Pular para o conteúdo principal

PMDB: muito barulho por nada

A matéria abaixo, da Folha Online, repercute uma nota oficial do PMDB sobre matéria da revista Veja. A coisa tal como saiu no site da Folha parece um "ultimato" aos dissidentes do partido, mas quem conhece o PMDB de perto garante: não vai acontecer nada e os dissidentes vão continuar por lá sem o menor constrangimento. No fundo, a pergunta correta não é "por que o PMDB ainda não expulsou Jarbas Vasconcellos?", senador que vive criticando a legenda, mas sim "por que Jarbas Vasconcellos não sai do PMDB?" E a resposta é simples: Jarbas não é homem de largar a rapadura e o PMDB ainda é, para ele, em Pernambuco, garantia de reeleição no Senado ou pelo menos de uma vaga na Câmara. Já do ponto de vista da atual direção nacional do PMDB, não há interesse em expulsar Jarbas porque não há quem botar em seu lugar, e o mesmo vale para o gaúcho Pedro Simon. Se os dois tivessem o mínimo de vergonha na cara, já teriam deixado o partido há muito tempo, uma vez que julgam seus colegas corruptos contumazes...
A seguir, a matéria da Folha Online:

PMDB pede para dissidentes deixarem partido 'o quanto antes'

Da Folha Online - O presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP), mandou um recado para os dissidentes do partido neste domingo. Em nota publicada no site da legenda e assinada também pela presidente em exercício, Íris de Araújo (GO), o dirigente afirmou que os dissidentes podem deixar a legenda "o quanto antes" e que não correrão risco de perderem o mandato.
A nota não cita nomes, mas é um recado para os senadores Jarbas Vasconcellos (PE) e Pedro Simon (RS).
No final de fevereiro, Jarbas Vasconcellos denunciou a existência de corrupção dentro do PMDB ao afirmar, em entrevista à revista "Veja", que "boa parte do partido quer mesmo é corrupção". Na época, ele também classificou como um "completo retrocesso" a escolha de José Sarney (PMDB-AP) para presidir o Senado.
Já Pedro Simon, subiu à tribuna do Senado no fim de junho para defender o afastamento de Sarney e disse que a situação do presidente da Casa era insustentável.
Para o presidente da Câmara, a saída dos dissidentes deixaria o partido mais forte. "Ganharão eles, porque deixarão de pertencer ao partido do qual falam tão mal, e ganhará o PMDB, por tornar-se ainda mais coeso e musculoso", diz a nota.
A nota também rebate reportagem da revista "Veja", publicada nesta semana, que diz que o PMDB encarna o paroxismo do fisiologismo da política brasileira.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...