Pular para o conteúdo principal

Um retrato do "choque de gestão" de Serra

O que vai abaixo é o retrato da tão propalada "competência" tucana para governar. A questão é tão simples que realmente causa espanto: a cidade de São Paulo vive hoje a Virada Cultural, evento que tem data fixa no calendário e é conhecido de todos os administradores públicos do Estado. A idéia da Virada é que a população paulistana saia às ruas, especialmente do centro, à noite e durante toda a madrugada, para assistir e participar de uma série de shows, concertos, espetáculos de dança, teatro e cinema, a maior parte deles de graça ou a preços simbólicos. Para tanto, é óbvio, os transportes públicos são disponibilizados em esquema diferenciado na noite e madrugada do evento. Pois bem, não é que os gênios que comandam a Companhia do Metropolitano de São Paulo, estatal do governo do Estado que cuida da operação do metrô, decidiram fechar uma das estações centrais (República) bem na data da Virada Cultural. A alegação para o fechamento é o trabalho de construção da linha 4, mas é de fato estarrecedora a falta de sensibilidade dos tecnocratas. O resultado, claro, não poderia ter sido outro: muita confusão, como se pode ler em matéria da Folha Online reproduzida abaixo.

O governador José Serra e seus correligionários tucanos vivem dizendo que o PSDB governa melhor e que o diferencial em relação aos demais partidos é a maior capacidade de gestão. A população de São Paulo que tenta usar o metrô neste momento está percebendo direitinho este enorme diferencial que o PSDB tem a oferecer...

Passageiros enfrentam novos tumultos em estação de metrô na Virada Cultural

DAYANNE MIKEVIS
MARINA NOVAES
da Folha Online

Virada Cultural Quem optou por seguir em direção às atrações da Virada Cultural no centro de São Paulo de metrô enfrentou novos tumultos na noite deste sábado na estação Anhangabaú. Além da confusão causada pela interdição da estação República devido às obras de construção da linha-4 (Amarela), o grande número de passageiros fez com que a direção do Metrô bloqueasse a entrada da estação Anhangabaú das 19h30 às 20h, causando novas filas.

De acordo com o gerente de operações do Metrô, Wilmar Fratini, a estação teve de ser fechada para que os passageiros que já estavam na parte de dentro conseguissem embarcar nos vagões. Segundo o gerente, no entanto, por volta das 21h a situação já havia sido normalizada.
"A gente nunca teve problemas. Na verdade, o que acabou dessa vez complicando um pouquinho foi a questão da obra", afirmou o gerente. Segundo o Metrô, a estação República ficará fechada até a meia-noite de domingo (3) e volta a funcionar normalmente a partir das 4h de segunda-feira (4).

A interdição já estava programada no cronograma das obras da Linha-4 e coincidiu com a realização da Virada Cultural, evento que deve atrair cerca de 3,5 milhões de pessoas em 24 horas de programação a partir das 18h de hoje.

Confusão

Desde à 1h de hoje, o usuário que chega na estação Anhangabaú ou na estação Santa Cecília do Metrô é orientado a deixar o trem e seguir o percurso de ônibus. O trajeto é realizado gratuitamente por 60 ônibus, porém, com um atraso de cerca de 20 minutos, segundo apurou a a reportagem.

Passageiros dos ônibus reclamavam da demora. Ao chegar na estação Anhangabaú, alguns forçavam as portas do ônibus para descer.

Mensagens sonoras, banners e funcionários nas plataformas avisam os passageiros sobre como proceder. Mesmo assim, à tarde e à noite, muitos passageiros reclamavam da falta de informações sobre para onde deveriam seguir e onde obter a senha para ter acesso aos ônibus gratuitos que levariam até a próxima estação.

O Metrô informou, no entanto, que o efetivo de funcionários escalados para trabalhar na Virada Cultural é três vezes maior que nos finais de semana comuns.

"A chegada das pessoas para a programação da Virada costuma ser mais concentrada, daí essa aglomeração [de pessoas na estação Anhangabaú]. Mas creio que não devemos ter novos problemas", disse.

Durante o evento, o Metrô funcionará sem interrupções, com exceção da estação República, que permanecerá fechada. O esquema especial, com os ônibus fazendo o trajeto entre as estações Anhangabaú e Santa Cecília, será mantido por toda a madrugada.

Comentários

  1. Sabe o que vai acontecer? Como eles são os arautos do Neoliberalismo, eles vão privatizar o MetroSP como solução de todos os problemas, como já irão fazer com a terceirização das bilheterias. O raciocínio é simples, se você fôsse banqueiro você terceirizaria os caixas? Conclusão: ou você é louco ou você está com algum interesse por trás, e como estamos em plena campanha presidencial não é difícil entender porque o Serra quer terceirizar todo o sistema de bilheterias da SPTrans, afinal será mais uma teta para oxigenar grana para a campanha. Qualquer dúvida acesse o site do sindicatos dos Metroviário de São Paulo: http://www.metroviarios-sp.org.br/

    ResponderExcluir
  2. Creio que a intenção do Serra era usar a Virada para fazer propaganda das obras, já que o fluxo de pessoas seria intenso. A senha para usar na entrada da Estação Santa Cecília ou Anhangabaú tinha a foto do tatuzão, os cartazes tinham a mesma foto e os alertas sonoros também citavam as "obras de expansão" do metrô, e não pura e simplesmente a interdição da Estação República. Se era essa a intenção, foi um tiro no pé, já que virou uma bagunça generalizada.

    ResponderExcluir
  3. Faço minhas as palavras do Renan Pena.É o famoso marketing do mal dos tucanos: "veja, vc esta sofrendo hoje mas é por um bem maior amanhã!"

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue...

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...