Oposição sente-se perdida com alta avaliação de Lula
Christiane Samarco e Eugênia Lopes
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BRASÍLIA - Sem uma bússula precisa de atuação no Congresso, o Democratas e o PSDB encomendaram pesquisas para orientar os dois partidos e o resultado foi desalentador para a oposição. Os levantamentos mostraram que, a despeito do apagão aéreo, das denúncias de corrupção que envolvem o governo federal e o PT, e da crise na área de segurança em todo o País, a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não sofreu muito.
Na pesquisa dos tucanos, Lula é tão bem avaliado que 56% dos 3.500 consultados disseram que estão dispostos a reelegê-lo para um eventual terceiro mandato. Pior: nas duas enquetes, o PT aparece como o partido mais popular e com a melhor avaliação positiva dentre todas as legendas.
"As duas pesquisas são uma clara recomendação à união das oposições, principalmente no flanco congressual, que é onde podemos somar espaços", avalia o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).
A imagem do Legislativo é tão ruim que, indagados sobre a hipótese de fechamento do Congresso, 58% dos entrevistados no levantamento do PSDB revelaram que apoiariam a idéia.
"Não se tem uma fórmula para atuar na oposição, mas ficou claro que sair batendo no governo e no presidente Lula não resolve", conclui o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que participou da elaboração da pesquisa qualitativa ao lado do sociólogo Antonio Lavareda. "Temos que ter proposta", emenda o tucano. Mas os levantamentos também mostram que não será nada fácil para a oposição encontrar novas bandeiras que sustentem o discurso dos adversários de Lula nas próximas eleições.
Ficou claro para democratas e tucanos que os dois pontos fracos do governo Lula são a falta de segurança e a corrupção. Para os 2 mil entrevistados da pesquisa encomendada pelos democratas ao instituto GPP, o pior desempenho do atual governo está na área de segurança (44,1%) seguido da saúde (22,8%). A melhor avaliação foi dada por 33,5% dos entrevistados aos programas dirigidos à a população mais pobre.
No caso da corrupção, no entanto, a pesquisa qualitativa do PSDB mostrou que foi no atual governo que mais se combateu o problema.
"Imaginar que a corrupção seja fator de desgaste para o governo é ilusório", conclui Fruet. "A pesquisa mostra que o brasileiro está mais feliz", completa o tucano. De fato, a avaliação média nacional do governo, aferida pela pesquisa GPP, atingiu a nota 6,39, na escala de zero a dez.
Ele afirma não ter receio de uma investida do PT em favor do terceiro mandato e justifica: "Não acredito que Lula aceite romper com seu passado democrático".
Guerra insiste que a oposição não foi surpreendia pelos resultados favoráveis ao Planalto. "Lula está bem avaliado porque ganhou a eleição e porque a oposição ainda não se reestruturou da derrota e está sem foco", pondera o senador. Ele e Fruet destacam que, embora ruim, o resultado não é desesperador para a oposição. "Ao contrário", diz Fruet, "existe um espaço para a mudança apesar de a satisfação do brasileiro com o atual governo ser grande". Para consolo do tucanato, pouco mais da metade dos consultados no levantamento disse que votaria em um candidato de oposição "se ele representar melhora para o País".
Fruet vai sugerir ao PSDB que atue "para reavivar a memória do eleitorado simpatizante do partido" nos dois pontos que os entrevistados reconhecem como "obras do governo tucano": saúde e estabilidade da moeda. A bandeira dos programas sociais iniciados pelo governo Fernando Henrique Cardoso, como o bolsa escola, já foi totalmente incorporada pela administração Lula. Resta lutar, agora, para que o PT não lhes roube também a bandeira da estabilidade econômica.
A pesquisa coordenada pelo cientista político também mostrou que o PT, o PMDB e o PSDB são os únicos partidos que têm saldo positivo na avaliação do eleitorado. Os demais, inclusive o Democratas que ainda é muito pouco conhecido, têm avaliação negativa. O baixo conhecimento talvez explique o fato de o PSDB ser apontado como o maior partido que faz "a maior oposição ao governo Lula", na pesquisa do Democratas.
O PT, por sua vez, é o partido mais identificado com a defesa dos trabalhadores, dos mais pobres e, para desalento da oposição, também da classe média. Enquanto isto, PMDB e PSDB aparecem como os maiores defensores dos interesses dos ricos e das elites.
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