sobrevivendo "prestando serviços" a determinados candidatos em anos eleitorais, seja pelo "arrendamento" do tempo que dispõem na televisão, seja pela aliança formal com legendas maiores. Por outro lado, a democracia brasileira pode preferir tolerar essas práticas em nome de manter pequenas legendas com história política séria (PCdoB e PCB, por exemplo) funcionando normalmente, sem constrangimentos. É uma opção que cabe à classe política. Tudo somado, o mais engraçado nessa história toda é que, por causa da cláusula de barreira, o PPS deixou de existir: uma fusão juntou o partido de Roberto Freire com o PHS e PMN. Os três f

Uma questão de autoridade

Vale a pena ler a história abaixo, relatada pelo jornalista Sebastião Nery em sua coluna diária que sai em vários jornais do País, inclusive no DCI . É uma história divertida e muito pertinente para esses tempos de descontroladores e descontrolados... Uma semana depois de Jânio Quadros e João Goulart tomarem posse na Presidência e vice-Presidência da República em 31 de janeiro de 1961, o jornalista Raul Ryff, secretário de imprensa de Jango, ligou para o jornalista José Aparecido de Oliveira, secretário particular de Jânio: — Aparecido, durante o governo do Juscelino, o Jango, como vice-presidente, sempre teve um avião da FAB à disposição. Agora, no governo do Jânio, o ministro Grun Moss, da Aeronáutica, tirou o avião do vice-presidente. Acontece que ele está esperando a mãe, que chega ao Rio às 17 horas, e depois não haverá mais nenhum avião de carreira para Brasília. E ele tem uma reunião com as bancadas do PTB, em Brasília, à noite. Você poderia conseguir um avião para levar o vice-

Coalizão de Lula começou com colisões

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem trabalhado duro na tarefa de montar um governo de coalizão para o segundo mandato. O presidente está em vias de incluir formalmente o PMDB, PDT, PCdoB, PSB e PRB, além, é claro, do seu próprio partido, o PT, na tal coalizão. Além dessas agremiações, PTB, PL e PP deverão apoiar o presidente, sem no entanto integrar o Conselho Político do governo de coalizão. É muito partido, sem dúvida, mas os primeiros embates no Congresso revelam que a coalizão não está nada harmônica. Ontem, houve o primeiro grande teste para a aliança costurada por Lula e os governistas se deram mal. A eleição para a indicação da Câmara Federal a uma vaga de ministro do Tribunal de Contas da União terminou com a vitória do deputado federal Aroldo Cedraz, do PFL da Bahia, ligado ao grupo de Antonio Carlos Magalhães. Cedraz derrotou o petista mineiro Paulo Delgado por 172 votos a 148. Gonzaga Mota (PSDB-CE) obteve 50 votos e o deputado Ademir Camilo (PDT-MG) recebeu 20 votos

Serra anuncia secretariado completo

Conforme antecipou este blog, José Serra, governador eleito de São Paulo, anunciou de uma só vez os nomes que faltavam para compor o seu secretariado. Foram criadas três novas pastas, mas ninguém vai falar de "inchaço" ou "aparelhamento do Estado": na grande imprensa, tucano, quando cria cargos ou secretarias, está sempre agindo para racionalizar a máquina pública e com a melhor das intenções. Na nova secretaria de Gestão e Administração, Serra escalou o deputado estadual Sidney Beraldo, do PSDB de São João da Boa Vista e presidente estadual da legenda, ex-presidente da Assembléia Estadual. A secretaria de Ensino Superior ficou com o deputado federal José Aristodemo Pinotti, do PFL. A terceira nova pasta foi a de Relações Institucionais, que estará a cargo do ex-secretário de Serra na prefeitura José Henrique Reis Lobo. Completam a equipe os seguintes futuros secretários: Lair Krahembuhl (Habitação), Dilma Pena (Energia), Mauro Arce (Transportes), Hubert Alquere

Serra não quer Alckmin na prefeitura de S. Paulo; trio tucano pode se separar em 2010

A montagem do ministério do presidente Lula está centralizando a cobertura política e as atenções dos analistas, mas há um outro jogo muito interessante sendo disputado neste momento, no campo da oposição, que tem sido pouco comentado na mídia. Até agora, os nomes que foram anunciados para o primeiro escalão do governo de São Paulo, que a partir de 1° de janeiro passa para o comando de José Serra (PSDB), revelam uma guerra surda entre os tucanos. Serra, como seria de se esperar, está escalando o seu time, mas é perceptível a má vontade do futuro governador em aproveitar nomes da gestão de Geraldo Alckmin, também tucano. Ao contrário, o que José Serra vem fazendo é justamente colocar para escanteio a turma que serviu Alckmin. Vingança, como se sabe, é um prato que se serve frio e é isto que Serra está preparando. Nos bastidores do tucanato, também se fala de outra jogada arrojada do futuro governador: ele estaria tentando atrair o prefeito paulistano Gilberto Kassab, hoje no PFL, para

José Serra desiste de anunciar os nomes
dos novos secretários a conta-gotas

O governador eleito de São Paulo não vai mais anunciar nenhum nome para a sua equipe de governo até que o time esteja inteiro fechado. Só então José Serra convocará a imprensa e dirá todos os nomes que faltavam. Serra tomou esta decisão hoje, com o objetivo de evitar que aumente a pressão dos aliados pela indicação dos cargos que iriam sobrando, caso ele continuasse soltando os nomes a conta-gotas. Já o governador Aécio Neves, que é de uma escola política mais refinada – a mineira –, avisou que o seu secretariado sairá na última semana do ano e será divulgado completinho. Com isto, Aécio deixa todo mundo em suspense e dispersa a pressão.

Só para constar

Está na Folha Online uma notícia em que o ex-ministro Nelson Jobim confirma a sua candidatura à presidência do PMDB e ainda diz que as articulações estão indo bem. Já o Estadão deu um abre de página da edição desta terça-feira para a tal puxada de tapete que o partido estaria dando em Jobim. O futuro vai dizer quem tem razão, mas este blog continua achando que o deputado Michel Temer é um craque em ver as notícias que planta florescerem nas páginas dos grandes jornais nacionais.

História mal contada

Alguns sites informativos estão informando que está em curso uma articulação política, envolvendo as várias alas do PMDB, com o objetivo de impedir que o ex-ministro Nelson Jobim se torne o novo presidente nacional do partido. Tem até colunista importante comentando a notícia, mas este blog desconfia seriamente de que a tal "articulação" não passe de uma "plantação" do atual presidente do PMDB, deputado federal Michel Temer. Este, como diriam os jovens de hoje, está "bem a fim" de permanecer no cargo. Ademais, diz o ditado popular: jabuti não sobe em árvore; se subiu, ou foi enchente ou foi mão de gente. Traduzindo para o politiquês: se começaram a espalhar por aí que o PMDB está todo contra a candidatura de Nelson Jobim, é porque alguém mandou espalhar. E o Jobim é que não foi...

Temporada de chuvas é o grande teste
da popularidade dos prefeitos municipais

São Paulo ficou, nesta primeira segunda-feira de dezembro, literalmente debaixo d'água. Outras capitais e grandes cidades vão passar pelo mesmo desconforto e o problema, recorrente nas metrópoles, é o teste de fogo para os prefeitos. Em alguns casos, a população simplesmente não liga e releva a "culpa" dos alcaides, mas há os que têm seus mandatos marcados pela força das enchentes. A popularidade despenca e o projeto de reeleição vai, literalmente, por água abaixo... Tudo depende da postura do governante e, é claro, do volume de chuvas. Gilberto Kassab, o desconhecido prefeito paulistano, parece estar com azar: em novembro, choveu como não acontecia desde 1978 em São Paulo. E dezembro mal começou...

Folha dá notícia velha na primeira página

Mereceu chamada de primeira página da edição de segunda-feira (3/12) da Folha de S. Paulo a informação de que a propaganda eleitoral "gratuita" deste ano custou, em renúncia fiscal para rádios e televisão, R$ 191 milhões. Sempre animados, os redatores do jornal cunharam a expressão "Bolsa Político" e foram ouvir cientistas políticos para comentar assunto tão relevante. A animação deve ter sido realmente grande, pois malhar políticos é uma das diversões prediletas dos jornalistsa da Folha , mas nada impedia o jornal de contar que a notícia já havia sido publicada no dia 28 de novembro no Observatório da Imprensa , em texto do professor Venício A. de Lima. Do jeito que saiu, parece até que foi um furo do jornal.

Ombudsman reprova manchetes contra
o presidente Lula; Folha não comenta

Na semana passada, este blog comentou duas das três manchetes que o ombudsman da Folha de S. Paulo , Marcelo Beraba, analisa em sua coluna semanal deste domingo (3/12). Beraba condenou o jornal em dois casos e absolveu no terceiro, conforme o leitor poderá ler abaixo, onde está reproduzida a íntegra do artigo. A manchete sobre a "TV do filho de Lula" mereceu um comentário longo neste blog (clique aqui para ler o texto) e é ponto de concordância do ombudsman com o que foi escrito nessas Entrelinhas. No caso da chamada para as doações dos bancos à campanha do presidente, Beraba absolve a Folha , mas não deixa de relatar o argumento que foi levantado aqui para criticar o jornal: se os valores doados para Lula e Alckmin foram os mesmos, por que razão a Folha mencionou apenas o primeiro? Segundo Beraba, porque Lula venceu e Alckmin perdeu. Pode ser um critério, mas infelizmente a redação da Folha não se manifestou sobre nenhuma das críticas do ombudsman (a outra foi a "ba

Um bom livro que poderia ser mais quente

Blog também é cultura e com o marasmo político da semana, sobra espaço para comentar (e recomendar) a leitura do livro Do golpe ao Planalto - uma vida de repórter , de autoria do jornalista Ricardo Kotscho, que foi secretário de Imprensa do governo Lula até o final de 2004. De leitura agradável – é perfeitamente possível devorar as 368 páginas de uma sentada –, o livro de Kotscho passeia pela história recente do Brasil e traz muita informação útil principalmente para os estudantes de comunicação ou jornalistas que estão começando na profissão. É bem verdade que Kotscho descreve, na maior parte de suas precoces memórias, um cenário que já não existe mais: foi-se o tempo em que os jornais brasileiros tinham correspondentes fixos em cidades como Berlim – Kotscho conta muitas histórias saborosas da sua vida de jornalista no exterior – ou que podiam se dar ao luxo de despachar repórteres para correr o País sem uma pauta pré-determinada. O próprio autor em alguns momentos revela alguma nos