Nos bastidores de Brasília, ninguém mais dá como certa a absolvição, amanhã, no Conselho de Ética, do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Até sexta-feira, este sentimento era dominante entre os políticos e analistas na capital federal. Agora, há quem aposte em novo adiamento da votação e prosseguimento das investigações, em um processo que pode até mesmo terminar na condenação do presidente do Senado. Nesta altura do campeonato, Renan não pode mais renunciar para evitar o processo de cassação e perda dos direitos políticos. Se for condenado, pode ser advertido, censurado, suspenso por seis meses ou cassado. Em qualquer dessas hipóteses, Renan Calheiros não terá condições morais de continuar na presidência do Senado. Na verdade, se o relatório do senador Epitácio Cafeteira for derrubado na sessão de amanhã do Conselho de Ética – o que na prática significa o prosseguimento das investigações –, a pressão para que Renan se afaste da presidência deve ser intensificada. Tudo somado, o fato é que o vento mudou e os senadores, em que pese o respeito que têm pelo presidente do Senado, já admitem que a melhor solução seja mesmo, no mínimo, a renúncia da Presidência. O tempo passou a correr contra Calheiros e até a cassação do mandato já não pode ser descartada.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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