Vale a pena ler na íntegra o texto de Mauro Malin publicado no blog Em Cima da Mídia e reproduzido abaixo, em resposta ao colunista Diogo Mainardi, da revista Veja. Para que o leitor entenda a polêmica, vai abaixo também o texto de Mainardi. Aliás, este blog aposta que o colunista voltará ao tema, provavelmente tentando desqualificar Malin, uma vez que contra os fatos expostos pelo jornalista do Observatório da Imprensa, não há mesmo argumentos capazes de sustentar a polêmica.
1. Mainardi, um estilo à procura de idéias
Postado por Mauro Malin em 12/5/2007 às 7:14:10 PM
Diogo Mainardi assina uma coluna na Veja. A coluna é semanal. Mainardi precisa ter um assunto por semana. Ninguém tem inspiração toda semana. No aperto, Mainardi inventa. Não me arrisco a dizer com que freqüência. Falta-me a experiência de leitor regular da coluna semanal de Diogo Mainardi na Veja.
Na edição desta semana Mainardi mostra o tamanho de sua ignorância sobre classificação indicativa de programas de televisão, assunto atual, e sobre o que foi a censura durante a ditadura. Diz que a equipe encarregada da classificação indicativa no Ministério da Justiça é "o novo Dops". O “Dops lulista”.
Dá nomes de funcionários. É uma técnica conhecida. Como a dos filmes que dizem: “Baseado numa história real”. Verossímil. O dicionário define verossímil: “Que parece verdadeiro”.
Mas é falso. Triplamente falso. A classificação não é “prévia”. Em entrevista ao Observatório da Imprensa, o encarregado desse setor no Ministério da Justiça, José Eduardo Romão, comparou a classificação indicativa a colocar um rótulo que informa o que está dentro da embalagem do produto. Quem o coloca é quem produz. O governo fiscaliza. Clique aqui para ler a entrevista de Romão.
Caso a classificação fosse prévia não poderia haver programas ao vivo. Mesmo que o Ministério da Justiça quisesse colocar um funcionário em cada estúdio.
O que existe é a autoclassificação. O Ministério da Justiça verifica depois se a classificação atende a determinadas normas. Mas nem isso as emissoras querem. As redes de televisão não querem nenhuma classificação que as obrigue a transmitir os programas de acordo com os fusos horários do país. Hoje, no horário de verão, a novela dita das oito, que vai ao ar às nove, encontra crianças no Acre diante da televisão às seis da tarde, hora local. O Acre tem duas horas a menos do que Brasília, sem horário de verão. Três horas de diferença no horário de verão. Horário de verão dura no mínimo um terço do ano. Não é só o Acre. Dezoito estados têm fuso diferente do de Brasília durante o horário de verão.
A segunda falsidade é escrever, neste caso, “Dops lulista”. Quem criou a classificação indicativa foi José Gregori, ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso. Faz sete anos. Mainardi já assinava colunas na Veja mas não deu atenção ao assunto.
Mainardi não tem idéia do que possa ser um verdadeiro “Dops lulista”. Mainardi é diletante.
A terceira falsidade, por ignorância, é a respeito da censura durante a ditadura. Não era exercida pelo Dops. Cabia a um órgão chamado Divisão de Censura de Diversões Públicas. A Censura, como abreviadamente era chamada, foi durante alguns anos chefiada por "Antonio Romero Lago". Era um impostor. Fora condenado como mandante de um assassinato, preso em 1944 no Rio Grande do Sul. Falsificou um documento de identidade e subiu nos escalões do Ministério da Justiça. Seu nome verdadeiro era Hermelindo Ramirez Godoy. O carimbo com a assinatura de “Romero Lago” apareceu na introdução de todos os filmes exibidos no Brasil durante anos. Romero Lago assumiu em 1966, caiu alguns anos depois. Mainardi nasceu em 1962. Ainda não ia ao cinema. Tenta ser inventivo, mas não entendeu que a realidade sempre supera a ficção. Hermelindo foi melhor do que Diogo na arte de se fazer passar por algo que não é. Era profissional.
Mainardi escreve que “Lula é cria de Ernesto Geisel”. Mainardi é cria de leituras mal feitas ou de todo não feitas. Cria de impulsos oportunistas.
Mainardi cavalga um antilulismo de conveniência artística. Para o governo, um bálsamo. Sua crítica é quase sempre inconsistente.
Mainardi é um estilo à procura de idéias.
2. O novo Dops
Diogo Mainardi
Sabe quem é Themis Lobato? Sabe quem é Marina Sotero? Sabe quem é Valéria Godoi? Sabe quem é Demetrius França? Sabe quem é Edson Junior? Sabe quem é Rodrigo da Cunha? Todos eles pertencem ao Dops lulista. Foram contratados pelo governo para fazer a censura prévia dos programas de TV. O Dops lulista está instalado no Ministério da Justiça. É conhecido como Dejus. Nos círculos lulistas, a censura prévia ganhou outro nome. Agora é chamada de "classificação indicativa".
O lulismo reintroduziu oficialmente a censura prévia no Brasil em 9 de fevereiro deste ano, por meio da Portaria 264, que regulamenta a classificação indicativa dos filmes e dos programas de TV. O artigo 4º estabelece que a análise das obras deverá ser "realizada previamente" por analistas contratados pelo Ministério da Justiça. Repito: previamente. Isso significa que, antes de mandar um programa ao ar, a emissora de TV terá de negociar seu conteúdo com os censores. Corta aqui. Corta ali. Muda acolá.
No momento, o Dops lulista pode contar apenas com seis censores: os seis citados na abertura deste artigo. Eles têm entre 22 e 26 anos. Menos um, que já passou dos 40. Uma das censoras acaba de se formar em pedagogia. Outra é estudante de artes cênicas. Outro é administrador de empresas. Além dos seis censores, o Dops lulista pode dispor também de uns estagiários da Universidade de Brasília. A partir de agora, esse grupo passará a mandar em sua TV, decidindo o que você está apto e o que você não está apto a ver.
A principal referência dos censores contratados pelo Ministério da Justiça é o Manual da Nova Classificação Indicativa. Que de indicativa, aliás, não tem rigorosamente nada. Ela é impositiva. De fato, os lulistas arrogaram-se o direito de determinar de que forma e em que horário um programa poderá ser transmitido. A emissora que desobedecer às ordens será denunciada ao Ministério Público, que terá o poder inclusive de cassar sua concessão.
O Manual da Nova Classificação Indicativa define autoritariamente o horário dos programas. Mas é bem pior do que isso. Ele define também o que é bom e o que é ruim para os espectadores, avaliando os aspectos "positivos e negativos" de cada obra. Se o Dops lulista achar que um programa cumpre sua "finalidade educativa", com "respeito e estímulo à diversidade", ele ganha pontos. Caso contrário, perde. Uma cena de Jack Bauer dando um tiro no peito de um terrorista árabe pode ser considerada mais imprópria do que uma cena de um cruel latifundiário do Pará dando um tiro no peito de um sem-terra indefeso. Confie em Themis Lobato. Ela sabe o que é melhor para você.
Lula é cria de Ernesto Geisel. Agora ele tomou o caminho inverso ao de seu criador. Ernesto Geisel conduziu o Brasil a uma abertura lenta, gradual e segura. Lula está conduzindo o Brasil a um fechamento lento, gradual e seguro.
1. Mainardi, um estilo à procura de idéias
Postado por Mauro Malin em 12/5/2007 às 7:14:10 PM
Diogo Mainardi assina uma coluna na Veja. A coluna é semanal. Mainardi precisa ter um assunto por semana. Ninguém tem inspiração toda semana. No aperto, Mainardi inventa. Não me arrisco a dizer com que freqüência. Falta-me a experiência de leitor regular da coluna semanal de Diogo Mainardi na Veja.
Na edição desta semana Mainardi mostra o tamanho de sua ignorância sobre classificação indicativa de programas de televisão, assunto atual, e sobre o que foi a censura durante a ditadura. Diz que a equipe encarregada da classificação indicativa no Ministério da Justiça é "o novo Dops". O “Dops lulista”.
Dá nomes de funcionários. É uma técnica conhecida. Como a dos filmes que dizem: “Baseado numa história real”. Verossímil. O dicionário define verossímil: “Que parece verdadeiro”.
Mas é falso. Triplamente falso. A classificação não é “prévia”. Em entrevista ao Observatório da Imprensa, o encarregado desse setor no Ministério da Justiça, José Eduardo Romão, comparou a classificação indicativa a colocar um rótulo que informa o que está dentro da embalagem do produto. Quem o coloca é quem produz. O governo fiscaliza. Clique aqui para ler a entrevista de Romão.
Caso a classificação fosse prévia não poderia haver programas ao vivo. Mesmo que o Ministério da Justiça quisesse colocar um funcionário em cada estúdio.
O que existe é a autoclassificação. O Ministério da Justiça verifica depois se a classificação atende a determinadas normas. Mas nem isso as emissoras querem. As redes de televisão não querem nenhuma classificação que as obrigue a transmitir os programas de acordo com os fusos horários do país. Hoje, no horário de verão, a novela dita das oito, que vai ao ar às nove, encontra crianças no Acre diante da televisão às seis da tarde, hora local. O Acre tem duas horas a menos do que Brasília, sem horário de verão. Três horas de diferença no horário de verão. Horário de verão dura no mínimo um terço do ano. Não é só o Acre. Dezoito estados têm fuso diferente do de Brasília durante o horário de verão.
A segunda falsidade é escrever, neste caso, “Dops lulista”. Quem criou a classificação indicativa foi José Gregori, ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso. Faz sete anos. Mainardi já assinava colunas na Veja mas não deu atenção ao assunto.
Mainardi não tem idéia do que possa ser um verdadeiro “Dops lulista”. Mainardi é diletante.
A terceira falsidade, por ignorância, é a respeito da censura durante a ditadura. Não era exercida pelo Dops. Cabia a um órgão chamado Divisão de Censura de Diversões Públicas. A Censura, como abreviadamente era chamada, foi durante alguns anos chefiada por "Antonio Romero Lago". Era um impostor. Fora condenado como mandante de um assassinato, preso em 1944 no Rio Grande do Sul. Falsificou um documento de identidade e subiu nos escalões do Ministério da Justiça. Seu nome verdadeiro era Hermelindo Ramirez Godoy. O carimbo com a assinatura de “Romero Lago” apareceu na introdução de todos os filmes exibidos no Brasil durante anos. Romero Lago assumiu em 1966, caiu alguns anos depois. Mainardi nasceu em 1962. Ainda não ia ao cinema. Tenta ser inventivo, mas não entendeu que a realidade sempre supera a ficção. Hermelindo foi melhor do que Diogo na arte de se fazer passar por algo que não é. Era profissional.
Mainardi escreve que “Lula é cria de Ernesto Geisel”. Mainardi é cria de leituras mal feitas ou de todo não feitas. Cria de impulsos oportunistas.
Mainardi cavalga um antilulismo de conveniência artística. Para o governo, um bálsamo. Sua crítica é quase sempre inconsistente.
Mainardi é um estilo à procura de idéias.
2. O novo Dops
Diogo Mainardi
Sabe quem é Themis Lobato? Sabe quem é Marina Sotero? Sabe quem é Valéria Godoi? Sabe quem é Demetrius França? Sabe quem é Edson Junior? Sabe quem é Rodrigo da Cunha? Todos eles pertencem ao Dops lulista. Foram contratados pelo governo para fazer a censura prévia dos programas de TV. O Dops lulista está instalado no Ministério da Justiça. É conhecido como Dejus. Nos círculos lulistas, a censura prévia ganhou outro nome. Agora é chamada de "classificação indicativa".
O lulismo reintroduziu oficialmente a censura prévia no Brasil em 9 de fevereiro deste ano, por meio da Portaria 264, que regulamenta a classificação indicativa dos filmes e dos programas de TV. O artigo 4º estabelece que a análise das obras deverá ser "realizada previamente" por analistas contratados pelo Ministério da Justiça. Repito: previamente. Isso significa que, antes de mandar um programa ao ar, a emissora de TV terá de negociar seu conteúdo com os censores. Corta aqui. Corta ali. Muda acolá.
No momento, o Dops lulista pode contar apenas com seis censores: os seis citados na abertura deste artigo. Eles têm entre 22 e 26 anos. Menos um, que já passou dos 40. Uma das censoras acaba de se formar em pedagogia. Outra é estudante de artes cênicas. Outro é administrador de empresas. Além dos seis censores, o Dops lulista pode dispor também de uns estagiários da Universidade de Brasília. A partir de agora, esse grupo passará a mandar em sua TV, decidindo o que você está apto e o que você não está apto a ver.
A principal referência dos censores contratados pelo Ministério da Justiça é o Manual da Nova Classificação Indicativa. Que de indicativa, aliás, não tem rigorosamente nada. Ela é impositiva. De fato, os lulistas arrogaram-se o direito de determinar de que forma e em que horário um programa poderá ser transmitido. A emissora que desobedecer às ordens será denunciada ao Ministério Público, que terá o poder inclusive de cassar sua concessão.
O Manual da Nova Classificação Indicativa define autoritariamente o horário dos programas. Mas é bem pior do que isso. Ele define também o que é bom e o que é ruim para os espectadores, avaliando os aspectos "positivos e negativos" de cada obra. Se o Dops lulista achar que um programa cumpre sua "finalidade educativa", com "respeito e estímulo à diversidade", ele ganha pontos. Caso contrário, perde. Uma cena de Jack Bauer dando um tiro no peito de um terrorista árabe pode ser considerada mais imprópria do que uma cena de um cruel latifundiário do Pará dando um tiro no peito de um sem-terra indefeso. Confie em Themis Lobato. Ela sabe o que é melhor para você.
Lula é cria de Ernesto Geisel. Agora ele tomou o caminho inverso ao de seu criador. Ernesto Geisel conduziu o Brasil a uma abertura lenta, gradual e segura. Lula está conduzindo o Brasil a um fechamento lento, gradual e seguro.
Mainardi é um dos responsável pelo gradual descrédito da Veja.
ResponderExcluirParabéns ao Prof. Mauro Malin, além de desmascarar Mainardi, nos brindou com uma verdadeira aula de história. O lamentável, é que o mesmo tenha que gastar seu tempo contestando uma figura tão desprezível como esse Diogo.
ResponderExcluirSenildo Paulino
Faço minha as suas palavras, Senildo!Parabéns ao jornalista Mauro Malin em desconstruir o desserviço prestado pelo sr. Mainardi...
ResponderExcluir