É realmente muito difícil ser ético neste país, ainda mais no PMDB. Conforme o leitor poderá ler abaixo, em nota retirada do blog do jornalista Luiz Carlos Azenha mas publicada originalmente no site Direto da Redação, o senador Jarbas Vasconcelos, último (ou seria penúltimo, Pedro Simon está na fila há mais tempo) dos puros no maior partido político do país, o homem que nada teme (o que é sempre mais fácil quando se ganha R$ 17 mil em salário vitalício), enfim, a única virgem no bordel, foi responsável pela demissão de um colunista do centenário Jornal do Commercio pernambucano. O crime de Inaldo Sampaio, o demitido, é "não comer na mão de Jarbas", segundo Urariano Mota. Para ser mais claro, o jornalista foi demitido porque não engoliu a lição de moral despejada pelo senador na revista Veja. Vale a pena ler a nota na íntegra.
Jarbas demite jornalista
por Urariano Mota Recife (PE)
A notícia correu fora dos jornais de Pernambuco: "o Jornal do Commercio demitiu o colunista político Inaldo Sampaio". Fossem outros tempos, essa notícia não passaria de murmúrios no bar da esquina, entre boleros de letras que murmuram. Mas em tempos de internet, a liberdade de imprensa sobrevive, e por isso a partir do blog
Acerto de Contas
A notícia da demissão de alguém que escreve a notícia existiu: "Há horas que recebo ligações de jornalistas das diversas redações de Pernambuco para ‘fofocar' sobre a demissão do colunista de Política do JC, Inaldo Sampaio. Inaldo estava há 22 anos como titular da coluna Pinga-Fogo e foi demitido, segundo versão corrente no mercado, porque foi a única voz que questionou dentro do jornal a autoridade do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) em sua entrevista à Veja.
Dentro do Jornal do Commercio, diz-se que foi o próprio João Carlos Paes Mendonça (dono do grupo de comuni cação) que mandou demiti-lo". Nos comentários à notícia, agora de fato notícia, corporificada à vista de todos, os comentaristas diziam o que jornal nenhum publicou ou publicaria: "Inaldo Sampaio é um dos poucos colunistas do Estado que não comem na mão de Jarbas. Ou do ‘cozido' de Jarbas. Marisa Gibson e Paulo Sérgio Scarpa, por exemplo, não perdem um!
E o resultado, todo mundo sabe: Marisa é uma fiel porta-voz de Jarbas, enquanto as notas sobre o senador que saem na coluna de Scarpa (Repórter JC) são ‘sopradas' (muitas vezes escritas, mesmo), por Ennio Benning, assessor de imprensa de Jarbas. As pendengas com Inaldo por causa de sua antipatia recíproca com Jarbas são antigas e todo mundo já contava com esse desfecho, motivado pelas notas escritas na semana passada....".
Acreditem, por incrível que pareça, isso não é novo no front da imprensa, de Pernambuco ou da outra grande provícncia, São Paulo, onde Serra corta e exige cabeças de jornalistas. No caso do Jornal do Commercio, o mal vem de mais longe. Em 9 de agosto de 1999, o prefeito do Recife invadiu o jornal absolutamente fora de si.
Escrevemos invadir, mas devemos corrigir. Autoridades não invadem um jornal no Recife, apenas entram sem convite. Ou melhor, autoridades no Recife sempre estão mui bem convidadas. O fato é que Roberto Magalhães, hoje deputado federal pelo DEM, passou por cima de porteiro e portaria, com o paletó aberto e revólver à mostra na cintura, porque homem é homem.
Subiu, dirigiu-se ao chefe de redação, e mandou vir à sua presença o colunista social Orismar Rodrigues. Autoridade é autoridade. E lhe perguntou, exibindo o revólver: - O senhor quer viver mais alguns anos? Quer?! Então tome cuidado, preste muita atenção ao que escreve.
As testemunhas desse "diálogo" dizem que a fala não se deu nesse tom, acreditem, civilizado. Que o c olunista foi tratado pelo vocativo baby. Que o prefeito gritava, irado e possesso a ponto de matar. Porque ali estava um homem disposto a reparar a honra da sua, dele, família.
Por isso não peçam gradação no título desta coluna. Não digam que Jarbas Vasconcelos não é patrão, ou que não existem provas factuais de que ele tenha ligado para o dono do jornal e reclamado, suave, "Olha, esse Inaldo está me atrapalhando". O rolo compressor da política não tem sido complexo ou sutil. Pelo contrário, tem sido bruto e grosseiro: quem não está comigo, está contra mim. Demita-se. Quem mandou o colunista político não gostar do cozido na casa de Jarbas?
Jarbas demite jornalista
por Urariano Mota Recife (PE)
A notícia correu fora dos jornais de Pernambuco: "o Jornal do Commercio demitiu o colunista político Inaldo Sampaio". Fossem outros tempos, essa notícia não passaria de murmúrios no bar da esquina, entre boleros de letras que murmuram. Mas em tempos de internet, a liberdade de imprensa sobrevive, e por isso a partir do blog
Acerto de Contas
A notícia da demissão de alguém que escreve a notícia existiu: "Há horas que recebo ligações de jornalistas das diversas redações de Pernambuco para ‘fofocar' sobre a demissão do colunista de Política do JC, Inaldo Sampaio. Inaldo estava há 22 anos como titular da coluna Pinga-Fogo e foi demitido, segundo versão corrente no mercado, porque foi a única voz que questionou dentro do jornal a autoridade do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) em sua entrevista à Veja.
Dentro do Jornal do Commercio, diz-se que foi o próprio João Carlos Paes Mendonça (dono do grupo de comuni cação) que mandou demiti-lo". Nos comentários à notícia, agora de fato notícia, corporificada à vista de todos, os comentaristas diziam o que jornal nenhum publicou ou publicaria: "Inaldo Sampaio é um dos poucos colunistas do Estado que não comem na mão de Jarbas. Ou do ‘cozido' de Jarbas. Marisa Gibson e Paulo Sérgio Scarpa, por exemplo, não perdem um!
E o resultado, todo mundo sabe: Marisa é uma fiel porta-voz de Jarbas, enquanto as notas sobre o senador que saem na coluna de Scarpa (Repórter JC) são ‘sopradas' (muitas vezes escritas, mesmo), por Ennio Benning, assessor de imprensa de Jarbas. As pendengas com Inaldo por causa de sua antipatia recíproca com Jarbas são antigas e todo mundo já contava com esse desfecho, motivado pelas notas escritas na semana passada....".
Acreditem, por incrível que pareça, isso não é novo no front da imprensa, de Pernambuco ou da outra grande provícncia, São Paulo, onde Serra corta e exige cabeças de jornalistas. No caso do Jornal do Commercio, o mal vem de mais longe. Em 9 de agosto de 1999, o prefeito do Recife invadiu o jornal absolutamente fora de si.
Escrevemos invadir, mas devemos corrigir. Autoridades não invadem um jornal no Recife, apenas entram sem convite. Ou melhor, autoridades no Recife sempre estão mui bem convidadas. O fato é que Roberto Magalhães, hoje deputado federal pelo DEM, passou por cima de porteiro e portaria, com o paletó aberto e revólver à mostra na cintura, porque homem é homem.
Subiu, dirigiu-se ao chefe de redação, e mandou vir à sua presença o colunista social Orismar Rodrigues. Autoridade é autoridade. E lhe perguntou, exibindo o revólver: - O senhor quer viver mais alguns anos? Quer?! Então tome cuidado, preste muita atenção ao que escreve.
As testemunhas desse "diálogo" dizem que a fala não se deu nesse tom, acreditem, civilizado. Que o c olunista foi tratado pelo vocativo baby. Que o prefeito gritava, irado e possesso a ponto de matar. Porque ali estava um homem disposto a reparar a honra da sua, dele, família.
Por isso não peçam gradação no título desta coluna. Não digam que Jarbas Vasconcelos não é patrão, ou que não existem provas factuais de que ele tenha ligado para o dono do jornal e reclamado, suave, "Olha, esse Inaldo está me atrapalhando". O rolo compressor da política não tem sido complexo ou sutil. Pelo contrário, tem sido bruto e grosseiro: quem não está comigo, está contra mim. Demita-se. Quem mandou o colunista político não gostar do cozido na casa de Jarbas?
Não que não tenha gostado do título, mas você não acha que algo nas linhas "pistolão na cintura, baby" com acompanhamento musical de Nancy Sinatra "my baby shot me down"... não acha que seria mais ao caso?
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