Pular para o conteúdo principal

Ventos mudaram na mídia

Não é só em Brasília que se percebe as mudanças de ventos em relação ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O sempre atento leitor deste blog, jornalista Jasson de Oliveira Andrade, repara que o tratamento dispensado a Renan está mudando rapidamente: "o Estadão de hoje o trata, nas reportagens, de 'cacique'. Por que não utilizou esse tratamento antes?". De fato, cacique político das Alagoas, Renan é há muito tempo, mas não havia ocorrido aos redatores dos jornalões tal qualificativo. A coragem de certa imprensa está aumentando na proporção dos problemas nas explicações do presidente do Senado para justificar que podia, sim, pagar a pensão da sua filha com Mônica Veloso sem recorrer a empréstimos do amigo lobista...

Comentários

  1. O que não entendo é por que se diz que o senador ganhava (até o recente aumento) somente 12 mil reais mensais, quando todo mundo sabe que juntando as verbas indenizatórias, mas as despesas de gasolina, residência - não tem mais a tal verba de paletó -, correios, etc. etc., o salário mensal chega a 100 mil. Com essa renda mensal, não dá para pagar 12 mil ou 7 mil de pensão para a filha? Pra quê precisava vender bois? É a tal hipocrisia de só falar no salário propriamente dito e não nos rendimentos indiretos. Bastava economizar em passagens, etc. etc. É óbvio porém que:
    a)a Globo (e suas mídias periféricas) deseja "demitir" o presidente do Senado para mostrar ao Lula que tem força para isso, caso ele esteja pensando em insistir em regulamentar a imprensa, ou rever o tal caso da tevê digital, que leh interessa e muito, ou até mesmo fazer sucesso com sua tevê pública. Aliás por que o projeto da tevê pública do Franklin Martins ainda não foi anunciado, hein, hein?
    b) que a Globo e suas emissoras e jornais similares desejam manietar o governo Lula e impor-lhe as políticas neoliberais derrotadas em 2002 e em 2006. Ou seja, golpe, sem armas e sem sangue. Considerando inclusive que Lula optou por não bater de frente com a mídia, mas por contemporizar. Espero sinceramente que Lula reveja rapidamente a eficácia dessa opção, que a Globo está esticando ao limite.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...