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O Tietê de Alckmin era uma farsa?

Os dois jornalões paulistas publicaram nesta semana editoriais sobre a questão da despoluição do Rio Tietê, obra que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) tinha enorme orgulho de apresentar. Em praticamente 15 anos, o estado de São Paulo já investiu a nada módica quantia de US$ 1,5 bilhão – parte deste total com dinheiro emprestado de bancos internacionais. O resultado, de acordo com os editoriais da Folha e do Estadão, é um fiasco: o nível de poluição voltou no ano passado aos patamares do início dos anos 90. Mais do que o desastre em si, duas coisas chamam atenção: o governo Serra não contestou o estudo sobre a poluição do Tietê e muito menos defendeu a necessidade da obra. Em segundo lugar, os jornalões publicaram no mesmo dia os editorais sobre o assunto e foram na mesma linha de culpar os habitantes de São Paulo, e não os governantes, pelo descalabro em que o rio se encontra.

Alckmin concorreu à presidência vendendo a imagem de bom moço e gerente competente. O bom mocismo continua intacto, mas a imagem do "homem que faz" e líder do choque de gestão em São Paulo, essa o pessoal do governo Serra está cuidando de destruir completamente. Na segurança, os dados eram falsos e hoje sabe-se que havia muito mais assalto a banco do que o antigo governo registrava; a linha 4 do Metrô vinha sendo feita na base das gambiarras, em uma irresponsabilidade que culminou na tragédia da rua Capri; na Educação, a "aprovação continuada" já foi logo descontinuada pela equipe de Serra. Na verdade, difícil mesmo é achar um setor em que houve continuidade em relação ao que vinha sendo feito no governo anterior. Essa estranha relação entre Serra e Alckmin ainda vai dar muito o que falar...

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