Pular para o conteúdo principal

Última edição da GZM sai amanhã

Está no Portal Imprensa. É triste, mas parece que a última edição da Gazeta Mercantil sai mesmo amanhã, dia 29. Uma história que começou em 1920 termina de forma melancólica, mas nada surpreendente. Uma pena, até porque por melhor que seja o Valor Econômico - e o jornal é realmente muito bom -, é sempre interessante ter alguma concorrência por perto para evitar acomodação. E, mais ainda, uma pena pelos profissionais que ainda hoje fazem da Gazeta um jornal muito digno e de qualidade superior à média do mercado.

Sem acordo, Gazeta Mercantil deixa de circular a partir 01/06

Por Eduardo Neco/Redação Portal IMPRENSA

Ficou acertado que todos os funcionários do diário entram em regime de férias remuneradas de trinta dias, que podem ser prorrogadas por mais trinta. O prazo tem valor de aviso prévio, caso nenhum acordo seja feito durante o período de recesso.

Segundo informam representantes da CBM, a empresa tentará realocar os funcionários no Jornal do Brasil e em outras publicações da companhia. Cogita-se, ainda, a criação de um portal de notícias econômicas que receba parte da redação da Gazeta, no entanto, não há nenhuma decisão acertada.

Guto Camargo, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP), afirmou ao Portal IMPRENSA que a entidade não recebeu nenhuma informação ou pedido oficial sobre o assunto.

"Não fomos informados sobre a circulação do jornal ou o destino dos funcionários. No entanto, se isso se efetivar, lamentamos muito, porque a situação é ruim para os jornalistas que trabalham na Gazeta e ruim para a comunicação brasileira, pois a informação será mais concentrada e monopolizada".

Questionado sobre uma declaração de representantes da CBM, que afirmaram não querer o envolvimento do Sindicato nas próximas negociações, ele declarou que "a função do Sindicato é resguardar os direitos dos jornalistas, e é isso que nos propusemos a fazer nesse episódio".

Acordos da última reunião

Até a próxima segunda-feira (1), os salários de oito a doze mil reais referentes ao mês de abril serão depositados e durante a semana o grupo CBM buscará meios de sanar as demais pendências. Já as rescisões contratuais ainda não foram pagas por "total falta de recursos", segundo declarações do vice-presidente do Grupo CBM, Eduardo Jacomé.

Jacomé informou aos funcionários que existem três opções para salvar o diário: que a família Levy queira permanecer à frente do jornal; o aporte de investidores interessados ou que os próprios funcionários assumam a direção da Gazeta.

Ele explicou que "apesar da Gazeta ter mais capital, ele não entrava em caixa" por conta de ações trabalhistas. Por fim, ele agradeceu "o esforço e o alto nível" dos funcionários na tentativa de manter a circulação do diário.

De outubro do ano passado até o começo do mês de maio, segundo Jacomé, Nelson Tanure - presidente da CBM - investiu mais de R$ 20 milhões e, durante o ano passado, a empresa recebeu aporte de R$ 15 milhões para que jornal honrasse seus compromissos.

O último fechamento

Segundo fontes informaram ao Portal IMPRENSA, o clima na redação da Gazeta é desolador, em total contrasenso à agitação do fechamento da última edição do jornal. O choro é comum à quase todos os funcionários. O restante reage à notícia com aspereza negando-se a dar declarações.

"Temos que fechar o diário em situação precária. É muito triste; é muito choro e é bem difícil pensar que tudo isso está acabando hoje", declarou. "Tem gente que está aqui há quase vinte anos. É o trabalho de uma vida...".

História

Fundado em 1920 como um boletim diário de mercado, a Gazeta Mercantil fez história no Jornalismo brasileiro como a publicação mais tradicional sobre economia e negócios.

Dirigido por vários anos pela família Herbert Levy, uma crise financeira fez com que o controle acionário da publicação passasse para as mãos do empresário Nelson Tanure, da Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), também proprietário da Editora Peixes e do Jornal do Brasil.

Segundo o último levantamento auditado pelo IVC, realizada em Julho de 2007, a tiragem do jornal era de 70 mil exemplares.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um pai

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morreu vivendo. Morreu criando novas lembranças. Morreu não deixando o câncer levar a sua vontade de resistir.  Mesmo em estado grave, mesmo em tratamento oncológico, juntou todas as suas forças para assistir ao jogo do seu time Santos, na final da Libertadores, no Maracanã, ao lado do filho.  Foi aquela loucura por carinho a alguém, superando o desgaste da viagem e o suor frio dos remédios.  Na época, ele acabou criticado nas redes sociais por ter se exposto. Afinal, o que é o futebol perto da morte?  Nada, mas não era somente futebol, mas o amor ao seu adolescente Tomás, de 15 anos, cultivado pela torcida em comum. Não vibravam unicamente pelos jogadores, e sim pela amizade invencível entre eles, escreve Fabrício Carpinejar em texto publicado nas redes sociais. Linda homenagem, vale muito a leitura, continua a seguir.  Nos noventa minutos, Bruno Covas defendia o seu legado, a sua memória antes do adeus definitivo, para que s...

Dica da Semana: Tarso de Castro, 75k de músculos e fúria, livro

Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista  Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar. O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no perío...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...