Pular para o conteúdo principal

Jorge Rodini: o Buda da corrupção

Em mais uma colaboração para o Entrelinhas, Jorge Rodini, diretor do instituto de pesquisas Engrácia Garcia, comenta a Operação Navalha e lamenta mais este escândalo de corrupção no Brasil. Leia a íntegra a seguir:

O Brasil assiste, perplexo, a mais um show de horrores. Depois dos mandos e desmandos dos magistrados, agora a farra é patrocinada por governadores, ex-governadores, secretários estaduais, empresários lobistas e uma grande construtora (de pontes inacabadas e estradas virtuais).

Sidarta Gautama é o Buda. O dono da construtora, ex-sócio da famigerada OAS, homenageou Buda nominando sua nova empresa. Já denominado de "Marcos Valério do Nordeste", este empresário povoou a região de estradas imaginárias, pontes de pó e obras fantasmas, pagando grandes propinas às personagens já mencionadas.

Para o brasileiro comum, mais uma decepção. Para a ministra Dilma Rousseff, um indício de que as obras do PAC vão ser beneficiadas pelo exemplo de que o "crime não compensa". Para mim, é só mais uma constatação. Em estados como o Maranhão, a Polícia Federal e o Ministério Público deveriam investigar, ainda mais a fundo, os últimos muitos anos de mandatos de políticos que ainda se servem até hoje de cargos públicos eletivos. Tem muita areia e terra fofa debaixo destas pontes, estradas e obras.

Mais uma vez, os brasileiros esperam por Justiça... Aos culpados, todo o rigor; aos que se consideram acusados injustamente, muita atenção com as más companhias.

Nós, brasileiros e brasileiras, esperamos atingir o Nirvana, assim como Buda. A ausência de mais dor e sofrimento seriam suficientes para sermos felizes. No entanto, a continuar como está, todos nós cairemos na vala comum.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe