Pular para o conteúdo principal

Reitoria da USP ocupada e o tumulto
na Virada Cultural: choque de gestão?

Os tucanos adoram falar em choque de gestão. Geraldo Alckmin passou a campanha presidencial do ano passado dizendo que faria mais e melhor do que o presidente Lula, se lhe desse a chance de administrar os mesmos recursos. Meses depois, o Metrô de São Paulo revelou no desastre da rua Capri o que é que os tucanos são capazes de fazer. Felizmente, o povão teve a sapiência de não deixar Alckmin lidar com "os mesmos recursos" que Lula e o estragou ficou limitado.

Agora, muita gente está discutindo a violência da polícia do governador José Serra (PSDB) durante a Virada Cultural, no último final de semana, na capital de São Paulo. Ora, o que se viu nas ruas do centro da cidade foi uma verdadeira guerra campal, iniciada por uma bobagem da polícia, que agiu de forma arrogante e prepotente, mostrando despreparo para lidar com uma situação usual em grandes shows – a ansiedade do público para assistir seus artistas prediletos.

Aparentemente, o que ocorreu na Virada Cultura nada tem a ver com a ocupação do prédio da reitoria da Universidade de São Paulo, mas há algo que liga esses dois acontecimentos. No caso dos estudantes, a incompetência, felizmente, ainda não foi da polícia, mas do secretário do Ensino Superior, que em cinco meses conseguiu a façanha de criar uma crise em um setor bastante sensível para o ex-professor universitário José Serra. Nos dois casos – USP e Virada Cultural – o governo Serra já vai revelando o tipo de "choque" que pretende aplicar nesses próximos anos, qual seja o da inabilidade política. Porque realmente é difícil imaginar gente com mais talento para criar confusão onde confusão antes não havia...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe