Pular para o conteúdo principal

Apenas para constar

Até agora, 16h30 de terça-feira, a célere Fenaj não se manifestou sobre a demissão do jornalista Costábile Nicoletta do Meio e Mensagem. Talvez estejam procurando a quitação do imposto sindical do editor antes de se soltar alguma nota infeliz sobre o caso...

PS às 19h44: Costábile estava em dia com o sindicato. A Fenaj divulgou agora pouco uma nota de solidariedade com o jornalista demitido. Mas, dito e feito, o pessoal que escreve as coisas por lá é tão ruim que a nota consegue destoar do clima e "exige", de forma totalmente autoritária, a readmissão do editor. Para o bem de Costábile Nicoletta, é melhor a Fenaj ficar longe da confusão. Porque se ficar perto, é bem possível que a empresa que demitiu o jornalista acabe transformada no lado simpático dessa história. Abaixo, a nota da entidade, assinada em conjunto com o sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo.

"As direções do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, se solidarizam com os jornalistas na redação do Meio & Mensagem pela manifestação em favor da liberdade de expressão, imprensa e trabalho e contra a decisão autoritária e arbitrária da direção da empresa relativamente a demissão do editor-adjunto Costábile Nicoletta - penalizado exatamente por exercer as funções de jornalista!

Aliás é algo de absurdo penalizá-lo por informar os leitores de um fato, o qual, e de há tempos (desde os tempos da ditadura), é de conhecimento público. Dizer que o empresariado da comunicação de modo geral colaborou com o regime militar e com a “revolução” (entre aspas mesmo), não tem nada de mentira ou novidade!

Fatos como esse nos faz pensar que persistem a ditadura e a sua companheira, a censura - em especial a econômica – nas redações e com isso ninguém pode concordar. Os jornalistas não podem se pautar por interesses estranhos aos da informação com qualidade e ética!

Rogamos à direção da empresa que reveja seu conceito de liberdade de imprensa e que não o confunda com ‘liberdade de empresa’ e mais: que revogue a demissão de Costábile Nicoletta e que decisões equivocadas como essa jamais se repitam.”

Diretorias da FENAJ e Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo"

Comentários

  1. Caro LAM,

    Entre "exigir" e "rogar" pela readmissão de Nicolleta há uma diferença quase abissal. Não perca a serenidade no tom de sua crítica à atual direção da FENAJ. Seus leitores, deduzo, são suficientemente inteligentes para tirar suas próprias conclusões. Forçar a barra, neste caso específico, não faz o menor sentido.
    Mais: procure diferenciar sua crítica, ponderada e desprovida de preconceito contra a entidade do que tem sido jogado por Maurício Tuffani. É mister reconhecer que a FENAJ tem uma contribuição à história de luta dos jornalistas brasileiros. Este patrimônio é muito maior que qualquer diretoria, diga-se democraticamente eleita.

    Saludos,

    Samuel Lima
    Jornalista

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...