Abaixo, um bom texto de Kennedy Alencar, repórter dos mais bem informados, da Folha de S. Paulo. Vale a pena ler na íntegra.
Lula de saia
A senadora Marina Silva já decidiu trocar o PT pelo PV. A oficialização é questão de tempo. Por isso, falar em prévia no PT entre Marina e Dilma Rousseff serve apenas para um exercício de reflexão. Uma prévia entre a senadora e a ministra da Casa Civil para decidir a candidatura presidencial petista simplesmente não acontecerá.
No entanto, se Marina pedisse uma prévia, como previsto no estatuto partidário, criaria um tumulto danado no PT. Motivo: muitos caciques petistas, muitos mesmo, estão insatisfeitos com a forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu Dilma. Na base do dedaço.
Como Lula tem alta popularidade, o PT não quer briga com ele. O partido engole Dilma a contragosto. Se tivesse a oportunidade de uma escolha entre ela e Marina, não seria fácil Lula confirmar a sua opção. Dirigentes petistas lembram que Dilma nunca gostou muito do PT. Veio do PDT para o partido por uma questão local, espaço na política gaúcha. O estilo pessoal duro da ministra não fez muitos amigos na legenda. Colegas de ministério dizem que ela tratou Marina como inimiga quando a senadora chefiava a pasta do Meio Ambiente.
A cúpula do PT aposta que Lula terá força para eleger o sucessor. Nesse contexto, integrantes da direção afirmam, reservadamente, que o presidente poderia apostar fichas em Marina com maior chance de êxito do que em Dilma. Há controvérsia, mas vamos aos argumentos.
A identificação entre Lula e Marina seria mais natural. Ambos tem uma história pessoal de superação da pobreza rumo ao sucesso político. O retirante nordestino e a seringueira do Acre têm biografias cinematográficas. Enfim, Marina é um Lula de saia.
Mais: a senadora faz parte de um pequeno grupo petista que não foi afetado por escândalos políticos. Ela poderia, com credibilidade pessoal, recuperar parte do discurso ético do PT. A bandeira ambiental renovaria o programa de campanha de um governo de oito anos. Depois de PAC e infraestrutura, seria bem-vinda uma inflexão programática, dando destaque a projeto que, aos poucos, pretendesse chegar um dia a uma economia de baixo consumo de carbono, para usar um termo da moda.
Mas Lula fez sua escolha, o projeto Dilma está na rua, e Marina terá o desafio de colocar de pé uma candidatura que não seja apenas um samba de uma nota só, como prevê o presidente da República.
O Brasil sai da crise. A economia vem melhorando. Há uma série de realizações na área social. O governo terá discurso para investir em Dilma. A eventual candidatura Marina afetará negativamente o projeto presidencial petista, mas ainda é correto dizer que o mais provável será um duelo entre Dilma e o governador José Serra (PSDB-SP) no segundo turno de outubro de 2010.
*
Devagar com o andor
O tucanato está excitado com a possibilidade de Marina disputar a Presidência. Aécio Neves, governador de Minas, já fala em aliança no segundo turno entre PV e PSDB. Certamente Marina tirará votos do PT, mas analistas de pesquisas acham que o PSDB também poderá perder eleitores.
Um desses analistas diz que Marina tem baixa taxa de conhecimento nacional. O povão não sabe quem ela é, mas os setores mais ricos e mais escolarizados, sim. Ou seja, pode haver sangria numa faixa do eleitorado simpática ao PSDB.
*
Crédito
O título desta "Pensata" é de autoria de José Emílio Ambrosio, diretor de jornalismo da RedeTV!.
Lula de saia
A senadora Marina Silva já decidiu trocar o PT pelo PV. A oficialização é questão de tempo. Por isso, falar em prévia no PT entre Marina e Dilma Rousseff serve apenas para um exercício de reflexão. Uma prévia entre a senadora e a ministra da Casa Civil para decidir a candidatura presidencial petista simplesmente não acontecerá.
No entanto, se Marina pedisse uma prévia, como previsto no estatuto partidário, criaria um tumulto danado no PT. Motivo: muitos caciques petistas, muitos mesmo, estão insatisfeitos com a forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu Dilma. Na base do dedaço.
Como Lula tem alta popularidade, o PT não quer briga com ele. O partido engole Dilma a contragosto. Se tivesse a oportunidade de uma escolha entre ela e Marina, não seria fácil Lula confirmar a sua opção. Dirigentes petistas lembram que Dilma nunca gostou muito do PT. Veio do PDT para o partido por uma questão local, espaço na política gaúcha. O estilo pessoal duro da ministra não fez muitos amigos na legenda. Colegas de ministério dizem que ela tratou Marina como inimiga quando a senadora chefiava a pasta do Meio Ambiente.
A cúpula do PT aposta que Lula terá força para eleger o sucessor. Nesse contexto, integrantes da direção afirmam, reservadamente, que o presidente poderia apostar fichas em Marina com maior chance de êxito do que em Dilma. Há controvérsia, mas vamos aos argumentos.
A identificação entre Lula e Marina seria mais natural. Ambos tem uma história pessoal de superação da pobreza rumo ao sucesso político. O retirante nordestino e a seringueira do Acre têm biografias cinematográficas. Enfim, Marina é um Lula de saia.
Mais: a senadora faz parte de um pequeno grupo petista que não foi afetado por escândalos políticos. Ela poderia, com credibilidade pessoal, recuperar parte do discurso ético do PT. A bandeira ambiental renovaria o programa de campanha de um governo de oito anos. Depois de PAC e infraestrutura, seria bem-vinda uma inflexão programática, dando destaque a projeto que, aos poucos, pretendesse chegar um dia a uma economia de baixo consumo de carbono, para usar um termo da moda.
Mas Lula fez sua escolha, o projeto Dilma está na rua, e Marina terá o desafio de colocar de pé uma candidatura que não seja apenas um samba de uma nota só, como prevê o presidente da República.
O Brasil sai da crise. A economia vem melhorando. Há uma série de realizações na área social. O governo terá discurso para investir em Dilma. A eventual candidatura Marina afetará negativamente o projeto presidencial petista, mas ainda é correto dizer que o mais provável será um duelo entre Dilma e o governador José Serra (PSDB-SP) no segundo turno de outubro de 2010.
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Devagar com o andor
O tucanato está excitado com a possibilidade de Marina disputar a Presidência. Aécio Neves, governador de Minas, já fala em aliança no segundo turno entre PV e PSDB. Certamente Marina tirará votos do PT, mas analistas de pesquisas acham que o PSDB também poderá perder eleitores.
Um desses analistas diz que Marina tem baixa taxa de conhecimento nacional. O povão não sabe quem ela é, mas os setores mais ricos e mais escolarizados, sim. Ou seja, pode haver sangria numa faixa do eleitorado simpática ao PSDB.
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Crédito
O título desta "Pensata" é de autoria de José Emílio Ambrosio, diretor de jornalismo da RedeTV!.
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