Pular para o conteúdo principal

Cadê a gripe suína que estava aqui?

Hoje, 20 de agosto de 2009, completa-se um mês da publicação da estrondosa chamada "Gripe suína deve atingir 35 milhões no país em 2 meses", que pode ser conferida abaixo, na capa Folha de S. Paulo de 19/07.



Bem, falta apenas um mês para que o vaticínio da Folha se realize. Segundo um leitor deste blog, até agora o Ministério da Saúde confirma 3.087 pacientes infectados (dados de 18/08), o que representa 0,00882% da "meta" de 35 milhões. O leitor pondera que há realmente subnotificação e propõe uma conta mais favorável à Folha. Considerando que todos os 3.087 infectados sejam casos graves e que se enquadrariam entre os que acabam morrendo da doença, é possível calcular, baseado na taxa de letalidade, o total possível de infectados (basta fazer a conta inversa, considerando assim que os 3.087 representariam os 0,19% da taxa de letalidade no país). Neste caso, seriam 1,625 milhão de brasileiros infectados, ou 4,64% da "meta" de 35 milhões a ser "alcançada" em 19 de setembro, segundo o bravo diário da Barão de Limeira. Ou seja, a gripe suína precisa pegar de jeito 33 milhões de brasileiros em um mês para a Folha estar correta. O vírus vai ter que trabalhar forte em setembro para dar conta do recado...

Este blog espera que o Ombudsman da Folha volte ao assunto no dia 19 de setembro. Sim, Carlos Eduardo Lins da Silva já repreendeu a redação pela barbeiragem. Mas precisa agora registrar que a barriga foi realmente vexaminosa.

Comentários

  1. O vexame fica ainda pior se for feita a conta apenas com o número de mortos. E fica pior ainda se for verdade o que o Diego Mainardi afirmou, que a letalidade no Brasil é a maior do mundo.

    ResponderExcluir
  2. O blog português Quintus tem posts interessantes sobre a gripe A.

    http://movv.org

    Vale a pena botar em discussão.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Um pai

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morreu vivendo. Morreu criando novas lembranças. Morreu não deixando o câncer levar a sua vontade de resistir.  Mesmo em estado grave, mesmo em tratamento oncológico, juntou todas as suas forças para assistir ao jogo do seu time Santos, na final da Libertadores, no Maracanã, ao lado do filho.  Foi aquela loucura por carinho a alguém, superando o desgaste da viagem e o suor frio dos remédios.  Na época, ele acabou criticado nas redes sociais por ter se exposto. Afinal, o que é o futebol perto da morte?  Nada, mas não era somente futebol, mas o amor ao seu adolescente Tomás, de 15 anos, cultivado pela torcida em comum. Não vibravam unicamente pelos jogadores, e sim pela amizade invencível entre eles, escreve Fabrício Carpinejar em texto publicado nas redes sociais. Linda homenagem, vale muito a leitura, continua a seguir.  Nos noventa minutos, Bruno Covas defendia o seu legado, a sua memória antes do adeus definitivo, para que s...

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

Dica da Semana: Tarso de Castro, 75k de músculos e fúria, livro

Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista  Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar. O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no perío...