Muitos portais estão dando destaque para a frase do presidente Lula de que só disputará a eleição de 2014 se a oposição vencer a de 2010. Bem, é uma coisa até óbvia nas atuais circunstâncias, porque se Dilma vencer, teria direito à reeleição e não faria sentido para Lula concorrer outra vez. Bem, a x da questão é saber se as regras serão mesmo essas. Pelo andar da carruagem, a reeleição morre na próxima legislatura. E aí, com Dilma impedida, quem seria o candidato petista à presidência? Claro que Lula sabe disto, não nasceu ontem. O jornalista que o entrevistou, porém, não sabe ou não quis saber. Poderia ter perguntado sobre esta hipótese.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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