Pular para o conteúdo principal

Manipulando números

Inacreditável a manchete do UOL sobre os bons números do emprego formal em abril: "Geração de emprego formal cai 94% no ano". Evidentemente, o fato relevante é a recuperação das contratações e não a comparação com abril de 2008, em cenário anterior à crise, quando a economia estava bombando. Este blog aposta que quando chegar setembro, outubro, os veículos do grupo Folha utilizarão sempre a comparação com o mês anterior (porque a comparação com o mesmo mês do ano anterior será sempre muito favorável ao governo, já que foram naqueles meses que se verificaram as maiores quedas). Estatística é algo que se presta a toda sorte de manipulação.

Comentários

  1. Luiz, sabe o que eu penso sobre isso (aliás, pode notar que faz tempo que leitores de seu blog já deixaram de apontar essas manipulações já batidas)? Essa tática já ficou cansativa e pode muito bem virar contra seus autores. Da mesma forma são as matérias sobre os salários do funcionalismo público que saem todo domingo na Folha ou no Estadão. Cansou já e, se bobear, até quem não acreditava nessa manipulação já a sacou, pois passa a ser algo que realmente não bate com a realidade. Sem contar que tem aquela conhecida sensação, bem particular dos mais velhos quando assistem a telejornais: ninguém suporta esse bombardeio de notícias ruins, ninguém mesmo. E é incrível como, também, as manchetes são construídas de tal modo a passar a impressão de que nada no Brasil funciona, ao contrário da cidade e do estado de SP, em que tudo vai às mil maravilhas, exemplos de eficiência e gestão...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe