Pular para o conteúdo principal

Diploma desnecessário: algumas opiniões

Abaixo, a opinião de alguns bons jornalistas brasileiros sobre a questão da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Paulo Henrique Amorim, Juca Kfouri, Caio Túlio Costa, Eugênio Bucci (professor de jornalismo na ECA) e Ricardo Kotscho, além de Reinaldo Azevedo, cujo texto é muito longo e pode ser lido aqui, concordam com este blogueiro - o diploma é desnecessário. PHA é o que tem a posição mais próxima ao que foi escrito pelo autor destas Entrelinhas, defende que o jovem interessado em abraçar a profissão faça uma faculdade qualquer - História, Direito, Matemática - e depois realize um curso técnico de três meses para se inteirar de alguns macetes do jornalismo. O que vai a seguir foi retirado do Blog do Paulo Henrique Amorim e dos portais da Revista Imprensa e Comunique-se. Boa leitura.

************

Saiu a Lei Áurea do jornalismo
Por Paulo Henrique Amorim
Chega de diploma! O Supremo Tribunal Federal prestou um inestimável serviço ao jornalismo e, portanto, à democracia. Acabou com a exigência do diploma para jornalistas. Um jornalista não precisa de mais do que um curso para-profissinal a de três meses para começar a exercer a profissão.
O resto ele aprende, se aprender, o resto da vida. É melhor ler os romances da maturidade de Machado de Assis do que perder quatro anos em faculdades – especialmente as particulares – que não formam jornalistas.
Mino Carta não tem diploma e é o melhor jornalista brasileiro.Mauro Santayana, outro excelente jornalista, costuma dizer que a exigência do diploma elitizou as redações.
As redações não refletiam mais a composição da sociedade brasileira: as redações se tornaram quase brancas, quase ricas e quase ignorantes …
Jornalista deveria ter um curso universitário: estudar matemática, história, filosofia, biologia – e fazer um curso profissionalizante de jornalista de, no máximo, três meses.O diploma fez os jornalistas parecidos com os donos dos jornais.
E ajudou a construir o PiG.

************

‘A necessidade do diploma era um interesse corporativista’, diz Juca Kfouri
"O jornalista esportivo Juca Kfouri declarou ao Portal IMPRENSA que não é a favor da exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão e que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) foi acertada.
O principal argumento de Kfouri é o fato dos ‘grandes nomes do jornalismo não terem o diploma’. ‘Essa é a minha opinião: curta e grossa’, completou. No entanto, ele salienta que é a favor da formação em jornalismo para agregar qualidade ao que é produzido.
Para ele, a lei que determinava formação específica para atuar como jornalista ‘foi herdada da ditadura militar’. Sublinhou também que ‘a necessidade do diploma era um interesse corporativista que não fazia mais sentido’."

************

Para Eugênio Bucci, mais importante que o diploma é ‘a manutenção e o cultivo da liberdade de imprensa’
"Eugênio Bucci, jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), comentou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que na última quarta-feira (17) decidiu pela revogação da exigência do diploma para o exercício do jornalismo.
‘A primeira coisa que eu digo é que a decisão dos STF é uma coisa julgada, não é nem próprio avaliar se é correta ou não, não cabe a mim julgá-la’, afirmou Bucci. Em entrevista ao Portal IMPRENSA, ele disse que já havia manifestado, antes da decisão do Supremo, sua impressão de que o diploma já cumpriu um papel que classificaria como ‘civilizatório’ no Brasil.
‘Embora a exigência seja uma excentricidade brasileira, já que outros países não a tem, ela ajudou a elevar os padrões da profissão no país. No entanto, nos tempos atuais, a manutenção do diploma deixou de ser prioritária para o atendimento das necessidades do cidadão relativas à informação’.
Questionado sobre o que seria prioritário, Bucci citou como exemplo a observância, a manutenção e o cultivo da liberdade de imprensa. ‘Seria prioritário no Brasil a independência das redações e a preservação de um ponto de vista livre do poder; a capacidade de informar os cidadãos e fiscalizar o poder econômico’, declarou.
Sobre o posicionamento dos veículos de comunicação, o jornalista acredita - apesar de afirmar que não pode falar em nome das empresas - que a tendência é ‘as redações contratarem os melhores. Não acredito que seja o caso de contratarem os mais baratos. A qualidade da informação tornou-se uma exigência do público, e aqueles que têm uma formação sólida terão vantagem nessa disputa’, concluiu."

************

O exercício do Jornalismo virou uma terra sem lei’, diz Ricardo Kotscho
"A necessidade de que seja aprofundada a discussão sobre algumas regras que dêem algum norte ao trabalho dos jornalistas é a principal observação feita por Ricardo Kotscho sobre o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício do Jornalismo, decidido na última quarta-feira (17), pelo Superior Tribunal Federal (STF).
Segundo ele, a tomada de uma decisão definitiva já é um fator positivo, em razão do tempo em que tal discussão se arrasta. ‘Acho ótimo que, finalmente, a Justiça tenha tomado uma decisão, ao que parece definitiva’, disse. ‘Já não aguentava mais ficar discutindo esta questão do diploma nos congressos, seminários, debates de que participo faz décadas’.
No entanto, o jornalista lembra da importância de que sejam, rapidamente, estudadas algumas regras, que serviriam para nortear os trabalhos os profissionais da área. ‘Com o fim da lei de Imprensa, que todos queriam, e da regulamentação da profissão, sem colocar nada no lugar, o exercício do jornalismo agora virou uma terra sem lei. Acho que esta discussão deveria prosseguir para que alguma regra do jogo seja estabelecida, em defesa das empresas e dos profissionais sérios e, principalmente, dos cidadãos, do conjunto da sociedade’, finalizou."

************

Em palestra, Caio Túlio Costa diz ser a favor da queda do diploma desde os anos 80

"Caio Túlio Costa declarou ser a favor do fim da exigência do diploma para exercer a profissão de jornalismo. ‘A decisão do Supremo Tribunal Federal veio coroar um trabalho que começou na década de 80’. Naquele período, Caio Túlio trabalhava na Folha de S. Paulo e já fazia manifestação para a queda do diploma. A afirmação foi feita em palestra nesta quinta-feira (18/06) promovida pela Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom).
Jornalista formado pela ECA-USP, Caio Túlio acredita que, a partir de agora, a formação possa melhorar e ser mais completa. ‘Para ser jornalista, basta ter moral e vocação. O curso universitário precisa apenas ensinar técnicas’.
Ele chamou a atenção para a dificuldade que a nova geração de jornalistas têm para interpretar textos. ‘As novas mídias, como celular, e-mail e Twitter, entre outros, tornarão a informação cada vez mais livre. Isso causará uma transformação na linguagem. O mundo está cada vez mais visual’, aposta.
Caio Túlio reforçou a importância de lidar com todas as formas de disseminação da informação para atender as necessidades de empresas cada vez mais globalizadas e se manter no mercado, que está cada vez mais exigente por qualidade final."

Comentários

  1. o o o cadê o tricolor????? cade a seleção?????? Os Bambis foram humilhados 2 vezes esse ano em pleno Morumbi. Primeiro contra os gambás e agora contra o Cruzeiro. O São Paulo foi um time medíocre. Cadê o título para vingar Rogério Ceni?

    ResponderExcluir
  2. Marcio Achilles Sardi19 de junho de 2009 às 19:52

    Posição incoerente admitir qualquer outro diploma. Caso sigamos o principal argumento da decisão, a proteção à liberdade de imprensa, então não é necessário nem diploma. Vou além. Não é necessário saber ler ou escrever pra virar jornalista.

    ResponderExcluir
  3. Tem alguma coisa errada nisto tudo.

    Me parece que ligar exigência de diploma com liberdade de imprensa é algo estranho. A liberdade de imprensa depende de outras coisas, o diploma é a garantia de formação. Por exemplo, quando um jornalista com ou sem diploma é censurado e proibido de se manifestar, é a,liberdade de imprensa que foi atacada e não o ter ou não diploma de jornalista.

    O ponto de vista de que para ser jornalista é preciso apenas "ter talento" é um argumento ridículo. Para ser articulista é necessário talento mas não necessáriamnete diploma. Jornalismo não escrever e escrever. Não entendo de onde saiu esta idéia. É uma ficção de imaginação pensar que estamos no tempo de Honore de Balzac ou de Nicolaus Gross, nesta época não havia a especificidade que a sociedade tem hoje. Temos cursos com Tecnologia da Moda, Tecnologia de Secretariado Executivo e outras pérolas. Mas, por qual rzão estes cursos está entrando na Universidade. Clao a primeira resposta é "mercado, grana". Tudo bem, é uma uma oferta da instituição privada. Mas, é necessário que a sociedade aceite que seus filhos se "formem" em Tecnologia da Moda. Para saber algo sobre moda basta saber costurar, mas para ser jornalista não basta saber escrever. Existe toda uam formação universitária e uma grade de disciplinas preparada.

    Me parece que se dejam discutir liberdade de imprensa ou corporativismo, não é necessári "acabar" com a exigência de diploma. Este não é o problema. Pensem que hoje Jornalista é "pessoa jurídica" os donos de jornal o obrigaram a ser uma empresa de venda de notícias (e não de venda de opiniões). Quanto mais se rergozijam com o fim da exigência do diploma, mas tergiversam sobre a liberdade de imprensa. SEjam corajosos e assumam que não querem falar a verdade.

    Arturo Fatturi
    Professro de Filosofia (ainda)

    ResponderExcluir
  4. O jornalismo foi golpeado de morte neste site. O editor, que se diz contra o diploma, procurou postar apenas opiniões de quem foi favorável ao golpe do STF. Fere um dos princípios básicos do jornalista, que é dar oportunidades de versões, ouvindo todos os lados de uma notícia.
    Os que escrevem, exibiram empáfia. Como o Juca Kfouri, dizendo que os principais jornalistas do país não têm formação acadêmica. Certamente muitos destes não estariam nas redações, fazendo reportagens, com verdadeira apuração. É muito fácil fazer comentários como o Juca. Aí eu concordo que não é preciuso de diploma. Aliás, sem qualquer isenção.
    Pelo menos, o site dá espaço para comentários e, neste caso, surgem os críticos contra a decisão ditatorial de Gilmar Mendes e suas ovelhinhas.

    ResponderExcluir
  5. Caro Jorge,
    Blog não é jornal, é página pessoal. Se você não entende isto, difícil então que compreenda o que é jornalismo. Leia na edição de terça-feira próxima o dossiê que o Observatório da Imprensa está preparando sobre a questão do diploma. Sou eu o responsável pela edição e você poderá ver ali o trabalho jornalístico. A maioria dos textos é contrária à decisão do STF. Blog é blog, site é site, jornal é jornal... Aqui é o espaço da minha opinião e de gente com quem eu concordo. No espaço para comentários, é claro, todos podem divergir do blogueiro, levando em consideração os termos de civilidade do debate.
    abs. LAM

    ResponderExcluir
  6. Se os medalhões falaram, não serei eu a discordar. Ave César, os que vão morrer te saúdam.

    ResponderExcluir
  7. Peço desculpas ao dono do Blog pelos erros de digitação. No próximo - que for aprovado - terei mais cuidado.

    Arturo

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue...

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...