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Dois pesos e duas medidas

A reportagem abaixo está no blog do jornalista Josias de Souza, da Folha de S. Paulo, com direito a chamada na Folha Online. De fato, é uma história forte, mais um dos tantos escândalos da atual legislatura do Congresso Nacional. O que chama atenção deste blog, porém, é que tanto na Folha Online quanto no site do jornalista o título omite o partido do deputado acusado de estupro. Não é preciso ser nenhum gênio para imaginar que título teria sido aplicado se o acusado pertencesse ao Partido dos Trabalhadores: "Estuprador petista será julgado no STF" deve ser a formulação mais light que apareceria... Na internet, não há nem a desculpa da falta de espaço que muitas vezes é aplicada para justificar essas omissões nos veículos impressos. Ademais, trocando "Deputado" por "Tucano", o título seria mais informativo com alguns toques a menos.

Bem, e antes que alguém pergunte, o fato de Gilmar Mendes estar ausente do tribunal quando a denúncia contra o deputado foi aceita com certeza é apenas um detalhe irrelevante. Possivelmente o presidente do Supremo estava nas ruas, conforme recomendação que lhe foi dada recentemente.

Deputado vira réu no STF sob a acusação de estupro

O deputado Gervásio Silva (PSDB-SC) foi mandado ao banco dos réus pelo STF. O Supremo converteu em ação penal uma denúncia do Ministério Público Federal.

Gervásio é acusado de: estupro, lesão corporal e atentado violento ao pudor. Segundo a Procuradoria, o deputado violentou uma mulher. Ele nega.

O recebimento da denúncia não significa que tenha sido considerado culpado. O STF apenas entendeu que há indícios de que os crimes podem ter ocorrido.

Por isso deu sequência ao processo, abrindo a ação penal. De “indiciado”, o deputado passou à condição de "réu".

Vai agora tentar demonstrar que a Procuradoria o acusa injustamente. Na ausência de Gilmar Mendes, presidia a sessão do STF o ministro Cezar Peluso.

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