A eleição de Leomar Quintanilha (PMDB-TO) para a presidência do Conselho de Ética do Senado revela que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) não está tão desarticulado como os fatos ocorridos na tarde desta quarta-feira deixavam transparecer. Quintanilha, conforme mostra a matéria reproduzida abaixo, da Agência Estado, é aliado de Renan. Ele convidou o senador Renatno Casagrande (PSB-ES) para relatar o caso do presidente do Senado. Casagrande é um pouco mais, digamos assim, crítico, mas também não é nenhum Jefferson Péres, muito menos um Eduardo Suplicy. Em outras palavras, é um senador "conversável".
O problema todo de Renan é que a estratégia de arrastar o caso não lhe favorece completamente. Prova disto é o surgimento, na noite desta quarta-feira, de novas gravações, agora envolvendo o lobista Cláudio Gontijo e Mônica Veloso. O conteúdo dos CDs entregues pelo advogado de Mônica ao senador Romeu Tuma (DEM-SP), corregedor do Senado, ainda não foi revelado, mas já se sabe que Renan se sai mal na fita. Respostas de Gontijo mostrariam que o senador não teria condições financeiras de pagar a pensão acordada com a mãe de sua filha.
Assim, se a eleição de Leomar e a possível indicação de Casagrande para a relatoria podem até ser consideradas "vitórias" de Calheiros, na soma total foi mais um dia de desgaste para o presidente do Senado. Resta saber até quando ele vai aguentar sangrar em público.
A seguir, a reportagem da Agência Estado:
Leomar Quintanilha é o novo presidente do Conselho de Ética
Leomar Quintanilha (PMDB-TO) foi escolhido nesta quarta-feira, 27, presidente do Conselho de Ética após a renúncia do senador Sibá Machado (PT-AC) na noite da última terça-feira. Em seguida, Quintanilha convidou o senador Renato Casagrande (PSB-ES) para assumir a relatoria, que pediu um tempo para dar a resposta.
O órgão analisa processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). O senador é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. O PMDB reivindicou o cargo por ser a maior bancada da Casa.
O processo envolvendo Renan é marcado por afastamento de senadores de funções importantes do órgão. O conselho ficou sem relator após a renúncia Epitácio Cafeteira (PTB-MA) - por problemas de saúde - e Wellington Salgado(PMDB-MG) - da tropa de choque de Renan ficou contrariado com os rumos do órgão, que pedia o aprofundamento das investigações. O parecer de Cafeteira, que deve ser votado, recomenda o arquivamento do caso.
Homem de confiança
Numa manobra que fora articulada com o PT, o PSDB lançou o tucano Arthur Virgílio (AM) para o cargo de presidente. O PMDB optou pelo nome de Leomar Quintanilha (TO), que é homem de confiança de Renan e até pecuarista como ele. A candidatura de Virgílio ocorreu um dia depois de Renan pedir ajuda a ele num bilhete manuscrito. Bombardeada pelo PMDB, no entanto, a candidatura do tucano perdeu peso no Conselho.
A solução Virgílio foi de interesse do PSDB. Desde o início do processo, os tucanos adotaram um comportamento moderado dentro do Conselho, enquanto o DEM passou a ser o único partido de oposição a cobrar apurações mais profundas sobre as acusações que Renan sofre de supostamente ter permitido que a construtora Mendes Júnior pagasse suas despesas pessoais.
De quebra, o movimento tucano incluía um entendimento com o PT, já que os senadores do PSDB propuseram que a relatoria do caso Renan fosse assumida pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP). O posto de relator é justamente o que mais enfrenta desgaste dentro do Conselho. Motivo: se o relator decidir absolver Renan receberá críticas por supostamente tê-lo favorecido.
O líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), disse que o PMDB não abria mão de ocupar a presidência do Conselho. Só abriria mão em favor do PT, de preferência para Mercadante. Mesmo assim, nesse caso, indicaria um novo relator, com a escolha preferencial sendo pelo senador Almeida Lima (PMDB-SE). Mercadante não topou e disse que só ocuparia um dos cargos se fosse amarrado um amplo acordo.
A sessão do conselho foi presidida pelo senador Adelmir Santana (DEM-DF). Nesta quarta-feira, Sibá alegou que renunciava à presidência por estar sofrendo pressões no encaminhamento dos trabalhos e negou "subserviência" na condução do caso.
(Com Marcelo de Moraes Christiane Samarco)
O problema todo de Renan é que a estratégia de arrastar o caso não lhe favorece completamente. Prova disto é o surgimento, na noite desta quarta-feira, de novas gravações, agora envolvendo o lobista Cláudio Gontijo e Mônica Veloso. O conteúdo dos CDs entregues pelo advogado de Mônica ao senador Romeu Tuma (DEM-SP), corregedor do Senado, ainda não foi revelado, mas já se sabe que Renan se sai mal na fita. Respostas de Gontijo mostrariam que o senador não teria condições financeiras de pagar a pensão acordada com a mãe de sua filha.
Assim, se a eleição de Leomar e a possível indicação de Casagrande para a relatoria podem até ser consideradas "vitórias" de Calheiros, na soma total foi mais um dia de desgaste para o presidente do Senado. Resta saber até quando ele vai aguentar sangrar em público.
A seguir, a reportagem da Agência Estado:
Leomar Quintanilha é o novo presidente do Conselho de Ética
Leomar Quintanilha (PMDB-TO) foi escolhido nesta quarta-feira, 27, presidente do Conselho de Ética após a renúncia do senador Sibá Machado (PT-AC) na noite da última terça-feira. Em seguida, Quintanilha convidou o senador Renato Casagrande (PSB-ES) para assumir a relatoria, que pediu um tempo para dar a resposta.
O órgão analisa processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). O senador é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. O PMDB reivindicou o cargo por ser a maior bancada da Casa.
O processo envolvendo Renan é marcado por afastamento de senadores de funções importantes do órgão. O conselho ficou sem relator após a renúncia Epitácio Cafeteira (PTB-MA) - por problemas de saúde - e Wellington Salgado(PMDB-MG) - da tropa de choque de Renan ficou contrariado com os rumos do órgão, que pedia o aprofundamento das investigações. O parecer de Cafeteira, que deve ser votado, recomenda o arquivamento do caso.
Homem de confiança
Numa manobra que fora articulada com o PT, o PSDB lançou o tucano Arthur Virgílio (AM) para o cargo de presidente. O PMDB optou pelo nome de Leomar Quintanilha (TO), que é homem de confiança de Renan e até pecuarista como ele. A candidatura de Virgílio ocorreu um dia depois de Renan pedir ajuda a ele num bilhete manuscrito. Bombardeada pelo PMDB, no entanto, a candidatura do tucano perdeu peso no Conselho.
A solução Virgílio foi de interesse do PSDB. Desde o início do processo, os tucanos adotaram um comportamento moderado dentro do Conselho, enquanto o DEM passou a ser o único partido de oposição a cobrar apurações mais profundas sobre as acusações que Renan sofre de supostamente ter permitido que a construtora Mendes Júnior pagasse suas despesas pessoais.
De quebra, o movimento tucano incluía um entendimento com o PT, já que os senadores do PSDB propuseram que a relatoria do caso Renan fosse assumida pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP). O posto de relator é justamente o que mais enfrenta desgaste dentro do Conselho. Motivo: se o relator decidir absolver Renan receberá críticas por supostamente tê-lo favorecido.
O líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), disse que o PMDB não abria mão de ocupar a presidência do Conselho. Só abriria mão em favor do PT, de preferência para Mercadante. Mesmo assim, nesse caso, indicaria um novo relator, com a escolha preferencial sendo pelo senador Almeida Lima (PMDB-SE). Mercadante não topou e disse que só ocuparia um dos cargos se fosse amarrado um amplo acordo.
A sessão do conselho foi presidida pelo senador Adelmir Santana (DEM-DF). Nesta quarta-feira, Sibá alegou que renunciava à presidência por estar sofrendo pressões no encaminhamento dos trabalhos e negou "subserviência" na condução do caso.
(Com Marcelo de Moraes Christiane Samarco)
Não gosto do senador Renan, mas essas gravações feitas à revelia, com um gravador escondido na bolsa da amante e interessada em chantagear o senador, não podem ser tomadas como evidências legais e legítimas. Servem para desgastar, é claro, mas o procedimento da Mônica foi ilegal e ilegítimo
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