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Copom surpreende com corte de 1 ponto

Henrique Meirelles e companhia desta vez aprontaram para o lado do bem. O corte de um ponto percentual na Selic não era absolutamente esperado pelo mercado - a expectativa variava entre um corte de meio ponto a no máximo 0,75. O corte maior indica duas coisas: o BC vê a inflação sob controle; e a queda da atividade econômica pode ser mais grave do que o governo gostaria. De qualquer maneira, foi uma medida positiva e arrojada diante da crise econômica mundial. Agora o Brasil finalmente chega a uma taxa de juros básica de um dígito e caminha para o juro real próximo das economias emergentes. Não é nada, não é nada, boas notícias não acontecem todo dia.

Comentários

  1. Como diz o Cara: nunca na história deste país...

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  2. Luiz,
    acho que em dezembro eu escrevi no meu blog que com essa crise tinha um cidadão feliz: Henrique Meirelles.

    Sem ela, o Brasil ainda estaria com aquele cenário de crescimento de 6%, inflação na casa dos 7%, 8%, déficits em conta corrente etc.

    Tudo isso teria que ser combatido via política monetária. E já estava em andamento um aperto monetário no segundo semestre de 2008, aperto que seria radicalizado ainda mais. Sem a crise, a gente estaria discutindo hoje uma Selic na casa dos 16, 17% e o Meirelles teria que andar com vários ternos na bolsa, para ir trocando os manchados pelos tomates. Hoje ele está rindo a toa. Está sendo elogiado até pela CNI (FIESP, CUT e Força Sindical não contam, pois reclamar faz parte do estatuto).

    Tirando os efeitos da queda na demanda externa (sobre a qual não temos controle), a crise apenas radicalizou uma desaceleração que era inevitável e desejada pelo governo. Radical no sentido de forte e rápida.

    E aí temos dois pontos para colocar na balança: a desaceleração forçada veio com muito menos custos para a política fiscal e permitiu um alívio monetário inédito; ao mesmo tempo em que foi uma tragédia para os investimentos produtivos e estes têm um peso muito grande no PIB.

    A população, o consumidor, a demanda interna foi a que menos perdeu. A inflação caiu, a massa salarial se manteve em crescimento e o governo ainda aliviou impostos. Sofreu com o aumento do spread, mas este tem pouco peso nos supermercados, local onde, afinal de contas, o nosso povo fica realmente feliz.

    E quanto às previsões, siga o exemplo do Delfim hoje na Folha, perguntado por que todos erraram: "Leva à conclusão de que o mercado não sabe nada."

    A queda de 100 pontos não me surpreendeu, pois ao contrário de muitos analistas, os técnicos da minha consultoria DataCafuringa, acreditam que o Copom olha mais para o IGP, em especial para o IPA, e menos para o PIB, câmbio ou IPCA. E ambos estão em deflação no ano e estarão, daqui a três ou quatro meses, em deflação em 12 meses. E isso significa preços administrados em baixa.

    Mas seguindo a tese do tobogã, não acredito que a Selic vai se manter nesse patamar nesse patamar quando a economia voltar a se aquecer, ainda mais com a queda impressionante nos investimentos.

    A teoria do tobogã pode ser lida em:
    http://www.aleporto.com.br/blog.php?tema=6&post=1742

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  3. Bacana a análise do amigo aqui em cima. Mudando de assunto: nada na capa da Folha de hoje sobre o empréstimo do Brasil ao FMI. É que não convém, né?

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