Os 3% de intenções de voto da senadora Marina Silva na pesquisa sobre cenários da eleição presidencial de 2010, revela hoje a Folha de S. Paulo, estão concentrados nas classes A e B. Faz todo sentido. Marina pode encarnar, com melhores resultados, o sucesso da candidatura de Heloísa Helena, em 2006, entre uma parcela substantiva da elite. Ao contrário de Helena, Marina fala manso e é muito melhor oradora. É mais inteligente, também, certamente não fará campanha naquele tom udenístico da ex-senadora alagoana. E também não vai focar tanto na questão ambiental como muitos imaginam, pois seria um desperdício - todo mundo já conhece o envolvimento de Marina com as teses conservacionistas. O voto deste eleitorado, portanto, já é dela, não é preciso ressaltar tanto este aspecto da candidatura.
De toda forma, o texto abaixo, de Leonardo Boff, é mais uma prova de que Marina realmente encantou uma parcela importante da elite (econômica e intelectual). Em breve, esses argumentos estarão na mídia. Marina vai ser a queridinha da imprensa em 2010. Em que pese a fraqueza de seu partido e a falta de recursos materiais, a candidatura tem potencial para crescer, sim.
Uma Silva sucessora de um Silva?
Não estou ligado a nenhum partido, pois para mim partido é parte. Eu como intelectual me interesso pelo todo embora, concretamente, saiba que o todo passa pela parte. Tal posição me confere a iberdade de emitir opiniões pessoais e descompromissadas com os partidos.
De forma antecipada se lançou a disputa: Quem será o sucessor do carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
De antemão afirmo que a eleição de Lula é uma conquista do povo brasileiro, principalmente daqueles que foram sempre colocados à margem do poder. Ele introduziu uma ruptura histórica como novo sujeito político e isso parece ser sem retorno. Não conseguiu escapar da lógica macro-econômica que privilegia o capital e mantém as bases que permitem a acumulação das classes opulentas. Mas introduziu uma transição de um estado privatista e neoliberal para um governo republicano e social que confere centralidade à coisa pública (res publica), o que tem beneficiado vários milhões de pessoas. Tarefa primeira de um governante é cuidar da vida de seu povo e isso Lula o fez sem nunca trair suas origens de sobrevivente da grande tribulação brasileira.
Depois de oito anos de governo se lança a questão que seguramente interessa à cidadania e não só ao PT: quem será seu sucessor? Para responder a esta questão precisamos ganhar altura e dar-nos conta das mudanças ocorridas no Brasil e no mundo. Em oito anos muta coisa mudou. O PT foi submetido a duras provas e importa reconhecer que nem sempre esteve à altura do momento e às bases que o sustentam. Estamos ainda esperando uma vigorosa autocrítica interna a propósito de presumido “mensalação”. Nós cidadãos não perdoamos esta falta de transparência e de coragem cívica e ética.
Em grande parte, o PT viou um partido eleitoreiro, interessado em ganhar eleições em todos os níveis. Para isso se obrigou a fazer coligações muito questionáveis, em alguns casos, com a parte mais podre dos partidos, em nome da governabilidade que, não raro, se colocou acima da ética e dos propósitos fundadores do PT.
Há uma ilusão que o PT deve romper: imaginar-se a realização do sonho e da utopia do povo brasileiro. Seria rebaixar o povo, pois este não se contenta com pequenos sonhos e utopias de horizonte tacanho. Eu que circulo, em função de meu trabalho, pelas bases da sociedade vejo que se esvaziou a discussão sobre “que Brasil queremos”, discussão que animou por decênios o imaginário popular. Houve uma inegável despolitização em razão de o PT ter ocupado o poder. Fez o que pôde quando podia ter feito mais, especialmente com referência à reforma agrária e a inclusão estratégica (e não meramente pontual) da ecologia.
Quer dizer, o sucessor não pode se contentar de fazer mais do mesmo. Importa introduzir mudanças. E a grande mudança na realidade e na consciência da humanidade é o fato de que a Terra já mudou. A roda do aquecimento global não pode mais ser parada, apenas retardada em sua velocidade. A partir de 23 de setembro de 2008 sabemos que a Terra como conjunto de ecosissitemas com seus recursos e serviços já se tornou insustentável porque o consumo humano, especialmente dos ricos que esbanjam, já psssou em 40% de sua capacidade de reposição.
Esta conjuntura que, se não for tomada a sério, pode levar nos próximos decênios a uma tragédia ecológicohumanitária de proporções inimagináveis e, até pelo final do século, ao desaparecimento da espécie humana. Cabe reconhecer que o PT não incorporou a dimensão ecológica no cerne de seu projeto político. E o Brasil será decisivo para o equilíbrio do planeta e para o futuro da vida.
Qual é a pessoa com carisma, com base popular, ligada aos fundamentos do PT e que se fez ícone da causa ecológica? É uma mulher, seringueira, da Igreja da libertação, amazônica. Ela também é uma Silva como Lula. Seu nome é Marina Osmarina Silva.
O teólogo Leonardo Boff é autor do livro Que Brasil queremos? Vozes 2000.
De toda forma, o texto abaixo, de Leonardo Boff, é mais uma prova de que Marina realmente encantou uma parcela importante da elite (econômica e intelectual). Em breve, esses argumentos estarão na mídia. Marina vai ser a queridinha da imprensa em 2010. Em que pese a fraqueza de seu partido e a falta de recursos materiais, a candidatura tem potencial para crescer, sim.
Uma Silva sucessora de um Silva?
Não estou ligado a nenhum partido, pois para mim partido é parte. Eu como intelectual me interesso pelo todo embora, concretamente, saiba que o todo passa pela parte. Tal posição me confere a iberdade de emitir opiniões pessoais e descompromissadas com os partidos.
De forma antecipada se lançou a disputa: Quem será o sucessor do carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
De antemão afirmo que a eleição de Lula é uma conquista do povo brasileiro, principalmente daqueles que foram sempre colocados à margem do poder. Ele introduziu uma ruptura histórica como novo sujeito político e isso parece ser sem retorno. Não conseguiu escapar da lógica macro-econômica que privilegia o capital e mantém as bases que permitem a acumulação das classes opulentas. Mas introduziu uma transição de um estado privatista e neoliberal para um governo republicano e social que confere centralidade à coisa pública (res publica), o que tem beneficiado vários milhões de pessoas. Tarefa primeira de um governante é cuidar da vida de seu povo e isso Lula o fez sem nunca trair suas origens de sobrevivente da grande tribulação brasileira.
Depois de oito anos de governo se lança a questão que seguramente interessa à cidadania e não só ao PT: quem será seu sucessor? Para responder a esta questão precisamos ganhar altura e dar-nos conta das mudanças ocorridas no Brasil e no mundo. Em oito anos muta coisa mudou. O PT foi submetido a duras provas e importa reconhecer que nem sempre esteve à altura do momento e às bases que o sustentam. Estamos ainda esperando uma vigorosa autocrítica interna a propósito de presumido “mensalação”. Nós cidadãos não perdoamos esta falta de transparência e de coragem cívica e ética.
Em grande parte, o PT viou um partido eleitoreiro, interessado em ganhar eleições em todos os níveis. Para isso se obrigou a fazer coligações muito questionáveis, em alguns casos, com a parte mais podre dos partidos, em nome da governabilidade que, não raro, se colocou acima da ética e dos propósitos fundadores do PT.
Há uma ilusão que o PT deve romper: imaginar-se a realização do sonho e da utopia do povo brasileiro. Seria rebaixar o povo, pois este não se contenta com pequenos sonhos e utopias de horizonte tacanho. Eu que circulo, em função de meu trabalho, pelas bases da sociedade vejo que se esvaziou a discussão sobre “que Brasil queremos”, discussão que animou por decênios o imaginário popular. Houve uma inegável despolitização em razão de o PT ter ocupado o poder. Fez o que pôde quando podia ter feito mais, especialmente com referência à reforma agrária e a inclusão estratégica (e não meramente pontual) da ecologia.
Quer dizer, o sucessor não pode se contentar de fazer mais do mesmo. Importa introduzir mudanças. E a grande mudança na realidade e na consciência da humanidade é o fato de que a Terra já mudou. A roda do aquecimento global não pode mais ser parada, apenas retardada em sua velocidade. A partir de 23 de setembro de 2008 sabemos que a Terra como conjunto de ecosissitemas com seus recursos e serviços já se tornou insustentável porque o consumo humano, especialmente dos ricos que esbanjam, já psssou em 40% de sua capacidade de reposição.
Esta conjuntura que, se não for tomada a sério, pode levar nos próximos decênios a uma tragédia ecológicohumanitária de proporções inimagináveis e, até pelo final do século, ao desaparecimento da espécie humana. Cabe reconhecer que o PT não incorporou a dimensão ecológica no cerne de seu projeto político. E o Brasil será decisivo para o equilíbrio do planeta e para o futuro da vida.
Qual é a pessoa com carisma, com base popular, ligada aos fundamentos do PT e que se fez ícone da causa ecológica? É uma mulher, seringueira, da Igreja da libertação, amazônica. Ela também é uma Silva como Lula. Seu nome é Marina Osmarina Silva.
O teólogo Leonardo Boff é autor do livro Que Brasil queremos? Vozes 2000.
O gostoso desses lances, como foi com HH e agora com Marina, é que a gente passa a conhecer melhor as pessoas. Como por exemplo Boff, apartidário, inocentemente bem-intencionado, mas com a língua afiada.
ResponderExcluirAgora, além de querer salvar almas quer salvar o Mundo, não apenas o Brasil. Para isso tudo é válido, principalmente pela oportunidade de jogar pedras no PT.
Com todo respeito ao Boff, tb um criacionista como a senadora Marina, o que é interessante num mundo de altas tecnologias, emite opinião realçando a questão partidária e a decepção com os rumos do PT. A Dilma não está indicada pois pertence ao PT? Tem competência ou não? Agora o que mais intriga: EM NENHUM MOMENTO É CITADO O PARTIDO QUE A MARINA SAIRÁ CANDIDATA! Quem será sua base de apoio? Uma vez eleita atingirá o nível de aceitação do Silva atual apenas com o discurso purista e sem alianças? Decepção que não tem tamanho com o frei.
ResponderExcluirDe fato, Marina aparece como uma primeira alternativa viável para a sucessão presidencial de 2010. Cabe mesmo uma nova mudança, como ocorreu quando o PT assumiu o poder em 2002. Mas seria ela a única alternativa?
ResponderExcluirJá vi este filme, A Sen. Marina pode vira o feitiço contra o feiticeiro: pode acabar sendo eleita e derrubando o queridinho do imprensa o Gov. Serra. Se a pesarem a mão contr a Dilma e a favor da Marina, pode ser um tiro no pé.
ResponderExcluirO Boff prefere um partido puro .. e na oposição. É mais fácil.
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