Pular para o conteúdo principal

Um homem, um marketing

Eduardo Suplicy deu cartão vermelho para José Sarney. Ganhou as primeiras páginas dos jornais. Não há editor que despreze a foto do senador petista com um enorme cartão vermelho na mão, cara de bravo, clamando pela justiça, ética e correção política.

O problema todo é que tamanha ira cívica veio um pouco tarde e o passado do senador Suplicy não ajuda muito no convencimento da sinceridade de seus atos. Sim, porque Eduardo Suplicy é um gênio... do marketing. Consegue criar fatos, é mestre em demonstrações inusitadas de seu próprio talento pessoal. Mas dificilmente agrega para a compreensão do processo político propriamente dito.

Cartão vermelho, caminhãonzinho de tomates, coelho e tartaruga, pijama em acampamento sem-terra (ou presídio), para não falar dos raps ou das músicas em inglês que volta e meia entoa no plenário do Senado. São muitos os recuros do homem-show. O que tudo isto realmente significa em termos políticos são outros quinhentos. No máximo, dá para entender de quem os filhos artistas do senador herdaram o talento...

Comentários

  1. Mas toda essa palhaçada teve um lado bom: a fala de Heráclito Fortes, indicando CLARAMENTE o objetivo dessa "crise no senado": atingir Lula.

    ResponderExcluir
  2. Pedro P. Tardelli (jazz_petert)26 de agosto de 2009 às 11:35

    Sou admirador do senador pela longa carreira legislativa marcada por coerência e defensor das liberdades democráticas, apesar das pisadas de bola nessa história política (bobeiras, ou como o blogueiro afirma, marketing). Mas nesse episódio do cartão vermelho eu me senti envergonhado pelo oportunismo do senador. Jogou para a torcida e mostrou-se individualista em relação à questão de governabilidade da qual o seu partido detém o poder. O Mercadante, que sofre todo o desgaste por agir como homem do partido, será comparado incessantemente pela mídia com o Suplicy, de maneira bem antagônica. Ajudou ainda mais a elevar de tom o discurso sempre vago da oposição.

    ResponderExcluir
  3. è uma merda envelhecer... acabar fazendo papel ridículo... de papito... Lamentável. E assustador - semelhante a um velhinho na direção, o cara tem poder. Imbecil . Ele tem poder! Duplo Imbecil.
    As vitórias do passado - francamente... Imbecil

    ResponderExcluir
  4. Este clown nunca mais terá meu voto.
    frank

    ResponderExcluir
  5. É um palhaço mesmo!!!! imagine só fazer um papel ridículo daquele, expondo o governo dessa maneira. votar nele, nunca mais

    ResponderExcluir
  6. Suplicy governador leva SP pro 2º turno. E pro Senado Protogenes e Mercadante.

    ResponderExcluir
  7. desde o tempo que o senador era o queridinho do partido eu já o achava um palhaço. o tempo provou!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...