Quem assistiu o programa Roda Viva, da TV Cultura, deve ter ficado com a impressão de que a oposição ao governo Lula tem duas caras. A que bate forte no governo todos os dias, que não quer saber da Venezuela no Mercosul, critica o nível da taxa de juros e coisa e tal. Uma outra oposição, mui elegante, é a que emerge da fala de Fernando Henrique Cardoso no programa. Noves fora zero, FHC disse que apóia a entrada da Venezuela no bloco, não sabe se dá para baixar a Selic abaixo do rendimento da caderneta de poupança e acha boa idéia a proposta de Renda de Cidadania do senador Eduardo Suplicy (PT) – neste caso, uma óbvia gentileza. Tem mais: Cardoso afirmou que o governo Lula é fiscalmente responsável (lembrou que Lula aumentou o superávit primário), lembrou que "presidente tem de ser otimista", evitando criticar o discurso de seu sucessor em relação aos efeitos da crise no Brasil, e voltou a expor a tese de que PT e PSDB disputam o comando do atraso na política brasileira. Em suma, Fernando Henrique pegou muito leve com o PT durante toda a entrevista, mesmo nos momentos em que foi provocado. Não deu para entender muito bem se tal comportamento se deve a algum cálculo político ou se ele foi mesmo sincero. Os trogloditas e pit bulls da oposição espalhados pela blogosfera devem ter ficado um pouco decepcionados. O "bate nele, doutor" que essa turma sempre pede em referência ao presidente Lula simplesmente não aconteceu. Se o tom de José Serra na campanha de 2010 também for este, os neocons terão saudades de Geraldo Alckmin. Muitas saudades.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
Não penso que FHC pegue leve ou pesado. FHC dá a linha! Ora de um modo, ora de outro. Também não acho que é para a militância pessedebista ou para a cúpula tucana que ele fala. Nosso EX-presidente se dirige aos setores da elite paulista que sempre aguardam o tom de suas afirmações para dar os passos seguintes no tabuleiro político do qual pensam ser peça importante. Amanhã teremos jornalistas, professores, economistas e um monte de gente reduzindo o tom da crítica ao governo. Essa é a impressão que fica para mim. É hora de reservar as forças para os momentos seguintes. É hora de organizar o PSDB para não perder os votos que Minas Gerais trará. E também é hora de aparecer bastante em público para mostrar que ele ainda é quem dá a linha (senão política), pelo menos de como seu partido, o PIG e os separatistas paulistas devem se comportar.
ResponderExcluirRicardo T. Sá Teles
Como no seu post anterior "a política brasileria é surreal" - FHC é o maior traior da pátria, fez tudo que os seus amiguinhos "neo-liberais" queriam, e mais, até hoje não esta bem explicada a entrada no governo do senhor Miguel Jorge, coisas da privataria brasileira.
ResponderExcluirwww.provosbrasil.blogspot.com
Até
Provos Brasil