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Gas pimenta nos estudantes: é a PM de Serra












Polícia batendo em estudante é coisa de um passado tão distante que muitos brasileiros vão estranhar a notícia abaixo, do site G1. Mas é isto mesmo: o governador José Serra (PSDB) não quer permitir a aproximação dos manifestantes ao Palácio dos Bandeirantes. Serra deve estar com medo de uma nova "derrubada das grades" – a famosa manobra de provocadores para desestabilizar o governador Franco Montoro, então em início de mandato, no ocaso da ditadura militar, em 1983. Montoro deixou que as grandes caíssem, mas terminou o mandato com a popularidade lá em cima. Se Serra continuar mandando jogar gás pimenta em estudante, vai acabar saindo pela porta de trás.
Veja abaixo a íntegra da matéria do G1:

PM usa gás pimenta para conter estudantes
Luciana Bonadio e Silvia Ribeiro

Manifestantes impedidos de chegar ao Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo de São Paulo, para protestar contra decretos do governo sobre o ensino superior e chamar a atenção para problemas das universidades estaduais, tentaram furar o bloqueio armado por policiais militares três vezes na tarde desta quinta-feira (31).

Até às 16h, haviam sido duas iniciativas isoladas, facilmente controlada pelos PMs, que utilizaram gás pimenta. Por volta das 16h15, o cordão de isolamento chegou a se romper, e um estudante avançou contra um policial. Ele foi agredido com cassetetes. Mais uma vez, os PMs utilizaram gás pimenta para conter a multidão.

Enquanto alguns tentavam forçar o bloqueio, outros estudantes procuravam convencer os policiais um a um a liberar a passagem. Munidos de livros, flores e sempre exibindo carteirinhas da Universidade de São Paulo (USP buscar), eles tentavam dialogar com os homens que compunham o cordão de isolamento.

Foram exibidos livros como "A Revolução dos Bichos", de George Orwell, "O Capital", de Karl Marx, e "Além do bem e do Mal", de Nietzsche. "Queremos mostrar que as nossas armas são livros e cadernos", afirmou o estudante de engenharia da USP, Tom Teixeira, 20 anos.

Enquanto os cerca de dois mil manifestantes aguardavam, uma comitiva foi formada para conversar com o governo. Fazem parte do grupo representantes dos professores da Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), estudantes da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade de Campinas (Unicamp buscar) e outras universidades do estado, além de funcionários do Sindicato de Trabalhadores da USP (Sintusp).

No Palácio, além do governador José Serra também estão presentes os secretários da Justiça, Luiz Antonio Marrey, e do Ensino Superior, José Aristodemo Pinotti.

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