O presidenciável tucano Geraldo Alckmin acaba de tomar mais um golpe duro: terminou há pouco a reunião do governador do Ceará, Lúcio Alcântara, também tucano, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro deve render boas imagens nos telejornais da noite e belas fotos nos jornais de amanhã. Na prática, o civilizado aperto de mãos entre Lula e Lúcio tem dois efeitos: por um lado, revela que boa parte do tucanato já abandou o candidato do PSDB e correu para o abraço do presidente quase reeleito; e de outro lado serve de antídoto contra eventuais ataques da campanha de Alckmin, que ficará em situação complicada se baixar o nível contra Lula, pois restará provado que há dois tipos de tucanos – os civilizados, como Lúcio, e os selvagens, como Alckmin e o Serra de 2002. Ademais, Lúcio, ao dizer que não é um traidor, mandou um recado diretamente ao presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que no Ceará apóia Cid Gomes, o candidato de Lula no pleito. Leia baixo mais detalhes da reunião entre Lula e Lúcio na versão da Agência Estado.
Após encontro com Lula, Alcântara afirma não ser traidor
BRASÍLIA - O governador do Ceará e candidato à reeleição, Lúcio Alcântara (PSDB), rebateu nesta segunda-feira, 28, críticas de setores do seu partido de que teria traído a legenda ao manifestar apoio à candidatura de Lula à reeleição para a Presidência da República.
Ao deixar o Palácio do Planalto, onde se encontrou por cerca de meia hora com Lula, Lúcio Alcântara insistiu que a audiência foi institucional e administrativa. "Se houver algum traidor, certamente não sou eu", afirmou Alcântara, sem citar os nomes de quais seriam os eventuais traidores.
Sobre o uso da imagem de Lula na campanha tucana ao governo do Ceará, Alcântara defendeu-se: "O meu opositor pretende monopolizar a figura do presidente", reclamou, referindo-se ao candidato pelo PSB, Cid Gomes. Alcântara disse que colocou a imagem de Lula em seu programa eleitoral porque considerou importante uma manifestação que o presidente fez a seu respeito em uma solenidade oficial.
Ao justificar sua audiência com o presidente, o governador cearense disse que não ia fazer "às escondidas" um encontro para discutir "interesses do Estado". Ele disse que discutiu com Lula apenas investimentos do complexo portuário de Pecém, cujo valor não soube responder.
Após o auxílio de assessores, Alcântara disse se tratar de uma parceria no valor de R$ 500 milhões. "Eu que pedi a audiência. O presidente é candidato, mas é presidente. E eu sou candidato, mas sou governador".
Bem recebido
Alcântara minimizou os danos à campanha de Geraldo Alckmin com a aparição de Lula no programa eleitoral do PSDB no Ceará. O candidato à reeleição explicou que é preciso dar importância às relações institucionais (no caso, sua relação como governador de um Estado com o presidente da República). "Não vejo assim (como conflito partidário). Sou do PSDB e apóio o governador Geraldo Alckmin. Ele (Alckmin) tem sido muito bem recebido e tratado por mim, no Ceará", afirmou.
O governador disse que Lu Alckmin, esposa do candidato tucano, também foi bem recebida no Ceará, durante evento eleitoral, há algumas semanas. O governador, contudo, se irritou ao ser provocado por um jornalista de que se fosse dona Marisa Letícia, mulher de Lula, seria melhor recebida. "Não vou comentar ironias", respondeu o governador.
Ao ser questionado se o presidente era um bom puxador de votos, respondeu: "Bom? Olha as pesquisas lá", afirmou Alcântara, referindo-se às pesquisas eleitorais que mostram que Lula tem mais de 70% da preferência no Estado. "Se ajuda ou não ajuda (na campanha) isso é uma questão que temos que avaliar", desconversou.
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