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O fim de Silas Rondeau e o
futuro da Operação Navalha

Silas Rondeau já foi dormir ex-ministro e se tornou assim a primeira vítima de porte do novo escândalo nacional, envolvendo a construtora do empresário Zuleido Veras. Na carta de demissão, o ex-ministro das Minas e Energia reafirmou sua inocência e escreveu que está deixando o governo para não prejudicar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Do ponto de vista do presidente Lula, evidentemente este novo caso de corrupção não é exatamente algo que mereça ser comemorado. Porém, Lula já parece estar bastante escaldado e consegue, cada vez com mais rapidez, afastar os problemas criados por seus auxiliares para bem longe do foco da mídia, que é o que de fato importa em termos de eventual prejuízo político. Neste caso específico da Operação Navalha existe ainda um atenuante para o governo, que é o fato do esquema desbaratado pela Polícia Federal envolver gente graúda da oposição. Oposição esta, é bom lembrar, que já se mostrou bastante desconfortável e evita atirar a primeira pedra.

Diz o velho ditado: "Rei morto, Rei posto". Silas Rondeau já caiu e o próximo ministro das Minas e Energia deve ser anunciado nos próximos dias. Em tese, isto deveria acabar com a repercussão midiática da Operação Navalha, certo? Errado, porque se a lista dos "mimos" de Zuleido Soares Veras para os políticos vazar, o assunto vai continuar "bombando", como gostam de dizer os mais jovens.

O potencial explosivo da lista é inversamente proporcional ao valor dos presentes distribuídos, porque do ponto de vista do povão, um deputado ou senador ganhar de um empreiteiro uísque 12 anos, gravatas, remédios para disfunção erétil e canetas é corrupção mais inteligível do que os intrincados esquemas de liberação de verbas do Orçamento via emendas de parlamentares, em troca de propina. Em outras palavras, é mais fácil para a população identificar e externar sua inconformidade com o senador que aceita uma caixa de uísque ou Viagra do que em relação ao ex-ministro a quem acusam de ter levado R$ 100 mil em troca de liberação de verbas para determinadas obras, coisa que, a bem da verdade, dificilmente será provada.

A lista dos beneficiados com os presentes de Zuleido, se revelada, pode cair como uma bomba no Congresso. A crise estava no Executivo e pode mudar de lugar com a mesma rapidez que Silas Rondeau perdeu seu cargo. E tudo isto considerando que Zuleido ainda não abriu a boca. Se falar, dizem por aí que a República vai tremer e que nem o governo e muito menos a oposição têm algo a ganhar com uma eventual revelação das entranhas dos negócios de empreiteiras com o poder público.

Tudo somado, o fato é que neste momento as variáveis são muitas e será preciso aguardar mais um pouco para sentir o potencial de estrago do escândalo da hora. Que muita gente pode sair chamuscada, não há dúvidas. Ninguém duvide, portanto, de um grande acordo para colocar panos quentes e fazer a vida andar... Afinal, pizza pode ter sido invenção italiana, mas sua utilização na política certamente é coisa nossa.

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