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Sobre Protógenes e a Veja

O autor destas Entrelinhas ainda não leu a reportagem da revista Veja sobre a suposta rede de espionagem montada pelo delegado Protógenes Queiroz, o homem que prendeu Daniel Dantas. Tão logo compre a revista e termine a leitura, comentará aqui o teor da reportagem. Desde logo, porém, cabem duas advertências aos leitores do blog: o delegado já negou o teor da matéria da revista, como se pode ler abaixo, em post retirado do blog do jornalista Paulo Henrique Amorim; e em se tratando de um "furo" da Veja, é preciso ter dois pés atrás, porque a revistinha da Abril é hoje qualquer coisa menos um veículo de comunicação jornalístico. Presta serviço a poderosos de diversos naipes e a outros tantos que almejam um dia se tornarem poderosos. Volta e meia, é verdade, o panfletão publica uma ou outra reportagem jornalística, mas tantas são as "encomendas" que é difícil distiguir uma coisa de outra. E neste caso, em particular, o blog aposta que há alguma vendetta em andamento. Mas como é preciso sempre dar o benefício da dúvida ao réu, se faz necessário perder algum tempo lendo e analisando o que foi publicado na revista. Fica a promessa de um comentário mais aprofundado sobre da reportagem logo mais. Por enquanto, a versão do delegado:

Protógenes sobre a Veja:"Tudo mentira !"


Diálogo agora de manhã com o ínclito delegado Protógenes Queiroz sobre a “reportagem” de capa da Veja.

- Você viu a Veja?

- Li, comprei no aeroporto. (*)

- O que você acha?

- Eles estão querendo prorrogar a CPI (do Itagiba), que não deu em nada.

- Mas, e as denúncias?

- Tudo mentira.

- Eu imaginei que fosse assim: o juiz te autoriza a grampear o Naji Nahas, o Naji Nahas se encontra com o Papa e você tem o Papa na gravação. Não pode ser isso?

- Pode ser. Mas não é isso.

- Não tem ninguém ali que tenha aparecido no grampo de outro?

- Só tem a Dilma, mas isso aparece na Satiagraha.

- E a vida amorosa dela, isso que a Veja fala.

- Não tem nada.

- E o Gilmar Mendes?

- Não tem nada.

- Mas, pera aí, não tem nenhum documento, nada? O que acharam na casa do teu filho, no Rio?

- Nada.

- E na tua casa em Brasília?

- Nada. Tem o computador da minha mulher.

- E no teu pen-drive?

- Tem o material que eu já encaminhei à Procuradoria Geral da República. É material da Satiagraha.

- E do Fernando Henrique?

- Não tem grampo nenhum. Nada.

- E do José Serra?

- Nada. Só aparece uma conversa da filha dele com a irmã do Daniel Dantas. Mas, é uma relação empresarial. Não tinha nada a ver com a investigação.

- E o filho do Lula?

- Não aparece em nenhum momento, não tem nada.

- Mas, como é que a Veja ia inventar tudo?

- Cadê o áudio do grampo, Paulo Henrique? É só isso: um vazamento mentiroso.

Comentários

  1. Luiz,
    não precisa comprar a revista. A\íntegra da "reportagem" está aqui:
    http://arquivoetc.blogspot.com/2009/03/especial-tenebrosa-maquina-do-dr.html
    Julgue por você mesmo o escandaloso vazamento de “63 fotografias, 932 arquivos de áudio, 26 arquivos de vídeo e 439 documentos em texto”, de onde Veja tira sua suposições. Curiosamente, Veja afirma que não teve acesso a apenas três arquivos, que estariam protegidos por senha. Nome dos arquivos "Tucanos", "Serra", "FHC".
    Precisa falar mais alguma coisa? É um novo boimate.

    ResponderExcluir
  2. Interessante é saber se em dois dias eles colocaram todo o prédio da Editora Abril para ouvir os 932 arquivos de áudio, ler os 439 documentos em texto, assistir os 26 arquivos de vídeo...

    ResponderExcluir
  3. Saiu na Veja? É mentira. Mas a matilha dos neocons estava faminta e, como reconheceu Roberto Civita em entrevista ao Comunique-se, a função da revista é saciar a sede de sangue do seu distinto e reacionário público. Jornalismo, na Veja, é um detalhe irrelevante, praticado apenas quando não prejudica as negociatas. Não perco meu tempo com jornalismo de latrina. Vou esperar a tua avaliação crítica Luiz.
    Um abraço.

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  4. Nem me preocupo mais com essa revista e determinados jornais, sei que é mentira!

    ResponderExcluir
  5. A Veja faz o que a Veja faz melhor. Ou seja, era de se esperar que eles fizessem outra coisa?

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