A reportagem reproduzida abaixo não saiu em nenhum veículo de comunicação oficial, mas no sempre correto Valor Econômico. A oposição vai continuar batendo na tecla do confisco ou já entendeu que a medida foi positiva?
A hora da caderneta
Por Adriana Cotias, Alessandra Bellotto e Angelo Pavini, de São Paulo - VALOR
Para valores menores, até R$ 50 mil, a caderneta será indiscutivelmente a melhor opção num cenário de juros baixos, inferiores a 10% ao ano. Só fundos com taxa de administração inferior a 1% ao ano serão páreo para o juro anual isento, de 6,17% ao ano, das cadernetas populares, que ficaram fora da complexa tributação prevista para começar em 2010. E isso mesmo com a prometida redução do imposto de renda sobre a renda fixa, de 22,5% para 15%. A caderneta de poupança vira, assim, alternativa interessante até para quem quiser diversificar parte de suas aplicações.
Se o juro voltar a superar os 10%, a vantagem da caderneta diminui e fundos que cobram até 1,5% ao ano voltam a ser atrativos. Mas como há fundos populares com taxas de administração muito mais altas, a mudança serve de deixa para o investidor que está em um deles rever suas aplicações. “A discussão sobre a poupança não anula a das taxas de administração porque, com o juro menor, o impacto da cobrança na rentabilidade é muito maior”, diz Ricardo Leal, do Instituto Coppead de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Basta lembrar que uma taxa de 4% ao ano equivale a quase metade do juro previsto para o fim do ano, de 9%.
Fabio Colombo, administrador de investimentos, diz que as novas medidas vão afetar especialmente os investidores médios. Segundo ele, a alta renda já tem acesso a taxas de administração mais competitivas, além de alternativas com maior potencial de retorno, e os pequenos poupadores não vão ser pegos pela taxação da caderneta.
“A classe média, que tem mais de R$ 50 mil aplicados, mas não volumes tão maiores, vai ter de ficar atenta e começar a fazer conta para saber se vale a pena ficar em fundo ou poupança”, diz. Para este ano, a expectativa não é de grandes movimentações de investidores, já que as novas regras para poupança só são válidas para o próximo ano e os fundos ainda podem ter um desconto na tributação.
Segundo Colombo, já neste mês, um fundo que tenha rendimento bruto igual ao CDI, em torno de 10,15% ao ano, para ser comparável à poupança, tem de ter uma taxa de administração menor que 1% ao ano, levando em conta uma alíquota de 22,5% de IR para aplicações até seis meses. Se a Selic cair para 9,25% no fim do ano, a taxa de administração de equilíbrio cai para 0,5% a 0,6%. Ele observa, porém, que alguns fundos conseguem render mais que o CDI e podem até cobrar uma taxa maior.
No ano que vem, a conta para quem tem mais de R$ 50 mil na poupança não será assim tão trivial. O investidor terá de levar em consideração variáveis como a taxa Selic para a aplicação do redutor para a base de cálculo da parcela do rendimento tributável e a alíquota de imposto de renda da declaração anual. Uma das alternativas, segundo Colombo, pode ser deixar R$ 50 mil e diversificar o excedente.
O governo conseguiu empurrar com a barriga o problema do juro real da poupança, mas vai ter de voltar ao assunto no futuro, diz Otávio Vieira, diretor de investimentos da Safdié Gestão de Patrimônio. “É uma tributação muito complicada e tudo que é muito complexo acaba não funcionando bem”, diz.
Para ele, os maiores beneficiados pelas mudanças são os grandes investidores em fundos de renda fixa e DI, que podem ter as alíquotas de imposto de curto prazo reduzidas para 15%. Já os fundos de varejo dos grandes bancos ficam ameaçados. “Não vai dar mais para um fundo DI cobrar 2%, 3%, 4% ao ano como cobram hoje”, diz Vieira. “Vai ser um ajuste que terá de ser feito no varejo”, diz.
Se os juros realmente caírem abaixo de 10% ao ano, seria mais viável e rentável aos cotistas com menos de R$ 50 mil aplicados em fundos ir para a poupança, diz o consultor de investimentos Paulo Bittencourt. “Os bancos não vão reduzir as taxas de administração na proporção que torne essa alternativa mais vantajosa.”
O esforço da mobilidade pode ser, entretanto, em vão, pondera. “O investidor corre o risco de sair de um fundo DI que cobra taxa de 2,5% e, oito meses depois, ver a Selic de volta aos 11%; é muito difícil considerar que, num intervalo de 2010 a 2015, a inflação será estável, abaixo de 3%”, afirma o consultor.
A hora da caderneta
Por Adriana Cotias, Alessandra Bellotto e Angelo Pavini, de São Paulo - VALOR
Para valores menores, até R$ 50 mil, a caderneta será indiscutivelmente a melhor opção num cenário de juros baixos, inferiores a 10% ao ano. Só fundos com taxa de administração inferior a 1% ao ano serão páreo para o juro anual isento, de 6,17% ao ano, das cadernetas populares, que ficaram fora da complexa tributação prevista para começar em 2010. E isso mesmo com a prometida redução do imposto de renda sobre a renda fixa, de 22,5% para 15%. A caderneta de poupança vira, assim, alternativa interessante até para quem quiser diversificar parte de suas aplicações.
Se o juro voltar a superar os 10%, a vantagem da caderneta diminui e fundos que cobram até 1,5% ao ano voltam a ser atrativos. Mas como há fundos populares com taxas de administração muito mais altas, a mudança serve de deixa para o investidor que está em um deles rever suas aplicações. “A discussão sobre a poupança não anula a das taxas de administração porque, com o juro menor, o impacto da cobrança na rentabilidade é muito maior”, diz Ricardo Leal, do Instituto Coppead de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Basta lembrar que uma taxa de 4% ao ano equivale a quase metade do juro previsto para o fim do ano, de 9%.
Fabio Colombo, administrador de investimentos, diz que as novas medidas vão afetar especialmente os investidores médios. Segundo ele, a alta renda já tem acesso a taxas de administração mais competitivas, além de alternativas com maior potencial de retorno, e os pequenos poupadores não vão ser pegos pela taxação da caderneta.
“A classe média, que tem mais de R$ 50 mil aplicados, mas não volumes tão maiores, vai ter de ficar atenta e começar a fazer conta para saber se vale a pena ficar em fundo ou poupança”, diz. Para este ano, a expectativa não é de grandes movimentações de investidores, já que as novas regras para poupança só são válidas para o próximo ano e os fundos ainda podem ter um desconto na tributação.
Segundo Colombo, já neste mês, um fundo que tenha rendimento bruto igual ao CDI, em torno de 10,15% ao ano, para ser comparável à poupança, tem de ter uma taxa de administração menor que 1% ao ano, levando em conta uma alíquota de 22,5% de IR para aplicações até seis meses. Se a Selic cair para 9,25% no fim do ano, a taxa de administração de equilíbrio cai para 0,5% a 0,6%. Ele observa, porém, que alguns fundos conseguem render mais que o CDI e podem até cobrar uma taxa maior.
No ano que vem, a conta para quem tem mais de R$ 50 mil na poupança não será assim tão trivial. O investidor terá de levar em consideração variáveis como a taxa Selic para a aplicação do redutor para a base de cálculo da parcela do rendimento tributável e a alíquota de imposto de renda da declaração anual. Uma das alternativas, segundo Colombo, pode ser deixar R$ 50 mil e diversificar o excedente.
O governo conseguiu empurrar com a barriga o problema do juro real da poupança, mas vai ter de voltar ao assunto no futuro, diz Otávio Vieira, diretor de investimentos da Safdié Gestão de Patrimônio. “É uma tributação muito complicada e tudo que é muito complexo acaba não funcionando bem”, diz.
Para ele, os maiores beneficiados pelas mudanças são os grandes investidores em fundos de renda fixa e DI, que podem ter as alíquotas de imposto de curto prazo reduzidas para 15%. Já os fundos de varejo dos grandes bancos ficam ameaçados. “Não vai dar mais para um fundo DI cobrar 2%, 3%, 4% ao ano como cobram hoje”, diz Vieira. “Vai ser um ajuste que terá de ser feito no varejo”, diz.
Se os juros realmente caírem abaixo de 10% ao ano, seria mais viável e rentável aos cotistas com menos de R$ 50 mil aplicados em fundos ir para a poupança, diz o consultor de investimentos Paulo Bittencourt. “Os bancos não vão reduzir as taxas de administração na proporção que torne essa alternativa mais vantajosa.”
O esforço da mobilidade pode ser, entretanto, em vão, pondera. “O investidor corre o risco de sair de um fundo DI que cobra taxa de 2,5% e, oito meses depois, ver a Selic de volta aos 11%; é muito difícil considerar que, num intervalo de 2010 a 2015, a inflação será estável, abaixo de 3%”, afirma o consultor.
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