No blog do jornalista Josias de Souza, da Folha de S. Paulo, uma boa reprodução de uma história que acabou sendo objeto de reportagem do Fantástico sobre um esquema de caixa 2 da campanha do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB-PR). As denúncias podem acabar abalando a altíssima popularidade do prefeito, que, como bem anota Josias, seria hoje o favorito para a sucessão de Roberto Requião (PMDB) no governo do Paraná. Com Richa encrencado, quem ganha é o senador Álvaro Dias, outro tucano que deseja suceder Requião. Este blog não ficaria nem um pouco espantado se a fonte da denúncia fosse gente ligada ao senador. Tucanos, como se sabe, são bichos que raramente se bicam. Brigam mais entre eles do que com as demais espécies...
Vídeo levanta suspeitas de 'caixa dois' de Beto Richa
O malfeito foi registrado em vídeo. Exibe a distribuição de dinheiro a 23 pessoas num comitê que participou da campanha de Richa, em 2008
A verba não consta da prestação de contas que a tesouraria do PSDB levou à Justiça Eleitoral. Daí a suspeita de caixa dois.
O conteúdo do vídeo foi às páginas do "Gazeta do Povo", um dos principais jornais do Paraná.
A divulgação das imagens forçou o prefeito tucano a demitir três pessoas.
São elas: Manassés Oliveira, secretário de Assuntos Metropolitanos; Raul D’Araújo Santos, superintendente da mesma secretaria; e Alexandre Gardolinski, assessor da secretaria de Emprego e Trabalho.
Vai abaixo um relato do episódio que eletrifica o cenário político paranaense:
1. No centro da encrenta está um partido nanico, o PRTB. Em Curitiba, a legenda era afinada com Beto Richa;
2. Porém, a direção nacional do PRTB decidiu se coligar com outro candidato: Fábio Camargo. Concorreu à prefeitura pelo PTB;
3. Acertado com o tucano Beto Richa, um pedaço do PRTB de Curitiba divergiu do apoio formal dado ao petebista Fábio Camargo;
4. Richa era prefeito. Disputava a reeleição. O PRTB local já participava de sua gestão. Controlava, por exemplo, a secretaria de Trabalho e Emprego;
5. Manassés Oliveira, o filiado do PRTB que Richa nomeara para o comando da secretaria de Trabalho, licenciara-se do cargo para candidatar-se a vereador;
6. Para surpresa generalizada, Manassés e outros 27 candidatos a vereador decidiram desistir de suas candidaturas;
7. Rejeitaram a coligação com o PTB de Fábio Camargo, desfiliaram-se do PRTB e mantiveram o apoio a Beto Richa;
8. Os dissidentes do PRTB inauguraram um núcleo da campanha tucana de Richa. Chamava-se “Comitê Lealdade”;
9. Funcionava numa casa do bairro curitibano do Ahú. O próprio Beto Richa participou da inauguração;
10 Richa confiou a coordenação do comitê a Alexandre Gardolinski, um dos dissidentes do PRTB;
11. Descobre-se agora, nove meses depois da reeleição de Richa, que a “lealdade” dos dissidentes pode não ter sido motivada apenas por afinidade política;
12. Veio à tona um vídeo de conteúdo devastador. Exibe a distribuição de dinheiro vivo à turma que debandou do PRTB;
13. O rateio ocorreu numa sala do “Comitê Lealdade”. A gravação foi feita pelo “coordenador” Alexandre Gardolinski;
14. Nas imagens, 23 ex-candidatos a vereador, aqueles que se desligaram do PRTB para apoiar Richa, aparecem recebendo dinheiro;
15. Entre os personagens pilhados estavam o pagador Gardolinski, o secretário Manassés Oliveira (recebe em nome dele e de terceiros) e o superintendente Raul D’Araújo Santos;
16. Na última quinta (18), quando soube que o vídeo chegara às mãos de jornalistas, Beto Richa demitiu os três da prefeitura;
17. No total, nove dos dissidentes do PRTB ganharam cargos na prefeitura de Richa em janeiro de 2009. Entre eles Gardolinski, Manassés e D’Araújo Santos;
18. Ouvido, Alexandre Gardolinski, o coordenador que distribuiu o dinheiro e fez a filmagem, disse que o dinheiro serviu para custear “eventos” de campanha.
19. Eventos de quem? Segundo Gardolinski, eventos de “todos os partidos que tinham afinidade com o prefeito” Richa. Citou PSDB, PDT, DEM e PR;
20. Gardolinski reconhece que as verbas não foram declaradas à Justiça Eleitoral. De onde veio a grana? Diz que foi doada por “amigos”;
21. Pode citar os nomes dos “amigos”? E Gardolinski: “Não, não posso. Seria indelicado com eles. Não seria elegante da minha parte”;
22. Manassés Oliveira, o secretário de Trabalho demitido por Beto Richa disse: “Esse dinheiro, o Alexandre Gardolinski passou para nós...”
“...E tinha autorização para cada ex-candidato gastar até R$ 800. Não sei quem autorizou. Não sei de onde vinha o dinheiro nem se foi declarado...” e “...O Gardolinski é que vai ter que explicar a origem do dinheiro”.
23. Em nota, Beto Richa manifestou-se assim: “Ao tomar conhecimento das imagens, determinei imediatamente o afastamento dos envolvidos...” e “...Esse tipo de atitude não tem nada a ver com o nosso jeito democrático e transparente de fazer política...” e ainda “...Não vamos permitir que esse fato, que aconteceu num comitê independente que apoiava nossa candidatura à reeleição, seja explorado contra nossa administração, aprovada pela grande maioria dos cidadãos curitibanos”.
O tucano Beto Richa é visto como candidato favorito ao governo do Paraná, em 2010.
A campanha nem começou e já tem um contencioso a elucidar.
Atualização feita às 23h33: Na noite deste domingo (21), o “Fantástico” veiculou trechos do vídeo comprometedor de Curitiba. Assista à reportagem.
Vídeo levanta suspeitas de 'caixa dois' de Beto Richa
O malfeito foi registrado em vídeo. Exibe a distribuição de dinheiro a 23 pessoas num comitê que participou da campanha de Richa, em 2008
A verba não consta da prestação de contas que a tesouraria do PSDB levou à Justiça Eleitoral. Daí a suspeita de caixa dois.
O conteúdo do vídeo foi às páginas do "Gazeta do Povo", um dos principais jornais do Paraná.
A divulgação das imagens forçou o prefeito tucano a demitir três pessoas.
São elas: Manassés Oliveira, secretário de Assuntos Metropolitanos; Raul D’Araújo Santos, superintendente da mesma secretaria; e Alexandre Gardolinski, assessor da secretaria de Emprego e Trabalho.
Vai abaixo um relato do episódio que eletrifica o cenário político paranaense:
1. No centro da encrenta está um partido nanico, o PRTB. Em Curitiba, a legenda era afinada com Beto Richa;
2. Porém, a direção nacional do PRTB decidiu se coligar com outro candidato: Fábio Camargo. Concorreu à prefeitura pelo PTB;
3. Acertado com o tucano Beto Richa, um pedaço do PRTB de Curitiba divergiu do apoio formal dado ao petebista Fábio Camargo;
4. Richa era prefeito. Disputava a reeleição. O PRTB local já participava de sua gestão. Controlava, por exemplo, a secretaria de Trabalho e Emprego;
5. Manassés Oliveira, o filiado do PRTB que Richa nomeara para o comando da secretaria de Trabalho, licenciara-se do cargo para candidatar-se a vereador;
6. Para surpresa generalizada, Manassés e outros 27 candidatos a vereador decidiram desistir de suas candidaturas;
7. Rejeitaram a coligação com o PTB de Fábio Camargo, desfiliaram-se do PRTB e mantiveram o apoio a Beto Richa;
8. Os dissidentes do PRTB inauguraram um núcleo da campanha tucana de Richa. Chamava-se “Comitê Lealdade”;
9. Funcionava numa casa do bairro curitibano do Ahú. O próprio Beto Richa participou da inauguração;
10 Richa confiou a coordenação do comitê a Alexandre Gardolinski, um dos dissidentes do PRTB;
11. Descobre-se agora, nove meses depois da reeleição de Richa, que a “lealdade” dos dissidentes pode não ter sido motivada apenas por afinidade política;
12. Veio à tona um vídeo de conteúdo devastador. Exibe a distribuição de dinheiro vivo à turma que debandou do PRTB;
13. O rateio ocorreu numa sala do “Comitê Lealdade”. A gravação foi feita pelo “coordenador” Alexandre Gardolinski;
14. Nas imagens, 23 ex-candidatos a vereador, aqueles que se desligaram do PRTB para apoiar Richa, aparecem recebendo dinheiro;
15. Entre os personagens pilhados estavam o pagador Gardolinski, o secretário Manassés Oliveira (recebe em nome dele e de terceiros) e o superintendente Raul D’Araújo Santos;
16. Na última quinta (18), quando soube que o vídeo chegara às mãos de jornalistas, Beto Richa demitiu os três da prefeitura;
17. No total, nove dos dissidentes do PRTB ganharam cargos na prefeitura de Richa em janeiro de 2009. Entre eles Gardolinski, Manassés e D’Araújo Santos;
18. Ouvido, Alexandre Gardolinski, o coordenador que distribuiu o dinheiro e fez a filmagem, disse que o dinheiro serviu para custear “eventos” de campanha.
19. Eventos de quem? Segundo Gardolinski, eventos de “todos os partidos que tinham afinidade com o prefeito” Richa. Citou PSDB, PDT, DEM e PR;
20. Gardolinski reconhece que as verbas não foram declaradas à Justiça Eleitoral. De onde veio a grana? Diz que foi doada por “amigos”;
21. Pode citar os nomes dos “amigos”? E Gardolinski: “Não, não posso. Seria indelicado com eles. Não seria elegante da minha parte”;
22. Manassés Oliveira, o secretário de Trabalho demitido por Beto Richa disse: “Esse dinheiro, o Alexandre Gardolinski passou para nós...”
“...E tinha autorização para cada ex-candidato gastar até R$ 800. Não sei quem autorizou. Não sei de onde vinha o dinheiro nem se foi declarado...” e “...O Gardolinski é que vai ter que explicar a origem do dinheiro”.
23. Em nota, Beto Richa manifestou-se assim: “Ao tomar conhecimento das imagens, determinei imediatamente o afastamento dos envolvidos...” e “...Esse tipo de atitude não tem nada a ver com o nosso jeito democrático e transparente de fazer política...” e ainda “...Não vamos permitir que esse fato, que aconteceu num comitê independente que apoiava nossa candidatura à reeleição, seja explorado contra nossa administração, aprovada pela grande maioria dos cidadãos curitibanos”.
O tucano Beto Richa é visto como candidato favorito ao governo do Paraná, em 2010.
A campanha nem começou e já tem um contencioso a elucidar.
Atualização feita às 23h33: Na noite deste domingo (21), o “Fantástico” veiculou trechos do vídeo comprometedor de Curitiba. Assista à reportagem.
Tudo gente fina! O critério de escolha de cargos no governo Richa é puramente "técnico", como pode-se notar nesse episódio, que deverá ser devidamente abafado pela imprensa. O Álvaro Dias vem de 3 derrotas para o governo estadual e deve estar tentando traçar alguma estratégia para não perder mais esta. A começar pela sua escolha como candidato tucano, o que parecia impossível até então. O Fruet, identificado como pertencente ao grupo ético na Câmara Federal (e g. se posiciona muito bem nesse quesito) entrou de cabeça na campanha do Richa. Poderia emitir alguma opinião também neste triste episódio da política paranaense. Em tempo: existe algo de mais decadente do que fazer esquema político, caixa2, distribuição de cargos, seja lá o que for, com um partido como o PRTB?
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