Pular para o conteúdo principal

Direita quer evitar democratização da mídia

O jornalista Reinaldo Azevedo está reclamando, em seu blog, de uns anúncios do governo federal no jornal Hora do Povo. Reinaldo, porém, não reclama dos anúncios do governo federal na revista Veja, para a qual ele trabalha. Se a idéia de Azevedo é proibir publicidade estatal em publicações com colorido político-ideológico nítido, este panfleto direitista chamado Veja deveria ser o primeiro a deixar de receber dinheiro público. O jornalista pede também que o Congresso "investigue" o MR8, grupo que edita o jornal. A razão para tal investigação seria uma "ameaça" de morte do jornal ao colunista de Veja Diogo Mainardi, ameaça esta que não passa de uma piada. Ora, se for para levar tudo ao pé da letra, o Congresso deveria investigar primeiro a Editora Abril, responsável pela publicação de Veja, uma vez que o próprio Mainardi se vangloria de estar a serviço da "derrubada de Lula", ou seja, é um golpista assumido. Neste contexto, Mainardi poderia prefeitamente estar na cadeia – só não está porque o presidente Lula teria sido benevolente e preferido não processar o colunista...

O que Reinaldo Azevedo na realidade pretende é provocar polêmica e chamar atenção para os anúncios do HP, certamente a fim de constranger os responsáveis pela publicidade estatal e evitar que os anúncios continuem sendo inseridos no jornal do Oito. Ora, uma das boas coisas do governo Lula é a tentativa, ainda muito discreta e medrosa, de democratizar os meios de comunicação. Para tanto, evidentemente, é preciso romper um círculo vicioso e acabar com o critério de distribuição dos anúncios de acordo com o alcance (audiência ou tiragem) do veículo, porque desta forma o Estado ajuda a perpetuar um sistema em que os grandes são grandes porque têm acesso à propaganda estatal e os pequenos não crescem justamente porque não têm este acesso. O governo Lula deveria dar ainda menos anúncios para a Veja e aumentar a inserção nas publicações alternativas, sejam elas de inciativa de sindicatos, organizações da sociedade civil ou grupos com o colorido ideológico do MR8.

Comentários

  1. Acho que estamos dando muito valor esta dupla de marqueteiros da oposição, que nada fazem a não ser tentar falar mal do governo e de Lula de forma agressiva e sem ética.
    Caso a verba de publicidade tivessem sido para a sua revista que foi a falência, Primeira Leitura por certo não teria escrito contra.
    Trata-se de dois salafrários que para sobreviver descobriram que criticar e não fazer jornalismo lhe dariam notoriedade.
    Há muito deixe de ler o lixo do blog de Reinaldo Azevedo, pois o blog não informa, mas tenta destruir reputações e age de forma mentirosa a fim de atingir os seus objetivos. Do meu ponto de vista, o que fazem não é jornalismo, mas lixamento.

    ResponderExcluir
  2. RAFAEL M.

    gostei mto do seu post, porem foi só mais uma prova, do jogo sujo que a mídia faz. manipulando toda uma geração, pessoas como esse Reinaldo deviam ser aqueles "policiais torturadores" durante a ditadura e com o fim dela, sem emprego, passaram a caluniar e a manipular todos os tipos de mídia.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...