Pular para o conteúdo principal

Ainda sobre Serra e o ensino superior

Um professor da Unicamp, crítico do governo Lula e amigo pessoal de José Serra, disse a este blog que o governador paulista já conseguiu uma proeza nesses primeiros meses no Palácio do Bandeirantes: relançar o movimento estudantil. Na Unicamp, explica, já há clima para uma greve "de protesto" dos estudantes contra as medidas tomadas pelo secretário do Ensino Superior, algo impensável até Serra tomar posse. O professor está espantado com a inabilidade de José Aristodemo Pinotti, o titular da pasta, pois nem durante o mandato de Geraldo Alckmin o clima ficou tão ruim.

É interessante notar que o movimento estudantil é em grande medida instrumentalizado por partidos da base do governo Lula, mas mesmo quando ficou claro que Alckmin seria o adversário do presidente na eleição presidencial, não houve por parte dos estudantes universitários o furor que se vê agora, na ocupação da USP e nos indicativos de greve, contra a política estadual para o ensino superior. Em 2006, os estudantes e professores universitários fizeram alguns poucos protestos contra o "Zeroaldo", alcunha que acabou não pegando e se referia ao repasse de 0% a mais para as universidades estaduais paulistas. Protestos existiram, portanto, mas a verdade é que Alckmin foi hábil e debelou o movimento cedendo em diversas reivindicações dos professores, incuindo aí um aumento salarial.

Com Serra no governo, o clima evoluiu rapidamente para uma verdadeira crise política sem que houvesse, na visão do professor e amigo do governador, um motivo claro para os atos autoritários perpetrados pela nova administração. Em outras palavras, o professor não vê nenhum benefício nas brigas compradas por Serra, apenas incompetência política, pura e simples...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um pai

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morreu vivendo. Morreu criando novas lembranças. Morreu não deixando o câncer levar a sua vontade de resistir.  Mesmo em estado grave, mesmo em tratamento oncológico, juntou todas as suas forças para assistir ao jogo do seu time Santos, na final da Libertadores, no Maracanã, ao lado do filho.  Foi aquela loucura por carinho a alguém, superando o desgaste da viagem e o suor frio dos remédios.  Na época, ele acabou criticado nas redes sociais por ter se exposto. Afinal, o que é o futebol perto da morte?  Nada, mas não era somente futebol, mas o amor ao seu adolescente Tomás, de 15 anos, cultivado pela torcida em comum. Não vibravam unicamente pelos jogadores, e sim pela amizade invencível entre eles, escreve Fabrício Carpinejar em texto publicado nas redes sociais. Linda homenagem, vale muito a leitura, continua a seguir.  Nos noventa minutos, Bruno Covas defendia o seu legado, a sua memória antes do adeus definitivo, para que s...

Dica da Semana: Tarso de Castro, 75k de músculos e fúria, livro

Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista  Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar. O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no perío...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...