Pular para o conteúdo principal

"Estado policialesco" é a conversa do dia

Estão muito lindos, no início desta fria noite de quinta-feira (em São Paulo, gelada), os discuros dos senadores em prol da democracia e contra os "excessos" da Polícia Federal. Arthur Virgílio (PSDB-AM) foi um dos mais contundentes defensores da necessidade da Polícia Federal "republicana" (certamente em contraposição à que está aí, que investiga e prende corruptos). Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) foi outro que se posicionou de maneira firme contra os tais excessos da PF. Trocando em miúdos, a conversa do dia em Brasília lembra o velho ditado, politicamente incorreto: "quem tem cú tem medo". Os excelentíssimos estão com as orelhas ardendo porque já ouviram muita coisa a respeito da tal lista de mimos do empreiteiro Zuleido Veras a pelo menos um quinto do parlamento. Está nascendo um segundo caso Sanguessuga, pelo menos pelo número de envolvidos. No fundo, enquanto os senadores querem coibir os excessos da PF, o povão quer ver os federais mandando brasa, grampeando os ladrões e fazendo o possível e o impossível para por essa gente na cadeia. Quem reclama pode até ser inocente, mas vai passar recibo de ter o rabo preso com alguma falcatrua. Daí o medo, como bem lembra o ditado...

Comentários

  1. Se a consequencia for acabar com os "mimos", já valeu.

    ResponderExcluir
  2. O Senador Jarbas Vasconcelos é o mesmo que dias atraz subiu na tribuna para criticar a Policia Federal por haver presos os seus amigos de Pernambuco que formaram um cartel do combustível.
    Volta desta vez para novamente criticar a Policia Federal por haver presos muita gente envolvida na Operação Navalha.
    Jarbas Vasconcelos, que já foi militante de esquerda, sucumbiu e hoje passou a defender a direita e os ricos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...