Pular para o conteúdo principal

Reitoria da USP ocupada e o tumulto
na Virada Cultural: choque de gestão?

Os tucanos adoram falar em choque de gestão. Geraldo Alckmin passou a campanha presidencial do ano passado dizendo que faria mais e melhor do que o presidente Lula, se lhe desse a chance de administrar os mesmos recursos. Meses depois, o Metrô de São Paulo revelou no desastre da rua Capri o que é que os tucanos são capazes de fazer. Felizmente, o povão teve a sapiência de não deixar Alckmin lidar com "os mesmos recursos" que Lula e o estragou ficou limitado.

Agora, muita gente está discutindo a violência da polícia do governador José Serra (PSDB) durante a Virada Cultural, no último final de semana, na capital de São Paulo. Ora, o que se viu nas ruas do centro da cidade foi uma verdadeira guerra campal, iniciada por uma bobagem da polícia, que agiu de forma arrogante e prepotente, mostrando despreparo para lidar com uma situação usual em grandes shows – a ansiedade do público para assistir seus artistas prediletos.

Aparentemente, o que ocorreu na Virada Cultura nada tem a ver com a ocupação do prédio da reitoria da Universidade de São Paulo, mas há algo que liga esses dois acontecimentos. No caso dos estudantes, a incompetência, felizmente, ainda não foi da polícia, mas do secretário do Ensino Superior, que em cinco meses conseguiu a façanha de criar uma crise em um setor bastante sensível para o ex-professor universitário José Serra. Nos dois casos – USP e Virada Cultural – o governo Serra já vai revelando o tipo de "choque" que pretende aplicar nesses próximos anos, qual seja o da inabilidade política. Porque realmente é difícil imaginar gente com mais talento para criar confusão onde confusão antes não havia...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...