Está começando a ficar realmente constrangedor o impasse criado em torno do processo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O "desconvite" ao senador Renato Casagrande (PSB-ES), que deveria assumir a relatoria do caso no Conselho de Ética, é algo que, como diria o presidente Lula, "nunca antes neste país" se viu. Não se trata apenas de uma grosseria, é o retrato de uma situação em que não há o mínimo de coordenação, antecipação dos fatos, enfim, só reflete o total descontrole do processo pelo presidente Renan Calheiros. O presidente pode até ficar no cargo – coisa que este blog duvida –, mas terá oferecido à Nação um dos mais deprimentes espetáculos de incompetência política da história do Senado.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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