Pular para o conteúdo principal

Esta notícia a Folha não vai dar...

A Folha de S. Paulo deu ampla repercussão à morte do empresário Octavio Frias de Oliveira, publisher do jornal, como era de se esperar. Seu Frias se foi, mas aqui na Terra ele continua provocando alguma polêmica. A notícia abaixo, do portal Comunique-se, dificilmente sairá na Folha. Sobre a polêmica em si, só cabe dizer que a atitude da direção do Meio & Mensagem foi patética, pois a relação de Frias de Oliveira com o regime militar era pública e notória. Do jeito que a coisa vai, quando algum Mesquita falecer, ninguém no MM poderá lembrar que a família proprietária do Estadão lutou contra Vargas em 32 ou apoiou o golpe de 1964. Não deixa de ser um modo stalinista de fazer jornalismo: apagando os personagens indesejáveis do retrato...


Redação do Meio & Mensagem pára em protesto contra demissão de editor


Da Redação


A redação do Meio & Mensagem decidiu na manhã desta terça-feira (08/05) fazer uma paralisação de 24 horas em protesto pela demissão do editor-chefe Costabile Nicoleta. Os três editores, seis repórteres e três estagiários só voltarão a trabalhar na quarta-feira, após uma reunião com a direção do jornal marcada para 9h.

“Já que a demissão é irreversível nas duas pontas, tanto pelo veículo quando pelo Nicoleta, resolvemos fazer esse protesto”. Os profissionais entregaram a Regina Augusto, diretora editorial, uma carta explicando os motivos da paralisação. “Em linhas gerais, a gente pede para que seja estabelecida uma relação de transparência com a redação. A gente quer garantir que esse tipo de coisa não aconteça mais. Até porque a imagem da redação também não pode ser prejudicada”, informou um dos funcionários.

O M&M online será atualizado por apenas uma funcionária, que não aderiu à paralisação por estar em período de experiência.


A demissão

Na última edição do jornal, em matéria de página dupla sobre a morte de Octavio Frias de Oliveira, um box expôs posições favoráveis pelo publisher da Folha de S. Paulo à ditadura militar. A direção do M&M considerou o box dispensável, alegou que não deveria ter sido publicado, segundo fontes do jornal e do site, e demitiu Nicoleta.

Profissionais da redação contaram ao Comunique-se que, em reunião nesta segunda-feira, Regina afirmou que a demissão do editor-chefe era irreversível. "Ela acabou ameaçando os outros jornalistas de que eles não podem tocar em determinados assuntos, falou isso claramente, limpidamente. A mídia é nosso assunto, se você faz um pacto com seu assunto não faz mais jornalismo”, declarou ontem ao nosso portal um profissional da redação.

Em fevereiro passado, Nicoleta, com cinco anos de M&M, recebeu uma placa de agradecimento pelos serviços prestados à empresa. Ele se disse surpreso com a demissão e não soube dizer se houve algum tipo de pressão da Folha de S. Paulo, um dos anunciantes do veículo em que trabalhava até então, para sua demissão ou se a decisão partiu da direção do M&M.


Sem retorno

Regina Augusto, bem como o vice-presidente da empresa, Sérgio Burguinetti, não foram localizados até o fechamento desta matéria. A direção da Folha de S. Paulo também não respondeu o telefonema e o e-mail enviado até 12h48min desta terça. Nossa equipe de conteúdo vai continuar insistindo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe