A matéria abaixo, publicada hoje na Folha de S. Paulo, revela mais uma lambança cometida no âmbito da secretaria estadual de Educação de São Paulo. Nesta terça-feira, o governador José Serra (PSDB) esteve no principal telejornal vespertino da TV Globo para tentar explicar o episódio. É evidente que a culpa não é pessoalmente do governador ou do secretário Paulo Renato de Souza, mas causa grande espanto uma administração que se orgulha da boa capacidade de gestão permitir a ocorrência de tamanha esculhambação. O pior é que não é a primeira vez. Poucos meses atrás, circulou a história dos livros didáticos com "dois Paraguais" (e nenhum Uruguai). O erro foi corrigido, mas não se sabe quanto custou aos cofres públicos. E o mais interessante é a postura dos tucanos: nunca há "erro" ou assunção de culpa, as bobagens cometidas são sempre pequenas "falhas", conforme disse Serra à Folha. Em outras palavras, quando a coisa vem do PT, é uma grande ca..., quando vem dos tucanos, apenas sujaram a louça. Abaixo, a matéria da Folha sobre mais um absurdo patrocinado pelo governo paulista.
SP distribui a escolas livro com palavrões
Com termos impróprios e conotação sexual, obra seria utilizada por estudantes da rede estadual na faixa de nove anos
Governo de SP disse que houve falha na escolha do livro para o programa Ler e Escrever e que determinou o recolhimento das obras
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo distribuiu a escolas um livro com conteúdo sexual e palavrões, para ser usado como material de apoio por alunos da terceira série do ensino fundamental (faixa etária de nove anos).
A gestão José Serra (PSDB) afirmou ontem que houve "falha" na escolha, pois o material é "inadequado para alunos desta idade", e que já determinou o recolhimento da obra.
O livro ("Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol") é recheado com expressões como "chupa rola", "cu" e "chupava ela todinha". São 11 histórias em quadrinhos, feitas por diferentes artistas, que abordam temas relacionados a futebol -algumas usam também conotação sexual. A editora Via Lettera afirma que a obra é voltada a adultos e adolescentes.
A pasta distribuiu 1.216 exemplares, que seriam usados como material de apoio para a alfabetização dos estudantes, dentro do programa Ler e Escrever (uma das bandeiras do governo na educação).
Nesse programa, os estudantes podem usar o material na biblioteca, na aula ou levar para casa. O livro começou a ser entregue na semana passada.
É o segundo caso neste ano de problemas no material enviado às escolas. A Folha revelou em março que alunos da sexta série receberam livro em que o Paraguai aparecia duas vezes no mapa.
"Os erros revelam um descuido do governo na preparação e escolha dos materiais", afirmou a coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Angela Soligo.
"Há um constante ataque do governo contra os professores e a formação deles. Mas o governo coloca à disposição dos docentes ferramentas frágeis de trabalho", disse Soligo.
Posição oficial
A reportagem solicitou entrevista com o secretário da Educação, Paulo Renato Souza. A pasta, porém, só divulgou uma nota, que não esclarece como é feita a escolha dos livros.
Sobre a responsabilidade pelo erro, disse apenas que abriu uma sindicância.
O governo afirma que "este livro é apenas um dos 818 títulos" comprados e que os 1.216 exemplares da obra representam "0,067% do 1,79 milhão de livros colocados à disposição das crianças". Diz ainda que faz um grande esforço para estimular o hábito da leitura.
O gerente de marketing da editora Via Lettera (responsável pelo livro), Roberto Gobatto, afirmou que apenas atendeu ao pedido de compra (no valor de cerca de R$ 35 mil) feito em novembro, na gestão de Maria Helena Guimarães de Castro na pasta da Educação.
"Não sabíamos para qual faixa etária seria destinada. Se soubéssemos, avisaríamos a secretaria", disse Gobatto.
Na história mais criticada por professores que tiveram contato com a obra, o cartunista Caco Galhardo faz uma caricatura de um programa de mesa-redonda de futebol na TV.
Enquanto o comentarista faz perguntas sobre sexo, jogadores e treinadores respondem com clichês de programas esportivos, como "o atleta tem de se adaptar a qualquer posição".
SP distribui a escolas livro com palavrões
Com termos impróprios e conotação sexual, obra seria utilizada por estudantes da rede estadual na faixa de nove anos
Governo de SP disse que houve falha na escolha do livro para o programa Ler e Escrever e que determinou o recolhimento das obras
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo distribuiu a escolas um livro com conteúdo sexual e palavrões, para ser usado como material de apoio por alunos da terceira série do ensino fundamental (faixa etária de nove anos).
A gestão José Serra (PSDB) afirmou ontem que houve "falha" na escolha, pois o material é "inadequado para alunos desta idade", e que já determinou o recolhimento da obra.
O livro ("Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol") é recheado com expressões como "chupa rola", "cu" e "chupava ela todinha". São 11 histórias em quadrinhos, feitas por diferentes artistas, que abordam temas relacionados a futebol -algumas usam também conotação sexual. A editora Via Lettera afirma que a obra é voltada a adultos e adolescentes.
A pasta distribuiu 1.216 exemplares, que seriam usados como material de apoio para a alfabetização dos estudantes, dentro do programa Ler e Escrever (uma das bandeiras do governo na educação).
Nesse programa, os estudantes podem usar o material na biblioteca, na aula ou levar para casa. O livro começou a ser entregue na semana passada.
É o segundo caso neste ano de problemas no material enviado às escolas. A Folha revelou em março que alunos da sexta série receberam livro em que o Paraguai aparecia duas vezes no mapa.
"Os erros revelam um descuido do governo na preparação e escolha dos materiais", afirmou a coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Angela Soligo.
"Há um constante ataque do governo contra os professores e a formação deles. Mas o governo coloca à disposição dos docentes ferramentas frágeis de trabalho", disse Soligo.
Posição oficial
A reportagem solicitou entrevista com o secretário da Educação, Paulo Renato Souza. A pasta, porém, só divulgou uma nota, que não esclarece como é feita a escolha dos livros.
Sobre a responsabilidade pelo erro, disse apenas que abriu uma sindicância.
O governo afirma que "este livro é apenas um dos 818 títulos" comprados e que os 1.216 exemplares da obra representam "0,067% do 1,79 milhão de livros colocados à disposição das crianças". Diz ainda que faz um grande esforço para estimular o hábito da leitura.
O gerente de marketing da editora Via Lettera (responsável pelo livro), Roberto Gobatto, afirmou que apenas atendeu ao pedido de compra (no valor de cerca de R$ 35 mil) feito em novembro, na gestão de Maria Helena Guimarães de Castro na pasta da Educação.
"Não sabíamos para qual faixa etária seria destinada. Se soubéssemos, avisaríamos a secretaria", disse Gobatto.
Na história mais criticada por professores que tiveram contato com a obra, o cartunista Caco Galhardo faz uma caricatura de um programa de mesa-redonda de futebol na TV.
Enquanto o comentarista faz perguntas sobre sexo, jogadores e treinadores respondem com clichês de programas esportivos, como "o atleta tem de se adaptar a qualquer posição".
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