
Se as performances de Plínio e Apolinário foram as que mais chamaram atenção do público, é preciso também atentar para a estratégia de cada um dos candidatos e tentar perceber se os objetivos foram cumpridos. Muitas vezes, o candidato parece ter ido bem para olhos leigos, mas não cumpriu o papel que seu staff de campanha havia combinado.
Assim, pode-se dizer que o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) foi para a TV Bandeirantes como o objetivo de mostrar que é, entre todos os competidores, o mais experiente, o único que tem realizações de governo, enfim, o melhor preparado para assumir o cargo que um dia já foi seu. Em alguns momentos, Quércia pode ter parecido repetitivo ao falar de Educação, Segurança e Emprego, mas a repetição é forçada, proposital, pois são esses os eixos da campanha peemedebista, que pretende criar um "círculo virtuoso" no Estado (melhor educação possibilita ao jovem que conquiste uma boa vaga de trabalho; e o menor desemprego melhora os problemas da violência).
Já o candidato Aloizio Mercadante pedeceu ontem de uma estratégia clara no debate. Não forçou o embate com o ausente José Serra, caiu na armadilha de provocar o ex-petista Plínio Sampaio e também não "grudou" a sua imagem à de Lula. No fundo, tudo que o senador fez foi desfilar números à exaustão, certamente com o intuito de provar que é quem melhor domina a "ciência" de governar. O problema todo é que o eleitor já deu mostras de que não está tão interessado nesses qualificativos "técnicos" – do contrário o presidente Lula não estaria à frente de Geraldo Alckmin.
Quanto a Plínio e Apolinário, certamente os dois também cumpriram seus objetivos: Plínio polarizou com Mercadante e saiu do programa como o único a se diferenciar verdadeiramente das teses neoliberais. Sua performance também fugiu do feijão com arroz dos demais e o o candidato do PSOL conseguiu atrair atenção para si, outro objetivo importante para quem tem tão pouco tempo na propaganda eleitoral gratuita. Já Apolinário foi ao debate para se apresentar como o "anti-Serra". Com sua retórica inflamada de pastor, também conseguiu passar esta imagem. Resta saber se conseguiu com tal estratégia ganhar algum voto para si ou apenas irritou o eleitor de Serra.
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