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Governador José Serra promete pagar
R$ 7 mil a professores daqui a 12 anos!

A matéria abaixo é manchete da Folha Online neste começo de madrugada. Parece uma ótima ação do governador de São Paulo e presidenciável tucano José Serra. Mas ao ler a matéria com atenção, o leitor vai se deparar com a informação de que "o processo vai demorar 12 anos, dividido em quatros exames a cada três anos". Ou seja, o pobre do professor vai levar mais de uma década para chegar aos tais R$ 7 mil. Serra deve pensar que o professorado é constituído por um bando de panacas...

PS às 12h de segunda-feira (3/08): até que a Folha de S. Paulo pegou leve na propaganda do novo programa do governador paulista – deu na primeira página, mas de forma discreta. Este blog ia sugerir manchete em seis colunas: "Serra pagará R$ 7 mil a professores de SP no ano de 2021", mas os editores certamente não iriam gostar. Mas o mais interessante de tudo é imaginar o que aconteceria se tal programa tivesse sido lançado pelo presidente Lula e direcionado ao funcionalismo federal. Será que algum colunista aventaria a hipótese de chamar a coisa pelo nome, isto é, de demagogia. Porque é óbvio que não passa pela cabeça de ninguém imaginar que o governador Serra, homem sério que é, seja capaz de uma ação deste tipo, não é mesmo?

Salário de professor pode chegar a R$ 7 mil em São Paulo

GILBERTO DIMENSTEIN
Colunista da Folha Online

O governador de São Paulo, José Serra, vai lançar na próxima terça-feira projeto para que um professor da rede estadual tenha um salário de até R$ 7 mil e um diretor, R$ 8 mil --os valores são cerca do dobro que essas categorias atingem atualmente, depois de chegar ao máximo da carreira.
Mas, para chegar lá, eles terão de submeter a vários testes, não faltar às aulas e ficar pelo menos três anos na mesma escola. Foi o jeito encontrado de reduzir a rotatividade e o absenteísmo, além de estimular a formação.
Todo o processo vai demorar 12 anos, dividido em quatros exames a cada três anos. Se aprovado, o candidato terá um aumento de 25% no salário. Mas a nota exigida será maior a cada exame, indo de 6 a 9, tornando mais difícil atingir o salário máximo.
Uma das ideias é fazer com que os professores e diretores sejam ajudados presencialmente ou em cursos a distância a realizar os exames.
Ninguém será obrigado a fazer os exames, mas, aí, terá se submeter aos aumentos regulares, baseados em tempo de serviço e diplomas --um professor com 40 horas/aulas ganha, no final da carreira, cerca de R$ 3.800 mensais.
A educação é apontada como uma das áreas mais vulneráveis da gestão do PSDB em São Paulo --a imensa maioria dos alunos sai do ensino médio sem saber ler e escrever adequadamente. Neste ano, foi lançada a obrigatoriedade para que todo professor que passe no concurso tenha de ficar pelo menos quatro meses estudando até ir para sala de aula.

Comentários

  1. Só a clássica fórmula liberal de custo -benefício ou a neo-liberal de otimizar resultados resolve ? E quem vai lecionar nas escolas sucateadas ? Os marajás de 7.000, 00 reais?
    Chão de escola é bom e não faz mal...Lecionar 12 horas,adoece ou é refresco?
    Eis um exxemplo:um colega,pós doutorado em matemática, pela Usp,só dava a primeiraaula, pois a seguinte era campeonato defutebol, estratégia adotada pela direção,para não fechar a escola na sexta-feira...

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  2. Só remunerar resolve ? , e aindauma parcela do professorado... Dá para "tocar " uma escola sem ofas e eventuais ? E as escolas sucateadas ? E o descaso familiar ? E as ´perspectivas? Lecionar 12 horas diárias , adoece ou é refresco?
    Chãode escola é bom e resolve...

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  3. Não sei até quando os jornalistas da FSP servirão de porta-vozes do PSDB?

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  4. Tinha que ser o Dimenstein...

    Impressionante como o povo de São Paulo aceita uma bobagem destas assim, sem falar nada. Fui ao mini-blog do Dimenstein na CBN e não havia um mísero comentário sobre essa patasquada. Claro que coloquei um descendo a lenha.

    Será possível que esses sudestinos continuarão a ser bobocas, otários e trouxas dos demotucanos?

    Além de eleger Dilma em 2010, temos que varrer os demotucanos para fora dos governos de São Paulo e Rio Grande do Sul, pelo menos...

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  5. É certo, e mais fácil de criticar, seus tisoureiros de plantão, que em 12 anos provávelmente a inflação acumulada chegue a 100%, o que fica mais fácil de compreender a fórmula, sem que para tanto tenhamos que demonstrar que os "governistas" sejam mais sérios, seus ingênuos!

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  6. Esse governador cretino está tentando com esse programa garantir que alguém ainda se matricule em cursos de licenciatura e que não o deixem na mão sem professores durante o mandato dele ( o que seria um problema gravíssimo pra um governador solucionar)...Coitados dos professores que terão que esperar tanto tempo por essa remuneração que, certamente sofrerá alterações à cada governo novo pois sabemos o quão medíocre é nossa política...

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  7. Valeu, Luiz! Como sempre o imprensalão vai divulgando em tom triunfal, os factóides do seu Serra e, por tabela, vai tentando engambelar a opinião pública, fazendo-a crer que o professor é nababescamente remunerado e ingrato. Hmm. Vou roubar este post.

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  8. Com esta política liberal, no futuro o preço de um pedágio de São Paulo até Santos, pagará o salário de um docente da rede estadual, todo ano aumento acima da inflação nos pedágios e nada de aumento para professores. Como aprimorar-se sem estímulo nenhum? sem falar das condições de trabalho aulos que pensam em fazer qualquer coisa menos ter responsabilidade com estudos, isto é o retrato de mais de 15 anos dos tucanos no governo paulista, basta já passou da hora de mudar.

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  9. É impressionante como nada mudou. Entra governo, sai governo e a pataquada é a mesma. essa mega oferta do governador, que atualmente dá até beijinho em criança de favela no Recreio nas Férias, é mais um meio de dividir a categoria e enfraquecê-la. Há quem goste de migalhas!!!!!!!

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  10. O problema não é o sr Governador elaborar estas e outras para o magistério,o incricrivel é saber que existem professores que acreditam e o apoia,principalmente a cúpula do magistério, que cobram dos professores as mais incriveis determinações pois sempre são beneficiados de alguma forma,não pensando em sua própria categoria,esquecendo que existe difernça entre ser e estar

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  11. Estava presente no dia 12 de Agosto de 2009, em Serra Negra num curso onde estavam reunidos em torno de 900 professores de todo Estado. Todos afoitos, sentados observando a bela paisagem de um lindo Hotel Fazenda, segundo informações, propriedade da família Covas. Os olhares atentos aguardavam, nada mais nada menos, que o Secretário da SEE. Eis que entre o barulho ensurdecedor de um helicópetero da PM desce o tão esperado. Em poucos minutos, entrava ao salão de conferências rodeado de políticos da região e acessores, aquele Sr. de terceira idade, possuidor de uma eloquência branda, serena e persuadiva. Entre tantas coisas ditas, falor sobre o projeto tão criticado e aprovado dia 20/10 - Lei 29/09.
    Em nenhum momento ouvi, um professor sequer apresentar um ideia que contrariasse.
    Terminou sua apresaentação, saiu, embarcou na aeronave e se foi. Da mesma forma que sumiu naquele céu azul se foi também uma oportunidade única de mostrarem sua indignação. Foram omissos e coniventes com a atual política educacional, inclusive EU.
    Sinto-me um marionete nas mãos do manipulador.

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