Pular para o conteúdo principal

Primeiro teste da "unidade" tucana

Os governadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) cumprem na noite de hoje uma agenda conjunta no Recife. Participam de lançamento do livro do ex-ministro Fernando Lyra, da inuguração de um auditório na sede o PSDB local e jantam com o presidente da legenda, Sérgio Guerra, em evento que contará com deputados federais e estaduais pernambucanos. Nem de longe, como se vê, uma reunião fechada e restrita como o já célebre jantar que reuniu Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e os dois governadores em 2006 no restaurante Massimo, na capital paulista.

A verdade é que Serra não queria nada disto e trabalha nos bastidores para convencer Aécio a desistir do processo de prévias, que o paulista julga um desgaste desnecessário. O problema é que o líder mineiro não vai abrir mão do processo de forma tão tranquila - ou Serra oferece algo que Aécio não possa recusar ou terá mesmo que engolir a disputa com seu colega de Minas.

As prévias tucanas são uma verdadeira incógnita. Nunca o partido realizou coisa parecida. Também não se trata de uma legenda com muitos militantes, de maneira que a proposta das prévias parece mesmo um tanto "fora de lugar", para usar um termo de agrado do tucanato. Talvez uma Convenção Nacional pudesse ser já um foro adequado para decidir quem afinal será o candidato a presidente em 2010 e no fundo é provável que as prévias acabem sendo realizadas exatamente para que esses convencionais decidam a parada. Uma "prévia mista", digamos assim, sem participação direta da militância, até porque o PSDB não é exatamente um partido de massas. Mas já seria um grande avanço em relação aos triunviratos que vinham decidindo este tipo de questão no partido. A ver, naturalmente, pois este blog não duvida que no fim das contas os bicudos se acertem e a "unanimidade" prevaleça.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...