Pular para o conteúdo principal

O que está faltando perguntar aos presidenciáveis

O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), adora usar seu ex-blog, na verdade uma newsletter disparada diariamente por e-mail a quem se cadastra no antigo blog, para fazer sugestões à campanha do candidato Geraldo Alckmin (PSDB). Na edição de ontem, terça-feira, Maia pede que o tucano seja mais simples ao falar, a fim de ser entendido pelas classes C e D.

Inspirado em Cesar Maia, este blog lança uma série que se pretende diária com as boas perguntas que ninguém teve a idéia ou a coragem de fazer aos candidatos à presidência. São questões relevantes para os eleitores e que em geral os presidenciáveis gostariam de evitar responder. Político gosta de seguir a Lei Ricúpero (o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde), mas jornalista existe exatamente para encher a paciência dos representantes do povo, e não para reproduzir o que eles querem ler nos jornais do dia seguinte. Segue abaixo a primeira leva de questões, sobre o tema política externa:

Para a candidata Heloísa Helena, do PSOL:
A senhora acha que a política externa do governo Lula é pior ou melhor do que a adotada na gestão FHC? Sobre a Alca, especificamente, a senhora acha que o governo acertou em deixar as negociações de lado ou seria favorável a um rompimento definitivo com os Estados Unidos?

Para o candidato tucano Geraldo Alckmin:
Se o senhor fosse hoje o presidente do Brasil, condenaria formalmente os ataques de Israel ao Líbano? E teria condenado, como fez o presidente Lula, a invasão norte-americana no Iraque?

Para o presidente Lula, candidato à reeleição:
Qual será a postura de seu governo, no segundo mandato, em relação às negociações em torno da Alca? E que avanços se pode esperar em relação ao Mercosul?

Comentários

  1. Acho que foste muito bonzinho com Lula. Uma pergunta boa seria: Continuará bloqueando as verbas das agências reguladoras? Pretende diminuir novamente as verbas para educação, saúde e saneamento? Continuará com a política de não repasse de verbas de segurança a São Paulo?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe