Henrique Meirelles e companhia desta vez aprontaram para o lado do bem. O corte de um ponto percentual na Selic não era absolutamente esperado pelo mercado - a expectativa variava entre um corte de meio ponto a no máximo 0,75. O corte maior indica duas coisas: o BC vê a inflação sob controle; e a queda da atividade econômica pode ser mais grave do que o governo gostaria. De qualquer maneira, foi uma medida positiva e arrojada diante da crise econômica mundial. Agora o Brasil finalmente chega a uma taxa de juros básica de um dígito e caminha para o juro real próximo das economias emergentes. Não é nada, não é nada, boas notícias não acontecem todo dia.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
Como diz o Cara: nunca na história deste país...
ResponderExcluirLuiz,
ResponderExcluiracho que em dezembro eu escrevi no meu blog que com essa crise tinha um cidadão feliz: Henrique Meirelles.
Sem ela, o Brasil ainda estaria com aquele cenário de crescimento de 6%, inflação na casa dos 7%, 8%, déficits em conta corrente etc.
Tudo isso teria que ser combatido via política monetária. E já estava em andamento um aperto monetário no segundo semestre de 2008, aperto que seria radicalizado ainda mais. Sem a crise, a gente estaria discutindo hoje uma Selic na casa dos 16, 17% e o Meirelles teria que andar com vários ternos na bolsa, para ir trocando os manchados pelos tomates. Hoje ele está rindo a toa. Está sendo elogiado até pela CNI (FIESP, CUT e Força Sindical não contam, pois reclamar faz parte do estatuto).
Tirando os efeitos da queda na demanda externa (sobre a qual não temos controle), a crise apenas radicalizou uma desaceleração que era inevitável e desejada pelo governo. Radical no sentido de forte e rápida.
E aí temos dois pontos para colocar na balança: a desaceleração forçada veio com muito menos custos para a política fiscal e permitiu um alívio monetário inédito; ao mesmo tempo em que foi uma tragédia para os investimentos produtivos e estes têm um peso muito grande no PIB.
A população, o consumidor, a demanda interna foi a que menos perdeu. A inflação caiu, a massa salarial se manteve em crescimento e o governo ainda aliviou impostos. Sofreu com o aumento do spread, mas este tem pouco peso nos supermercados, local onde, afinal de contas, o nosso povo fica realmente feliz.
E quanto às previsões, siga o exemplo do Delfim hoje na Folha, perguntado por que todos erraram: "Leva à conclusão de que o mercado não sabe nada."
A queda de 100 pontos não me surpreendeu, pois ao contrário de muitos analistas, os técnicos da minha consultoria DataCafuringa, acreditam que o Copom olha mais para o IGP, em especial para o IPA, e menos para o PIB, câmbio ou IPCA. E ambos estão em deflação no ano e estarão, daqui a três ou quatro meses, em deflação em 12 meses. E isso significa preços administrados em baixa.
Mas seguindo a tese do tobogã, não acredito que a Selic vai se manter nesse patamar nesse patamar quando a economia voltar a se aquecer, ainda mais com a queda impressionante nos investimentos.
A teoria do tobogã pode ser lida em:
http://www.aleporto.com.br/blog.php?tema=6&post=1742
Bacana a análise do amigo aqui em cima. Mudando de assunto: nada na capa da Folha de hoje sobre o empréstimo do Brasil ao FMI. É que não convém, né?
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