Pular para o conteúdo principal

CPI e a privatização da Petrobras

Os tucanos estão dodói porque alguns políticos petistas e gente com cargo no governo federal saíram por aí dizendo que o PSDB quer a CPI da Petrobras para enfraquecer a companhia e conseguir ao fim e ao cabo privatizá-la. É até engraçado perceber como os tucanos caem na armadilha petista e conseguem fazer tanto barulho em torno da venda da companhia que no final da história o povão começa a desconfiar que, ante tantas negativas, os tucanos devem querer, sim, privatizar a Petrobras.

Sim, essa estratégia do PT deu certo em 2006 e poderá ser repetida sempre que necessário (faz parte do jogo político, para começo de conversa) por um motivo simples: os tucanos de fato privatizaram um monte de empresas (Vale e Telebrás, para ficar só nas maiores), são comumente associados às privatizações e, sobretudo, porque não têm peito para defender a posição favorável às privatizações.

Ninguém sairia por aí falando "lá vem eles de novo com a ideia de privatizar a Petrobras" se um presidente da empresa, durante a gestão de FHC, não levasse adiante a idéia de jerico de trocar o nome da companhia para Petrobrax. Pior ainda, porém, é mesmo a falta de coragem do PSDB em assumir que é favorável à política de privatizações que implantou quando esteve no poder. Por que diabos José Serra e Aécio Neves não dizem claramente: "nós somos favoráveis ao Estado Mínimo e queremos vender o Banco do Brasil (Serra vendeu a Nossa Caixa) e a Petrobras para usar o dinheiro em obras de infraestrutura". Porque no fundo, no fundo, é isto mesmo o que eles pensam. Não dizem, lógico, mas pensam. Não têm força política para enfrentar essa disputa, mas se tivessem, não hesitariam em vender as principais companhias estatais, pelo simples motivo de acreditar que o setor privado é mais competente e ágil.

Para o Brasil, seria bem melhor se os tucanos assumissem a defesa de seus ideais, sem subterfúgios, sem tentar enganar a população. O debate ficaria mais claro e as pessoas poderiam votar com mais consciência.

Comentários

  1. Ei... fiu... amigo...

    Jerico é com jota!

    ResponderExcluir
  2. Bicho, mas eles já tentaram privatizar a petrobrás em 98.

    Não é dúvida que eles continuariam o processo caso chegassem ao poder. É fato.

    E todo mundo viu no que deu as privatizações do FHC. Daniel Dantas saiu do útero da mãe naquela época!

    ResponderExcluir
  3. Luiz, acho que Eletrobrás não foi privatizada. Será que você não quis dizer sistema Telebrás?

    ResponderExcluir
  4. Opa, dois erros na nota, obrigado aos leitores pelos toques. Já está corrigido. Jerico e Telebrás...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe