Abaixo, mais uma colaboração do professor Wagner Iglecias para o Entrelinhas, desta vez sobre o cenário pré-eleitoral em São Paulo. Em linha com a análise deste blog, por sinal.
O anúncio da candidatura da ex-vereadora paulistana Soninha Francine ao governo do estado de São Paulo, pelo PPS, se confirmada, parece ser mais uma iniciativa no sentido de barrar as pretensões do ex-governador Geraldo Alckmin em voltar a ocupar o Palácio dos Bandeirantes.
O PPS, como se sabe, é um partido com origem no histórico PCB, ainda que hoje em dia não guarde praticamente semelhança alguma com as bandeiras que animaram comunistas de várias
gerações no Brasil. A agremiação atualmente segue sob controle do ex-deputado Roberto Freire e é uma das pequenas legendas que gravitam na órbita do PSDB. Segue, a nível federal, lado a lado com o DEM e os próprios tucanos na oposição tenaz ao presidente Lula e a seu governo.
Soninha candidata poderia constituir-se, caso se confirmem as muitas especulações à disposição na praça, numa segunda candidatura de apoio ao projeto do governador José Serra de suceder Lula e, ao mesmo tempo, manter alguém de sua confiança comandando o estado de São Paulo. Diz-se muito, nestes dias, que Gilberto Kassab, do DEM, poderia atender a pedidos de correligionários e aliados e lançar-se a governador também, numa composição que poderia ter algum tucano como seu vice e, obviamente, Orestes Quércia candidato único a senador, dado que a vaga ao Senado a Quércia estaria acordada desde que o PMDB despejou seus preciosos minutos de televisão na campanha kassabista à prefeitura paulistana, em 2008.
Se o tabuleiro se constituir desta forma, resta saber como reagirá a base tucana, com seu candidato quase natural, Alckmin, liderando todas as atuais pesquisas de intenção de voto. E também como ficariam não apenas a ventilada candidatura de Ciro Gomes, pelo PSB, como,
principalmente, a definição no principal pólo opositor ao tucanato, que é o PT. Muitos nomes, poucas certezas, aliás, os problemas do PT paulista são. Marta Suplicy, Fernando Haddad, ou, quem sabe, algum prefeito ou ex-prefeito de grande cidade, como Elói Pietá, de Guarulhos, e Emídio Souza, de Osasco, poderiam ser apresentados ao eleitorado. Num cenário assim, de tantas possibilidades, nomes conhecidos ou nem tanto, na cabeça do eleitor, poderão constar da urna
eletrônica no ano que vem. Paulo Maluf (PR), figurinha carimbada em eleições majoritárias em São Paulo, ou o Dr. Hélio (PDT), prefeito de Campinas, poderiam ser exemplos neste sentido.
O fato é que, no frigir dos ovos, estará em jogo a hegemonia do PSDB à frente do mais importante estado da federação. São já 15 anos de poder, desde que Mário Covas foi eleito governador, em 1994. Se se levar em conta que hoje Quércia está fechado com o tucanato, e que ele foi vice-governador de Franco Montoro, um dos líderes mais importantes da história do PSDB, entre 1983 e 1986, a conta vai ainda mais longe. O desafio do PT ou de qualquer outra força política de desalojar os tucanos do Palácio dos Bandeirantes nas urnas de 2010 é gigantesco. Mas pode ser facilitado pela imponderabilidade que uma nova disputa entre os cardeais do tucanato podem vir a protagonizar em breve.
Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.
O anúncio da candidatura da ex-vereadora paulistana Soninha Francine ao governo do estado de São Paulo, pelo PPS, se confirmada, parece ser mais uma iniciativa no sentido de barrar as pretensões do ex-governador Geraldo Alckmin em voltar a ocupar o Palácio dos Bandeirantes.
O PPS, como se sabe, é um partido com origem no histórico PCB, ainda que hoje em dia não guarde praticamente semelhança alguma com as bandeiras que animaram comunistas de várias
gerações no Brasil. A agremiação atualmente segue sob controle do ex-deputado Roberto Freire e é uma das pequenas legendas que gravitam na órbita do PSDB. Segue, a nível federal, lado a lado com o DEM e os próprios tucanos na oposição tenaz ao presidente Lula e a seu governo.
Soninha candidata poderia constituir-se, caso se confirmem as muitas especulações à disposição na praça, numa segunda candidatura de apoio ao projeto do governador José Serra de suceder Lula e, ao mesmo tempo, manter alguém de sua confiança comandando o estado de São Paulo. Diz-se muito, nestes dias, que Gilberto Kassab, do DEM, poderia atender a pedidos de correligionários e aliados e lançar-se a governador também, numa composição que poderia ter algum tucano como seu vice e, obviamente, Orestes Quércia candidato único a senador, dado que a vaga ao Senado a Quércia estaria acordada desde que o PMDB despejou seus preciosos minutos de televisão na campanha kassabista à prefeitura paulistana, em 2008.
Se o tabuleiro se constituir desta forma, resta saber como reagirá a base tucana, com seu candidato quase natural, Alckmin, liderando todas as atuais pesquisas de intenção de voto. E também como ficariam não apenas a ventilada candidatura de Ciro Gomes, pelo PSB, como,
principalmente, a definição no principal pólo opositor ao tucanato, que é o PT. Muitos nomes, poucas certezas, aliás, os problemas do PT paulista são. Marta Suplicy, Fernando Haddad, ou, quem sabe, algum prefeito ou ex-prefeito de grande cidade, como Elói Pietá, de Guarulhos, e Emídio Souza, de Osasco, poderiam ser apresentados ao eleitorado. Num cenário assim, de tantas possibilidades, nomes conhecidos ou nem tanto, na cabeça do eleitor, poderão constar da urna
eletrônica no ano que vem. Paulo Maluf (PR), figurinha carimbada em eleições majoritárias em São Paulo, ou o Dr. Hélio (PDT), prefeito de Campinas, poderiam ser exemplos neste sentido.
O fato é que, no frigir dos ovos, estará em jogo a hegemonia do PSDB à frente do mais importante estado da federação. São já 15 anos de poder, desde que Mário Covas foi eleito governador, em 1994. Se se levar em conta que hoje Quércia está fechado com o tucanato, e que ele foi vice-governador de Franco Montoro, um dos líderes mais importantes da história do PSDB, entre 1983 e 1986, a conta vai ainda mais longe. O desafio do PT ou de qualquer outra força política de desalojar os tucanos do Palácio dos Bandeirantes nas urnas de 2010 é gigantesco. Mas pode ser facilitado pela imponderabilidade que uma nova disputa entre os cardeais do tucanato podem vir a protagonizar em breve.
Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.
acho que o Alckmin volta fácil ao Palácio dos Bandeirantes...
ResponderExcluirIglecias, estou atrás dos bastidores da campanha eleitoral. Posso afirmar que a disputa tem sido muito maior pela vice-candidatura ao próximo governo PSDBista do que pelo cargo a governador. Depois, se quiser, posso te indicar os nomes dos gados.
ResponderExcluirAbraços.
Otima analise, mas concordo com o companheiro ai em cima...
ResponderExcluirAcho que mesmo contra Serra, Alckmin vence as elecoes do ano que vem no primeiro turno.
Ahhhhhhhh... so uma coerrecao no texto, Maluf e do PP...
Abcos
O analista escreveu, escreveu, E NÃO DISSE NADA !!!
ResponderExcluirO último parágrafo é de uma obviedade irritante:
"O desafio do PT ou de qualquer outra força política de desalojar os tucanos do Palácio dos Bandeirantes nas urnas de 2010 é gigantesco. Mas pode ser facilitado pela imponderabilidade que uma nova disputa entre os cardeais do tucanato podem vir a protagonizar em breve."